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Pesquisador sobre as questões de desertificação rural e vulnerabilidade à fauna humana no semiárido do Brasil. →
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As dimensões humanas do oceano são complexas, sim, do oceano ao singular, porque é uma massa gigante de água que conecta a terra, conecta outras pessoas e faz a vida viver. Por milênios, outras pessoas projetaram e usaram os pescadores e coletores de crustáceos a baleeiros, exploradores (muitos dos quais colonizadores) e comerciantes, civilizações surgiram, evoluíram e substituíram pelo oceano. Civilizações que, como agora, adoravam e temiam água salgada. e conquistaram territórios, caminhando por estradas desconhecidas, quebrando novas fronteiras e seguindo as estrelas. Nós prosperamos com a riqueza descoberta no oceano (ou transportada com ele), e nos tornamos cada vez mais dependentes de seus recursos.
Contamos com o oceano como fonte de alimento, renda, transporte e energia (Figura 1). De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o oceano fornece meios de subsistência para mais de 3 bilhões de pessoas (direta e indiretamente) e é responsável por mais de 90% de toda a indústria e do transporte de matérias-primas e matérias-primas. Em comparação com o consumo mundial de carne, cerca de 17% da produção mundial de carne vem do mar (peixes e crustáceos); Com o aumento da população humana, estima-se que entre 36 e 74% aumentará a demanda por esses peixes, moluscos e outros invertebrados até 2050. Em 2009, aproximadamente 20% da fonte mundial de petróleo veio de plataformas de extração offshore; e em 2018, mais de 25% de todo o óleo e combustível fitoterápico produzidos chegaram aqui do mar (Agência Internacional de Energia, 2018). Mas o oceano fornece mais do que comida, energia e renda: o oceano desperta a imaginação, cura a dor da alma, inspira arte, música e poesia; é um ponto de partida e de chegada, e um dos principais guardiões da vida na Terra!
Com uma intensidade média de 3,8 km – e um máximo de 11 km – o oceano produz mais do que todo o oxigênio do planeta, que chega a 50 vezes mais dióxido de carbono do que a atmosfera, e graças às suas correntes, regula o clima global. É claro que um oceano em equilíbrio dinâmico é importante para a manutenção da vida.
Apesar dos esforços globais para proteger o oceano e aumentar o número de espaços marinhos de 7,5% ultimamente para 30% até 2030 (já perdemos o propósito de proteger 10% do oceano até 2020), as evidências indicam uma realidade tão assustadora. Rachel Carson (1907-1964), uma famosa bióloga marinha e ambientalista americana, ficaria horrorizada ao ver o quanto poluimos o mar e quão rápido; exploração e destruição de estoques de peixes, mamíferos marinhos, tartarugas e aves marinhas; liberando concentrações máximas de dióxido de carbono no meio ambiente, para que a temperatura da água mude, afetando as correntes oceânicas, rotas migratórias de algumas espécies e matando recifes de corais em um procedimento chamado “branqueamento”.
É difícil (e triste) acreditar que podemos deixar tal legado para gerações de longo prazo, mas a Antropocência (uma nova era geológica imaginável caracterizada pelo efeito humano sobre o meio ambiente) está aqui. Os estressores antropogênicos, ou seja, aqueles derivados de atividades humanas, como pesca comercial, mudanças climáticas, poluição, tráfego marítimo, exploração de petróleo e recursos naturais, tiveram um efeito significativo (e negativo) nos ecossistemas costeiros e marinhos. aquicultura – já teve um efeito cumulativo em pelo menos 59% dos oceanos!
Diante dessa realidade alarmante, a ONU declarou nesta década que teve início em 2021, como a Década das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável – lançada oficialmente no Brasil em 20 de abril. Uma década que, segundo a ONU, será a cooperação externa para o progresso da pesquisa clínica, ligando a ciência e a sociedade para conservar o oceano enquanto divulga sua progressão sustentável.
No entanto, é considerado o caminho para um futuro mais sustentável, conforme proposto pelas Nações Unidas, onde a pesca é regulamentada, controlada e a capacidade de renovar os estoques de peixes; onde a energia renovável substitui combustíveis fósseis, recifes de corais prosperam e áreas marinhas, isso é um tanto utópico, mas é utopia, nas palavras do jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015), que nos avança. Essa visão [utópica] do Futuro, onde pelo menos 30% do oceano é uma Matriz onde os poluentes marinhos são reduzidos ou mitigados, onde as comunidades costeiras identificaram direitos e acesso a recursos à base de plantas e estão muito preocupadas na tomada de decisões, é o que nos move para a frente.
No entanto, caminhar para um longo prazo mais justo e sustentável exige compreender e converter os valores e comportamentos humanos, tanto do ponto de vista individual como do ponto de vista da sociedade, das suas políticas e da economia. Podemos não ter toda a sabedoria do oceano profundo ao nosso redor, mas não podemos separar o oceano do continente: a vida depende do equilíbrio entre os dois. Não devemos esquecer que a adequação do oceano depende muito de nossas ações diárias; E como uma rua de mão dupla, nossa aptidão física e intelectual também se baseia em um oceano saudável. Cada seleção que fazemos, seja ela ingestão ou eliminação, afeta o oceano e tudo nele, e detectar isso é o primeiro passo individual em direção à mudança. Todos os rejeitos em nosso estilo de captação têm o potencial de acabar no oceano se não forem reutilizados, reciclados ou descartados em aterros sanitários, o que requer ação governamental. Imagens de animais marinhos mortos entre o lixo que acabaram na surpresa do mar e causam rebuliço, para alguns. Mas o uso de canudos raramente é suficiente para salvar a vida marinha? Infelizmente, por mais obrigatório que seja.
Dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE (2020) mostram que o morador brasileiro produziu cerca de 379,2 kg de resíduos em 2019, ou 1,0 kg de resíduos segundo o usuário consistente com o dia!E um máximo alarmante, cerca de 40%, de todo esse volume foi cuidadosamente eliminado ou reciclado Sem mencionar que estamos jogando toneladas de águas residuais comerciais e urbanas não tratadas em córregos, lagos, rios e mares, expandindo matéria biológica, adicionando compostos químicos venenosos, mudando os ecossistemas aquáticos de água doce do mar e afetando sua diversidade biológica. Nosso “Planeta da Água” se afoga em excessos humanos e abandono.
Políticas públicas mais rigorosas e inclusivas, além de monitorar o cumprimento, são urgentes, o que significa, em muitos casos, votar em funcionários públicos comprometidos com a preservação da terra e do mar. Investir em educação, priorizar o investimento monetário em tecnologias de produção mais limpas e a progressão de produtos biodegradáveis é necessário, pois é difícil ter o declínio expressivo de fato do estilo de ingestão das sociedades da moda, a menos que nossa utopia se torne uma verdade em um mundo pós-pandemia.
Uma nova narrativa para esta década fiel ao oceano é que há (ainda mais) frustrações com objetivos não cumpridos. Um conto que vai além de interesses puramente econômicos. Um conto em que “estoques de peixes” são tratados como espécies selvagens; onde a atenção, o respeito e a compreensão da importância do oceano para a manutenção da vida prevalecem.
Para assessorar e auxiliar essa navegação, em 2020 foi publicado o Manifesto das Ciências Sociais do Mar, que resulta em uma série de estudos e ações de precedência, como maior ênfase na adaptação e mitigação das mudanças climáticas, detectando que a pesca não é a única indústria que atua no oceano, e que as comunidades costeiras desempenham um papel fundamental na tomada de decisões (Figura 2). O documento também destaca a urgência da justiça socioambiental e a garantia da segurança alimentar. Essas perguntas refletem algumas das incontáveis dimensões humanas do oceano. , ou seja, nosso complexo – e ambivalente – datando com o oceano, e terá que ser tão transparente quanto as águas ao nosso redor já foram.
Navegando pelas dimensões humanas do oceano – Complementares e leituras:
Enorme e profundo como o oceano, é o domínio das dimensões humanas. Seria muito improvável que ele lidasse com todos os transtornos aqui, mas ainda há muito a explorar. Por exemplo, interações entre pescadores e leões marinhos, como desenvolvido através de Anne. Ponte C e seus colaboradores no litoral norte do Rio Grande do Sul. Ou sobre as outras táticas em que valorizamos o mar, nossas percepções sobre o indivíduo, o coletivo e esse ambiente, e como acreditamos que o oceano influencia nossas atitudes. e comportamentos, como Monica T. argumentou. Engel e seus colegas em um teste na costa leste do Canadá. Esperamos que essa curta jornada inspire o leitor a surfar outras ondas e mergulhar nas outras dimensões humanas do oceano.
As revisões e dados publicados na coluna e nas sessões de pesquisa são dever de seus autores e não constituem necessariamente a opinião do eco. Buscamos nesses espaços fazer um debate variado e frutífero sobre a conservação do meio ambiente.