Pesquisadores internacionais e ‘caçadores’ de meteoritos em Pernambuco

Pesquisadora do Museu Nacional ensina moradores de Santa Filomena a procurar meteoritos

Primeiro, uma chuva de meteoros caiu sobre Santa Filomena (PE) no dia 19 de agosto. Hoje, a pequena cidade na floresta abriga pesquisadores e “caçadores de meteoritos” do Brasil e de outros países.

Com os habitantes, eles procuram o chão e matam pelas pedras. O único hostel da cidade, que funciona próximo a um posto de gasolina, possui um “shopping center”, onde os maiores meteoritos podem valer mais de R $ 100 mil.

Os primeiros cientistas a chegarem a Santa Filomena, a 719 quilômetros de Recife, foram 4 pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chefiados pela curadora do setor de meteoritos do Museu Nacional da UFRJ, Maria Elizabeth Zucolotto.

“Chegamos um dia após a chuva de meteoros e não havia lugar para ficar no abrigo da cidade. Ficamos com um morador ”, conta Zucolotto. A ênfase é colocada na descoberta de pedras com mais de 4,6 bilhões de anos, formadas antes dos estilos de vida do planeta Terra.

Vizinhos se assustam com o som de pedras caindo do céu em Santa Filomena

Na pousada encontram-se “caçadores” estrangeiros com objetivos pessoais. Os cientistas brasileiros são as pedras dos estudos e dos museus. Os estudiosos locais também buscam manter pelo menos parte do preço clínico e turístico da chuva de meteoros na cidade.

Embora saiam todos os dias às 6h da manhã, armados com foice e facão para buscar a terra, as cariocas ainda não localizaram uma pedra.

“Procuramos comprar dos moradores, mas eles não precisam negociar porque somos mulheres”, diz Zucolotto.

Além de pedras para pesquisas clínicas, o curador pretende trazer algumas para a coleção de meteoritos do Museu Nacional, uma das máximas vitais do Brasil, mas que sofreu ferimentos após a grande chaminé que destruiu o local em 2018.

Até agora, o grupo, que se autodenomina “o meteorito”, tem controlado ganhar uma “minúscula” de 14 gramas por R $ 300.

Um segundo, de 2,8 kg, é negociado com um caçador de meteoritos americano por R $ 18 mil. Em caso de compra, o meteorito será transportado para o Museu Nacional.

O meteorito máximo cobiçado pesa cerca de 40 kg. Devido ao seu preço estimado de pelo menos US $ 120.000, o usuário que descobriu que não se identificou com a aldeia e não informou a localização do objeto.

De acordo com os recursos ouvidos pela reportagem, a pedra está sob proteção policial. O G1 não conseguiu tocar na assinatura para verificar a informação.

Em torno da igreja

O estudante de negócios Edimar da Costa Rodrigues, 20 anos, em sua casa quando viu o céu cheio de fumaça e o WhatsApp inundado de mensagens dizendo que havia chovido pedras.

Ele saiu para a rua e descobriu uma pedra de 7cm e 164 gramas no meio da frente da Matriz Igreja, precisamente no centro da cidade.

É perto de onde a cobiçada pedra de 2,8 kg caiu durante o “tempo”. O fato de os fragmentos tidos como os maiores que caíram ao redor da igreja deixou a população ainda mais espantada. O “milagre” ficou maior quando viram seu valor.

“O valor é de R $ 40 compatível com a grama”, disse Edimar, que não quis revelar a cobrança da venda. Emite um viés altista: há poucos dias, o grama recebia parte do valor. Edimar vendeu sua pedra para um “caçador”, também americano.

Localizada no sertão nordestino, Santa Filomena possui 14.172 habitantes, segundo o IBGE. Mais cerca de 3.000 pessoas moram no centro, mas a maioria delas está no campo, onde predominam as plantações de feijão e mandioca.

“O povo aqui é 90% agricultor. Eles têm pouco comércio, nada que gere muitos empregos. São pessoas muito humildes, de baixa renda. A maioria das pessoas acha muito bom. Sei que essas pedras possivelmente valem muito mais, mas outras pessoas querem renda ”, diz Edimar.

‘O dinheiro caiu do céu’

Se as pedras gigantes que caíram perto da igreja eram incríveis, os 38,2 kg até tinham sua própria cerimônia. “Na sexta-feira (28), um representante do proprietário levou a pedra até o posto de atendimento onde estamos na indústria para exibi-la ao público”, explica Zucolotto.

Na época, de acordo com o caçador americano que está negociando com o Museu Nacional (ele não precisava se identificar), outras pessoas fizeram doações para comprar a pedra. O americano deles.

“Eu sei o que aconteceu no Museu Nacional, sobre o incêndio, e claro que preferiria que o meteorito ficasse no Brasil, mas se o Museu não tiver dinheiro para comprar, eu compro”, disse o caçador americano. , que já havia comprado 10 meteoritos. até sábado (29).

Ele revelou o preço apresentado pela preocupação de atrair “criminosos”.

“Eu só posso dizer que é um monte de dinheiro. O problema é que os locais precisam de um preço muito alto para as pedras. É um bairro muito pobre, onde o dinheiro caiu do céu. Ele é muito inteligente para a cidade”, disse ele. Americano disse.

Valor científico

“Este meteorito é do tipo condrito. É um dos primeiros minerais a se formar no sistema solar, antes da Terra. É como se fosse um ‘vestígio de construção’ da Terra. Isso pode nos dizer um pouco mais sobre a pré-história de essa escola ”, explica Gabriel Gonçalves Silva, pesquisador do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).

A importância de ler essas pedras está no passado remoto, mas também no futuro: elas nos permitem perceber melhor quando e como as próximas apareceriam.

“Além disso, a sua leitura fornece dados sobre a dinâmica dos meteoros: quando caem na Terra, as probabilidades de novos impactos, a dinâmica das quedas, que influencia a queda”, acrescenta Silva.

Uma paz para a cidade

Além de ter um valor inestimável para a ciência, essa pedra, segundo o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Antônio Carlos Miranda, tem um valor de mercado superior.

“O meteorito é raro, é uma joia, um diamante da ciência. É dinheiro”, diz Miranda.

“Para mim, o meteorito é como um armazém. Seu dono é dono da terra. Do ponto de vista moral, eu não sei a coisa legal, eu não faria isso, daria dinheiro [para aqueles que descobriram o meteorito.” ] e ganhar “, diz o professor.

Comparando a indústria do meteorito a “um português que dá ao índio um espelho para tirar o mineral do Brasil”, Miranda e a organização de pesquisadores buscam pressionar terceiros e o governo de Pernambuco a deixar o meteorito na cidade.

“Nada é mais justo do que o governo de Pernambuco e o povo de Santa Filomena dizer que qualquer pedra caída vem da aldeia. Fique com os tecidos e faça um trabalho de instrutor na área, diz Miranda.

O pesquisador cita como exemplo a cidade de Alagoinha, em Pernambuco, onde o meteorito caiu em 1923. “Fizemos um projeto de lei criando o dia do meteoro. Montamos um clube de astronomia. Trazemos ciência para a cidade”, explica Miranda. .

“Brincamos que o meteorito é a sonda de área do homem deficiente, porque queremos nos mover para a área, a pedra cai do céu”, diz Zucolotto.

O comércio de meteoritos

O caçador americano que comercializa o meteorito de 40 kg mora no Arizona, nos Estados Unidos, e soube da chuva de meteoros em Pernambuco “duas horas depois do ocorrido”, diz ele, notícia que circulou nas redes sociais. No mesmo dia, ele comprou passagens aéreas e foi para o Brasil.

Além de coletar meteoritos de todo o mundo, ele diz que seu espaço parece um museu e que viaja a cada duas semanas para comprar meteoritos na África, o americano também vende os artefatos.

“Eu vendo para museus e outros colecionadores, mas não é grande coisa, eu gosto de cobrar”, diz ele.

A pesquisadora da UFRJ Amanda Tasi, que faz parte da equipe de Zucolotto e também está na cidade em busca de fragmentos, explica que os caçadores são chamados de “comerciantes de meteoritos” por aqueles que se opõem ao comércio marítimo. Pierre.

“Eu não vejo dessa forma. Aqui estão lutadores dos Estados Unidos, Porto Rico, Uruguai e outros estados do Brasil. Nós pintamos cooperativamente. Tem um interesse econômico, mas se não estivéssemos lá e a população não fosse para os meteoritos venderem, eles se perderiam na montanha”, diz Tasi.

O pesquisador estima que, até sábado, tenham sido descobertos em Santa Filomena entre cento e duzentos fragmentos do meteorito.

A regra é clara

No Brasil, não há lei que determine a propriedade de um meteorito ou regula seu comércio.

Em Santa Filomena, meteoritos que caíram em locais públicos, como a Praca da Matriz, ficaram com aqueles que os descobriram primeiro. Os descobertos perto das casas ficaram com seus donos.

Ao contrário de países como Argentina e Austrália, onde há uma regra e meteoritos são bens públicos, o Brasil não tem uma lei sobre a propriedade e a indústria de meteoritos.

“Na prática, o Brasil acaba seguindo o estilo da lei americana, que é que o meteorito pertence ao dono da posição onde caiu”, explica o pesquisador da USP Gabriel Gon-alves Silva, membro do Bramon, canal brasileiro. Meteoritos.

“Porém, no Brasil as riquezas minerais e paleontológicas são da União. Tanto que se você explorar uma mina ou procurar fósseis, precisa de permissão ”, diz Silva.

A autorização da UE também é necessária para viajar com esses tecidos para fora do país. Portanto, é imaginável que, ao buscarem sair do Brasil com meteoritos, esses estrangeiros sejam proibidos.

Em 2010, por exemplo, um boliviano foi preso e multado por contrabando no Tom Jobim International, no Rio, ao tentar embarcar para a Bolívia com pedaços de meteorito que caíram na cidade de Varre-Sai, a noroeste do Rio de Janeiro.

O G1 contatou a Agência Nacional de Mineração, mas não retornou até a publicação do relatório.

A Convenção sobre Bens Culturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), assinada por mais de cem países, acrescentando o Brasil, estabelece que um “bem de interesse clínico” só pode ser cobrado em um país com a permissão do governo local.

No entanto, existe uma indústria aberta de meteoritos estrangeiros na Internet. Em um site americano, há anúncios de vários meteoritos por mais de US $ 100 mil (cerca de R $ 530 mil), e um deles é vendido por US $ 1 milhão (R ​​$ 5,3 milhões). $

“O valor dos meteoritos segue um padrão, é um caso excessivo de fonte e demanda”, explica Silva.

A queda em Pernambuco “tem causado muito barulho entre credores e pesquisadores. Há um apelo muito forte e os valores subiram. Se o mercado estiver saturado, o valor pode cair”, disse.

“São poucas as pessoas com dinheiro e capacidade para comprar uma pedra de 40 kg”, diz Silva sobre a pedra maior, cujo destino ainda é incerto.

Um pesquisador do local e que não precisou se identificar, diz que busca sensibilizar a população de Santa Filomena para que não vendam os fragmentos.

“Gringos milionários compram esses fragmentos ou vendem no exterior, e podemos simplesmente construir um museu na cidade. Isso atrairia turistas e seria inteligente para a pesquisa”, explica o pesquisador.

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