Talvez haja uma dificuldade hoje, em agosto de 2020, quando vivemos com a pandemia Covid-19, para criar oportunidades de isolamento urbano que não estejam diretamente relacionadas à Internet. Os dois fenômenos, a pandemia e a Internet, parecem ter se adaptado, criando instantâneos de ocasiões e ocasiões existentes globalmente e introduzindo ajustes não apenas temporários, mas permanentes, em termos de modos de leitura, escrita e comunicação.
Afetada por adversidades antigas e um personagem suscetível ao seu entorno, a produção literária descobriu suas próprias táticas para responder ao seu tempo. A pandemia, se não interferir com um poeta ou pregador como sujeito, ameaça consolidar sua presença indiretamente, com reações de angústia e desconforto desencadeadas pela percepção de finesse. Por outro lado, a concentração para leitura e escrita é cada vez mais intermitente, desafiada a competir com os apelos das telas das câmeras, onde tudo – cultura, dados e afetos – tem a tendência de convergir de uma forma que provavelmente é naturalizada. Ao longo dos próximos anos, vamos manter as reações da prosa e da poesia ao presente, e caberá a nós fazer um julgamento sobre a produção literária de uma era. ou, quem sabe, uma geração.
Enquanto isso, as atualizações tecnológicas operam em movimentos vertiginosos em direção a uma totalidade que ecoa teorias já defendidas, por exemplo, através de Walter Benjamin em sua célebre Obra de Arte na Era da Reprodução Técnica e do Narrador. Como marcos decisivos e indispensáveis da vanguarda artística do século XX, o que não passou despercebido através de sua própria escrita foi a opção do hipertexto, vivido em suas Passagens, onde tudo pode “voltar” para a mesma página. : texto, imagem, cotação. Quem observa essa percepção de “pressentimento” nas pinturas de Benjamin é a crítica literária Marjorie Perloff em 2013, quando a Internet, muito diferente do que conhecemos em 2020, já estava conspical como uma posição incomum de criação, elaboração, exposição e divulgação de textos.
As noções de espaço, cronológico e tempo mental foram exploradas e praticamente reformuladas através de autores de moda, inspirando processos irreversíveis de prosa após Virginia Woolf, James Joyce, Willian Faulkner e Samuel Beckett, para citar alguns. O grande número de mídias, seja iniciativa literária e símbolo e sua reprodutibilidade são suscetíveis a novos contornos e ambientes que compartilham a mesma rede de transmissão, multiplicando assim as probabilidades de técnicas de escrita e, com ela, a capacidade de ler. O papel do narrador, que não é mais culpado de exercer a capacidade de “trocar delícias” foi reformulado porque o prazer e a maneira de dizer isso são alterados através da concorrência ilimitada apresentada através de computadores e celulares.
As transformações que nos interessam aqui estão, no entanto, em pleno movimento ou no futuro, porque estão diretamente ligadas a uma fragmentação ainda mais profunda da temporalidade e espacialidade que já havia sido implementada com a geração deste século, mas que agora são modificadas com a adaptação de praticamente todas as atividades da vida nas telas. Há nuances e outra burocracia de comportamento na nova produção literária da Internet, e quando dizemos comum, nos referimos a essa Internet de uma forma que é reformulada com a pandemia.
O que temos notado é uma nova onda de escritores que descobriram nas redes sociais um contexto estimulante para o fluxo de suas próprias produções ou referências através de canais a priori para replicar a imagem. foco no formato virtual como opção de vendas; também aproveitam para reativar sites, convidando autores a escrever em blogs e hotel a viver entrevistas com seus autores, onde se comunicam sobre o texto. Por fim, um dos benefícios do virtual é explorado e que corresponde ao alcance ilimitado. fronteiras geográficas.
Mas são projetos que enfatizam um layout clássico que foca no contraste entre o resultado final e o procedimento, em relações bem definidas entre o leitor e o autor. Não é que nosso objetivo seja desacreditar a importância do livro, que serve como ancoragem, instrução e companheirismo em outros momentos, acrescentando que da maravilhosa vulnerabilidade que estamos passando, mas tratar o texto como uma imagem, exibi-lo, divulgá-lo, falar sobre ele, possivelmente ainda ser inapropriado dado o que também pode ser explorado. da força plástica da linguagem, por isso é curioso que tais projetos raros aproveitem a oportunidade do advento virtual, não como tema ou como meio de divulgação, mas aproveitando equipamentos tecnológicos para fabricar, por exemplo, engenhocas poéticas de malha ou práticas práticas. que resultam disso. , como os dos irmãos Campos e Décio Pignattari, todos interessados em experimentar recursos poéticos em seus níveis, desde a tipografia Possíveis opções à invenção de uma nova área na página tão física, limitada e definida.
No entanto, determinados projetos merecem ser discutidos porque saem do eebook para experimentar habilidades ainda pouco exploradas entre o texto e a Internet. Em termos de produção nacional, a que aqui nos restringimos, é aliciante praticar a aventura da poetisa Marília García, e as suas publicações expressas, como Paris Não Tem Centro, em que explora uma elasticidade de linguagem que resulta no Arranjo Necessidade de Resposta ou melhor, investigar as prováveis relações entre a palavra escrita e outros estímulos visuais, encontrando as semelhanças que compõem seu estilo poético composicional. Também tradutora e editora, suas possíveis opções denotam referências que falam muito sobre sua própria prática poética, como a tradução exemplar que submeteu para o eebook Traffic, por meio de Kenneth Goldsmith, em 2007, onde o “simplesmente” transcreve esta transmissão no tudo. Rádio 24 horas em Nova York. Por sua vez, Marília García e Leonardo Gandolffi, tradutores de trânsito da Editora Luna Parque, reiteram a iniciativa e o componente gravador de uma mostra de rádio em São Paulo. O feito desta tradução não é surpreendente, porque ao recusar traduzir o original literalmente, os dois tradutores não só parecem ter compreendido o gesto de Goldsmith, que é também um gesto duchampiano, como aderiram a ele. por uma composição semelhante de reapropriação não só do material, mas também do ato narrativo. A referência a Kenneth Goldsmith, aliás, não pode parecer arriscada quando se trata do assunto que propomos.
Em março de 2019, Marília García leu em público, no IMS, um poema publicado no número 31 da revista Serrote. O texto aborda as explicações da palavra “eco” e, para a leitura, Marília preparou uma série de símbolos que permitiram ampliar o eixo temático para completá-lo, criando uma espécie de sobrevivência do texto, uma oportunidade que não só pode ser. alcançar “ao vivo” e “além” da página. Recentemente, Marília voltou a apresentar, em leitura ampliada, um texto seu a convite do programa de residências artísticas do Pivô, posteriormente coordenado pelos curadores do site aarea art. O formato, que buscou entrelaçar símbolo e texto em uma narrativa dinâmica e edição simbólica controlada pela própria editora, foi denominado “leitura performativa” e se adaptou perfeitamente ao ambiente artístico e virtual, trazendo novidades estéticas em ambos os contextos. Array Questionada sobre sua produção sobre a pandemia, Marília falou sobre um poema recente publicado no jornal O Globo. Para ampliá-la, Marília contou com a participação de amigas, a quem pediu que enviassem, pelo WhatsApp, símbolos não públicos que serviram de motivo emocional que motivou o poema.
Nesse sentido, neste caso migrante da estática física da página, o editor Joo Paulo Cuenca é ousado, mergulhando em sutilezas virtuais de acordo com o nosso tempo. “Mas hoje, não há mais. Nada está longe. Não há mais lá fora”, diz em um dos versos de Diio da Quarentena, transmitido no site do IMS, em um programa projetado para exibir nas telas as pinturas produzidas na era da quarentena. Nesses vídeos, Cuenca descreve e manipula texto, som e imagem, que raramente reflete sobre as sensações derivadas do fim desses primeiros meses da pandemia, agora guarda memórias de uma era já remota, forma e conteúdo, neste caso, pinturas em combinação para explorar recursos que podem ser redescobertos continuamente, em uma trilha que, ao que parece, não parece esgotada.
Em sua nova aventura, Cuenca criou um site, onde o leitor pode se ater ao procedimento de criação de seu novo livro, Nada é mais antigo do que o passado recente, que em uma posição carrega a impressão dessa temporalidade derivada do isolamento. Redes. Com uma assinatura mensal apresentada no site, o leitor é capaz de obter mensagens diárias, links e imagens compartilhadas via WhatsApp. Ao se apropriar desse canal de comunicação e usar recursos próprios no ritmo de também concentrar as probabilidades de dispersão, Cuenca acaba brincando com as armas existentes e, portanto, arriscando sua própria narrativa embarcando na aventura através de um processo barulhento que vai além. comércio mais alto. Social.
André Vallias, poeta e pesquisador em mídias virtuais, uma das maiores referências sobre o assunto no Brasil, tem colocado no ar, desde o início dos anos 2000, uma página online que merece uma escala para o ponto de cima das cortinas das quais é o zelador, guarda da poesia. autores e outros poetas, mas também aponta outras produções vallias como designer, poeta e editor de iniciativas virtuais, ver a pioneira Revista Erratica. foi feito para ser feito em seu canal Vimeo, com incursões satisfeitas no experimentalismo da edição audiovisual. Em uma conversa telefônica, o Vallias, que tem sido o recurso virtual que vem sendo realizado na época desde a década de 1990, é lançado para uma substituição radical da internet nesses 30 anos, como o modo de navegação. Hoje, a descoberta de novos sites, blogs, páginas de assuntos não públicos ou existentes, dificilmente é feita sem mediação social.
Diante disso, não se pode perder de vista uma idiossincrasia cada vez mais flagrante do uso das redes: capazes de romper fronteiras territoriais (60% da população mundial está conectada a redes, segundo estudos atualizados da ONU), a Internet tende a ser cooptado por espécies “feudais” representadas por conglomerados gigantes. Como sabemos, as redes sociais, como Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, etc. , são capazes de definir tendências e ditar comportamentos, contrariando a alegada inesgotabilidade dos recursos web. Exposto a esta corrida animada por interesses pessoais e pessoais, teme-se que certas línguas, encerradas nos seus territórios linguísticos, estejam condenadas a desaparecer, genuínas ou simbólicas, uma vez que a totalidade babelica também pode ser apresentada como um negócio quimérico nas redes. O assunto é amplo e suscita discussões políticas, econômicas e sociais que assumem posições de importância primordial e que merecem ser tratadas em algum outro campo comprometido com o assunto. Por enquanto, continuamos curiosos sobre o que aqui propomos: sim ou ciência e poesia, como defende Édouard Glissant numa citação aqui repetida a título de epígrafe, está em causa a eterna reinvenção dos seus recursos – e portanto da sua própria definição – Como pode ocorrer o encontro entre os dois? Você quer que isso aconteça? Esta é a pergunta que os poetas terão de responder. Nesse ínterim, aguardamos as tentativas.
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