Esta espécie é local na mata atlântica e chegou ao ES fugindo da destruição do fechado e dos campos através do agronegócio no componente centro-sul do país. Foto: Divulgação / Martin Harvey / WWF
‘Bombando’ nas redes sociais porque o animal selecionado para imprimir o bilhete inédito de US$ 200, a juba-lobo não é local da ES, mas já mora na terra de Esperito Santo. E a presença do animal aqui é resultado da degradação ambiental de seu habitat, o fechado brasileiro, além da ameaça de causar um desequilíbrio na mata atlântica porque não é local desse bioma.
Em texto publicado em seu site, o Instituto Nacional do Meio Ambiente (Iema) afirma que o animal foi visto pela primeira vez no ES em 2003, no município de Afonso Clonyo. Na publicação, o biólogo Helimar Rabello afirma que é concebível que a espécie tenha migrado de Minas Gerais, onde a savana reina e o desmatamento desse ambiente continua a dar lugar à criação de animais de fazenda e ao status quo das culturas gigantes do agronegócio nacional.
Então, segundo o biólogo, o lobo começou a migrar em busca de comida e refúgio nos fragmentos da mata atlântica, onde é uma espécie invasora.
“Aparentemente, devido ao desmatamento do fechado, ele chegou a Esperito Santo, Minas Gerais, entrando na região da Capara, estendendo o território para outros municípios do sul do estado. É um animal que expande seu território, pois tem sido alvo constante dos fabricantes rurais e tem notado que seu território foi invadido pelo agronegócio. Portanto, é abandonar seu entorno, o fechado, o pampa e os campos do sul para habitar outros ambientes”, explica Helimar na publicação.
Segundo o biólogo, o lobo-guará que atingiu a mata atlântica também poderia vir do sul do Brasil, onde vive o bioma dos campos do sul e dos pampas. De qualquer forma, provavelmente entrou no território de Esperito Santo através da fronteira com Minas Gerais.
Helimar acrescenta que já houve avistamentos na região da Capara, bem como nos municípios de Cachoeiro do Itapemirim, Itapemirim e Presidente Kennedy, em ambientes desmatados. É concebível que o lobo traduza esses campos fechados e de ervas, que são os biomas de origem da espécie.
Entre os municípios onde foi anotado no ES, o mais próximo da Serra é o Afonso Clonyo, a cerca de 140 km de distância.
O animal é competitivo e ameaçado de extinção.
Na publicação do Iema, o biólogo explica que, diferente do que muitas pessoas possam imaginar, o lobo-guará não é agressivo com humanos. Pelo contrário, é tímido e arredio. Também não anda em matilhas, no máximo em casal. Helimar lembra ainda que as aparições no Espírito Santo, acabaram gerando a lenda de que havia um lobisomem rondando a região.
O biólogo explica que esse conto possivelmente teria surgido porque, além de seu comprimento, o animal pode medir 1,20 m de duração e 1,30 m de altura, o lobo-guará fica em suas duas patas traseiras para se alimentar do fruto das árvores. Helimar mostra que o lobo é onívoro, ou seja, além da culminação, como pequenos roedores e pássaros. E é uma semente gigante espalhada, que ajuda o reflorestamento.
Por conta da destruição de seu habitat original, atropelamentos e perseguição de fazendeiros que o consideram inimigo, o lobo-guará é espécie considerada vulnerável na lista de animais ameaçados de extinção.
Para Helimar, o fato do Governo Federal ter escolhido a espécie para estampar a nova nota de R$ 200 pode ajudar a criar uma empatia com o animal e isso contribuir para a proteção do lobo-guará.