SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vice-presidente Hamilton Mourão aprovou o rito do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e publicou, por meio das redes sociais, conhecimento sobre o desmatamento da Amazônia do Instituto que só será divulgado nesta sexta-feira (7).
Em um tweet, Mouro mostrou conhecimento do desmatamento para a plataforma de julho do Inpe, que ainda não foi alcançada através do instituto. O suposto conhecimento foi utilizado pelo vice-presidente para afirmar que a Operação Verde Brasil 2 é eficaz na redução do desmatamento na Amazônia; as taxas de desmatamento, na verdade, mostram o contrário.
O Inpe segue um rito rigoroso relacionado aos dados, torna-o público e não o avança de outra forma.
Questionado pela reportagem, o Inpe disse que atualizaria seu portal público semanalmente e que órgãos fiscalizadores como o Ibama e administradores tinham acesso ao conhecimento “para planejamento, execução e monitoramento das ações governamentais”.
O uso do conhecimento do vice-presidente para afirmar que a Operação Verde Brasil 2 foi um sucesso não revela a verdade da destruição das florestas, que se apresentará em outro ano de expansão, sobreposta à década de perda florestal em 2019.
A operação das forças armadas começou no início de maio. Maio e junho foram o recorde de desmatamento na história recente do Deter. Em junho, em junho, o Inpe registrou mais de 1.000 km2 de desmatamento, o que se repetirá em julho, caso o conhecimento publicado por Mouro seja confirmado.
A presença do exército também não se reflete nos dados da chaminé. Em julho, houve um aumento de 28% nas chaminés em relação ao mesmo mês de 2019.
A declaração de que houve uma minimização do desmatamento na Amazônia vem em meio à crise no desenvolvimento da reputação ambiental do país no exterior. O governo (sem partido) de Jair Bolsonaro tem enfrentado pressões de setores econômicos estrangeiros para demonstrar seu compromisso com as questões ambientais.
No mesmo dia do tuíte de Mouro, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, fotografa uma operação de fiscalização contra a mineração ilegal nas terras indígenas de Munduruku, Paro. O ministro visitou a região para acompanhar a ação na quarta-feira, que pelo menos conhecia entre os mineiros locais desde domingo.
Em 2019, a ampliação do conhecimento sobre desmatamento levou à demissão de Ricardo Galvao, então diretor do Inpe.
Na época, Bolsonaro reclamou que tais dados haviam sido transmitidos à imprensa e que tinha chegado a ele com antecedência.
O relatório tentou tocar o vice-presidente desde quarta à noite e não obteve resposta.