O jornalismo e a literatura mato-grossenses estão de luto. Rodivaldo Ribeiro, 45 anos, morreu na quinta-feira de um ataque ao centro (30 anos), um profissional experiente que trabalhava em vários carros de comunicação na capital. Mas isso não se limitava a esse universo, através da música e também da literatura. Vale lembrar que o lançamento de seu primeiro livro solo foi relatado através do Caderno Vida em 2018.
“É por causa da intensidade que experimentei, tem sido minha marca, tem sido em qualquer forma de arte que eu fiz, teatro, música e literatura.” A oração, entregue no momento da liberação da obra, resume o espírito inquieto de Rodivaldo. A mesma coisa o levou a substituir empregos várias vezes, seja por diferenças de opinião e posturas, ou pela preferência de ver algo novo, diferente.
Sua última tarefa foi em Diio de Cuiabá, onde trabalhou no passado como editor de cultura entre 2013 e 2015. Quando saiu do jornal, concentrou-se no site do Manifesto do Ruído, especialmente comprometido com a literatura, mas não se limitando a isso. Um espaço democrático, onde nos comunicamos sobre obras clássicas e autores, best-sellers e também independentes, por isso Rodivaldo demonstrou uma simpatia específica.
Até porque era seu ambiente literário. Ele revelou que antes de lançar seu primeiro livro solo, Essa Armadilha, O Corpo, da editora portuguesa Chiado, lutou em busca da área e até tentou publicar através de uma competição, sem sucesso. “Ter uma carreira literária tem sido tudo o que esteve no meu horizonte de conquistas”, confessou, em clima de alegria para realizar o sonho.
No livro, embora seja uma ficção, é simples entender um fardo autobiográfico. Em todos os 22 textos, os personagens lidam com um estilo de vida que acaba por não ter posição neste mundo. “Todos os personagens estão errados neste mundo como ele é. O global como um conceito, como uma ideia, eles adoram. Como prática, o cotidiano, pagar as despesas e submeter-se aos desejos dos outros, ou apresentar outros à sua vontade, odeiam isso”, disse.
Quase todos estavam procurando por seu lugar, exceto por um eremita que tinha que se isolar da sociedade. Assim como Rodivaldo. “Eu não acho que eu localizo [este lugar], eu tenho 43 anos agora. As ansiedades que me assombravam quando eu tinha 16 anos persistem, a angústia não diminuiu como eu pensava”, lamentou.
Impacto
Além de ter um efeito intenso nos meios jornalísticos e literários, a morte de Rodivaldo foi lamentada por diversas autoridades. “Hoje estamos sofrendo uma perda na caixa de comunicação. Que Deus concorde com os corações do círculo de familiares e amigos”, disse Mauro Carvalho, secretário-líder da Casa Civil de Mato Grosso.
“A comunicação de Mato Grosso se despede de um de seus maravilhosos representantes. Rodivaldo contribuiu maravilhosamente para o debate independente sobre a política local. É uma desgraça que ele nos deixou tão cedo. Nossas sinceras emoções com amigos e familiares”, disse o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. .
O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) emitiu uma nota destacando sua trajetória e importância, concluindo: “Rodivaldo não é um número. E uma nota não reflete sua alegria, sua perspectiva, sua humanidade, sua super agitação. Mas o recorde é valorizá-lo. Está valorizando a memória. Rodivaldo vive!
O enterro de Rodivaldo acontecerá neste sábado (1) pela manhã, das 6h às 10h, na Funerária Dom Bosco. A armação aguarda uma autópsia no IML. Ele morreu na manhã de quinta-feira (3) de parada cardíaca.
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