PM que baleou motociclista pelas costas diz que se enganou

O PM responsável, Claiton Marciano dos Santos, de 45 anos, foi preso em flagrante por homicídio doloso, quando há intenção de matar. A primeira versão do cabo era que tinha atirado em legítima defesa, mas o vídeo mostra que a vítima estava descendo da moto quando levou o tiro. Claiton estava há 24 anos na corporação.

Em novo depoimento o PM disse que atirou porque ouviu um estampido e ficou com medo, durante uma tentativa de abordagem. O cabo ainda disse em seu depoimento que não teve a intenção de balear Nadson, “apenas de parar a motocicleta”.

O motociclista foi identificado como Nadson Igor Rodrigues de Miranda, de 23. Ele morreu no hospital Tide Setubal, para onde foi levado pelos policiais.

Nadson era suspeito de ter roubado a motocicleta que pilotava, o que foi posteriormente confirmado pela Secretaria de Segurança Pública, que fez a identificação com a pessoa assaltada. No local em que Nadson morreu, não foram aprendidas armas de fogo.

O crime será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil. No depoimento, Claiton afirma que ouviu um estampido e que, por esse motivo, atirou em Nadson enquanto ele ainda estava na moto.

O ouvidor da Polícia do estado de São Paulo, o advogado Elizeu Soares Lopes, criticou o aumento da violência policial na região durante a pandemia do novo coronavírus e afirmou que o índice “não tem justificativa”.

“Nós não estamos em guerra. São números assustadores [de violência policial], nós estamos em uma situação de confinamento, onde a grande maioria das pessoas, estão em casa, isoladas, com medo do coronavírus, que, esse, sim é nosso principal inimigo hoje. Então, não tem justificativa para esses aumentos significativos da violência”, afirmou em entrevista à GloboNews no domingo 26.

À emissora, Lopes declarou que a Ouvidoria vai instaurar um procedimento para acompanhar investigações sobre o caso do PM que matou o motociclista. Segundo ele, o combate à criminalidade por parte da Polícia deve ocorrer “dentro da lei”, sob pena de cometer outro crime.

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As críticas do ouvidor ocorrem em meio a um debate sobre a possível extinção da Ouvidoria das Polícias de São Paulo. A discussão emergiu nas últimas semanas, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), por conta de um projeto que defende o fim do órgão.

O governador João Doria (PSDB) já avisou que não apoia o texto que tramita no Parlamento.

Criada em 1995, a Ouvidoria é um órgão da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, que tem como função ouvir, encaminhar e acompanhar denúncias, reclamações, sugestões e elogios feitos pela população sobre a atuação policial.

As pessoas podem procurar a Ouvidoria sempre que a polícia não for eficiente, ou se tiverem conhecimento de atos ilegais, como crimes e abusos, cometidos por policiais.

Os parlamentares que defendem o fim da Ouvidoria argumentam que a proposta tem o objetivo de “dar continuidade à política de redução de gastos públicos”. Também afirmam que querem “corrigir um injustiça imposta unicamente em desfavor dos policiais do estado”.

Nas redes sociais, o autor do projeto afirmou que a Ouvidoria das Polícias é um “órgão totalmente politizado, que só traz prejuízo para a segurança da nossa população”.

D’Avila já provocou polêmica por ter pedido uma sessão de homenagem ao ditador chileno Augusto Pinochet. Também assinam a proposta outros 17 deputados estaduais. Entre eles, estão Gil Diniz e Douglas Garcia, que recentemente foram expulsos do PSL por manifestações antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo dados da SSP, divulgados na sexta-feira 24, a Polícia Civil e a Polícia Militar mataram, juntas, 514 pessoas em situações como folga ou no próprio serviço, em supostos tiroteios, entre janeiro e junho deste ano. O patamar foi recorde no semestre, se comparado aos índices anteriores desde o início da série histórica, em 2001.

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