“Fraude grotesca”, diz delegado sobre madeira ilegal que Salles liberará

O ex-diretor da PF na Amazônia, que perdeu o cargo após se manifestar contra o ministro do entorno, fornece os principais pontos da maior apreensão ilegal de madeira da história do Brasil e pede mais rigor no monitoramento. A história do Brasil, no entanto, contém capítulos sobre o cenário político do país: em dezembro de 2020, mais de 200 mil metros cúbicos de tecidos Paro foram confiscados pela Polícia Federal do Amazonas. A carga, transportada por balsas ao longo do Rio Madeira, representou a morte de cerca de 65 mil árvores de espécies como ipé, ma’arnanduba, coumaru, angélim.

Inicialmente realizada através do Ministério do Meio Ambiente, a operação foi então intervindo através do ministro Ricardo Salles, que atuou para liberar o carregamento ilegal apreendido, através de Alexandre Saraiva, delegado e ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas, que perdeu seu posto. depois de lutar contra o ministro.

No dia 7 de abril, Salles se reuniu com empresários preocupados com a apreensão de madeira ilegal em Santarém, Paro, e prometeu a eventual liberação de cerca de 40 mil toras após a revisão da documentação, segundo a mídia brasileira. que a madeira havia sido legalmente cortada e pediu pressa na investigação através da PF.

Na última segunda-feira (26/04), Saraiva participou de uma audiência na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados e novamente acusou Salles de “tentar passar o gado”.

Em entrevista à DW Brasil, o delegado deu os principais pontos da operação e destacou fraudes conhecidas na carga apreendida. Segundo ele, mais de 50% do volume foi reivindicado através do chamado “proprietário”. A empresa exportadora, que alega possuir um componente de madeira, deve mais de nove milhões de reais em multas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Sob crescente pressão externa devido ao aumento desenfreado do desmatamento, o governo do presidente Jair Bolsonaro pede à rede estrangeira mais dinheiro para inspecionar a Amazônia. Saraiva protesta: “Não se trata de recursos, mas de concentração e estratégia. estratégia que já temos “, disse ele.

O delegado também criticou a legislação da UE sobre a importação de madeira e pediu mais rigor na cadeia de rastreabilidade.

DW: Como precisamente a Polícia Federal lidou com a maior apreensão de madeira da história e depois tem o papel do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles?

Alexandre Saraiva: Em meados de novembro de 2020, vimos fotografias de satélite aparecendo em balsas no Rio Madeira, só posso dizer se estavam carregando madeira.

Lá um dos nossos aviões levaria uma equipe para o sul do estado [Amazonas] para ajudar na eleição, então pedi ao piloto, no caminho de volta, para voar sobre o poste para verificar se as balsas estavam carregando madeira. Foi por isso que ele checou, mostraram as fotos.

Então mandamos uma equipe para lá, mas até então pensamos que a madeira vinha da Amazônia. Seis horas depois, quando fomos entregues lá, vimos que o carregamento vinha do estado de Paro. Estávamos puxando o cabo, pegamos outras balsas e, quando vimos, havia mais de 200. 000 metros cúbicos de madeira.

Peritos foram informados em que é registrado que a extração é irregular, as terras ocupadas (de onde vêm os troncos) são usurpadas e invadidas, embora haja documentação, são produto do crime, da invasão.

O primeiro transporte relatado pela justiça federal no Amazonas. As apreensões a seguir são obviamente semelhantes às primeiras, mas uma opinião de Paro, que de férias nos ordenou devolver os barcos de madeira e barcos com multa diária de R$ 200 mil. Foi o primeiro tiro que disparamos.

Não recuamos porque entendemos que o parecer não tinha competência para tomar essa decisão e que não havia intimação nos termos das regras processuais. Mas ele se estressa.

Essa apreensão foi realizada até mesmo no site oficial do governo, então políticos, senadores, começaram a reclamar com o ministro da Justiça, com o ministro do Meio Ambiente, que era muito radical, o que não era assim, que estávamos aderindo aos detalhes. .

Foi quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, falou publicamente?

Sim, ele foi lá para um dos pátios onde o woodenenArrayAs é um monte de woodenen, armazenado em vários pátios. E um detalhe incrivelmente vital: cerca de 50% dos woodenen apreendidos nem sequer reivindicam.

Salas teve uma reunião, marcou uma consulta com as outras pessoas envolvidas para pegar a papelada, e na outra semana, quando a papelada chegou aqui, eu pensei: “Por que você me dá isso?Levaria seis meses para conseguir toda a papelada. evidência aqui A evidência de crime lá na minha frente.

A papelada era falsa?

Fraude grotesca. Eles acham que não pudemos avaliar.

E os golpes?

Primeiro, a propriedade da terra em si, se você precisar explorar a floresta, terá que vir de um domínio que pertence a você ou que o proprietário permite.

Segundo ponto: eles ignoraram absolutamente a margem do rio, a zona de preservação permanente, conforme estabelecido pelo código florestal, onde as áreas permitidas são extraídas ao ar livre.

Algumas espécies descritas em seu consultor florestal foram incluídas no carregamento, posso mencionar mais de 30 golpes encontrados.

E depois da reunião do ministro Salles?

As partes nos pediram para nos enviar os documentos, ganhamos essa massa de papéis, muitos repetidos, eu dou volume.

Os documentos não fizeram sentido e mostraram fraude. Na época soube que era obrigatório repassar esses dados ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois é um usuário privilegiado, além de que abriríamos uma investigação ou seguiríamos com ela na investigação em curso.

Você é o Ministro Salles?

O ministro e o senador que há muito atacaram a operação, este é o senador Telmorio Mota, de Roraima.

[Nota do Editor: A DW Brasil pediu ao ministro Ricardo Salles e ao senador Telmorio Mota um cargo, mas os dois não se pronunciaram antes da publicação da entrevista].

Foi quando as pinturas do Ministro Salles para o público de madeira solta?

Sim, o ministro criticou os quadros da Polícia Federal, como eu era o representante da PF aqui no estado e fui culpado de falar, acho que protegi a acusação.

Fiz declarações em um jornal amplamente divulgado e dei uma entrevista de forma técnica. Depois disso, ele teve uma reunião expressa com outros para reunir documentos e sair para “passar o gado”.

Quem diz ser dono de terras e madeira apreendidas?

Ainda estamos investigando. São outras pessoas com forte poder aquisitivo e que não moram aqui na região, mas no sul do país: São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. . .

Para onde iria a madeira apreendida?

Por causa da história dessas empresas, elas se mudariam para o exterior. Grande parte do carregamento já tem documentação “aquecida”. São empresas exportadoras.

Sabe quem está envolvido?

Um deles é Rondobel, que tem mais de vinte multas pelo Ibama, deve nove milhões de reais.

[Em nota à imprensa, o Grupo Rondobel Serviaos Florestais afirmou: “O Grupo Rondobel expressa sua indignação com a forma desrespeitosa do delegado Alexandre Saraiva em reportagens publicadas na imprensa, atribuindo comportamentos indiscriminados de criminosos, afetando também corporações que cumprem rigorosamente a lei – o Caso Rondobel do grupo. [. . . ] madeira armazenada pertencente a Rondobel, legalmente removida do manejo florestal sustentável, apodrece nos pátios e perde preço de mercado todos os dias. O Plano de Manejo (APAT), a Autorização de Exploração Florestal (AUTEF) e a Licença de Atividade Rural (LAR), com apoio por meio de vigorosa regulação territorial, promovidos por meio do Instituto Foncier do Estado do Desemprego (ITERPA) e estão em condições de ser comercializados”. ]

O combate aos crimes ambientais na Amazônia tem sido mais complicado nos últimos dois anos?

Sem o Ibama no circuito, é muito difícil manter o desmatamento baixo.

Na verdade, o desafio não é financeiro. Dizer que o Brasil quer dinheiro para a Amazônia é um discurso banal. O Brasil perdeu R$ 32 bilhões com a Odebrecht, R$ 20 bilhões a mais com a JBSArray. E você vai dizer que quer dinheiro para ficar na Amazônia?

Você ganhou alguma ameaça deste caso?

Há ameaças que se opõem a mim em grupos de WhatsApp, mas se eu tiver medo de um valentão, eu não teria entrado para a polícia federal.

Notou algum ajuste na forma como esses criminosos extraem madeira roubando terras?

Não, na verdade, eles têm agido de maneira bastante previsível há muito tempo.

O desmatamento ocorre apenas porque existe um documento de base florestal (DOF) e este documento é resultado de um procedimento administrativo que está sendo processado em nível estadual: a lei complementar 140 de 2011 passou da UE para a concorrência dos Estados para permitir o desmatamento em empresas florestais. Essa lei tem sido um retrocesso na proteção do meio ambiente no Brasil.

Mas se conseguirmos o processo administrativo que o DOF vai gerar, vamos para o desmatamento. Você não pode negociar madeira sem DOF. É como um carro roubado: não pode ser vendido sem documentação. Tanto que já recebemos diálogos de madeireiros dizendo que seus filhos são DOF.

[Nota do editor: O DOF atua como uma licença obrigatória para o transporte e garagem de produtos florestais locais, como madeira e carvão. O documento deve incluir dados sobre a origem, espécie, tipo de material, volume, valor de carga, placa, destino, rota de transporte detalhada. ]

Se essas equipes agirem de forma previsível, seria imaginável combater crimes ambientais?

Perfeitamente possível. Não é uma consulta de recursos, é uma consulta de concentração e estratégia, já temos a estratégia. Para isso, é obrigatório para os órgãos de cobertura ambiental, ou seja, o Icmbio [Instituto Chico Medes de Conservação da Biodiversidade], Ibama, Polícia Federal.

No que diz respeito à madeira apreendida ilegalmente, quão sortuda você pode ter agora?

Essa é a questão. Nosso conceito é que ele seria usado para construir casas populares para os pobres, mas o procedimento do STF quer avançar.

[Nota da Editora: No dia 14 de abril, o delegado Alexandre Saraiva enviou um relatório criminal ao Supremo Tribunal Federal sobre as movimentações de Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, para obstruir a investigação sobre a apreensão de madeira ilegal na Amazônia, que faz parte da Operação Glo Handroanthus. As taxas opostas a Salles são organização inescrupulosa, defesa administrativa e dificultando a fiscalização. Atualmente, a notícia do crime aguarda uma manifestação do Ministério Público após ser encaminhada à empresa através da ministra Carmen Lacia. ]

Qual é o dever do mercado externo no desmatamento?

O dever do Brasil com a Amazônia é discutido, mas o lugar do mercado externo tem muitos empregos diários porque o lugar do mercado do cliente é um aspecto primordial no apelo à madeira da Amazônia.

E a União Europeia tem um duplo critério na sua legislação em relação à importação de madeira em geral. Os regulamentos europeus que tratam da importação de madeira estipulam que o importador terá que reivindicar quem ele comprou da primeira vez. A regulamentação europeia que trata da importação de carne bovina, por exemplo, a palavra “rotulagem” é escrita 35 vezes. E uma cadeia estrita de guarda: carne em pastagem recebe um brinco, em seguida, um passaporte, é do Array

Eu disse aos embaixadores europeus quando chegaram em Manaus e eles não podiam me responder Por que há tanta diferença?Se você precisa da Amazônia, a primeira coisa é para as árvores da Amazônia, isso quer ser revisto.

Em outras palavras, a cadeia de carne é muito mais rigorosa para traçar a origem do que a cadeia de madeira?

Não há madeira. Há um certificado chamado FSC que é uma piada. Está no seu site: a certificação não cobre o envio ou depósito, apenas substitui a propriedade legal.

Quando vendo madeira de A a B, o certificador assiste. Mas e a força motriz que o woodenen tomou, transportou-a e onde foi deixada?É imaginável inserir madeira ilegal nesse processo. Nada disso é certificado, então não há certificação Se precisamos resolver o problema, temos que substituí-lo muito.

[Em nota à DW Brasil, a FSC afirmou: “O fato através do Delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, relacionado ao sistema FSC, é incorreto porque a suposta violação não existe. FSC cobre toda a cadeia de guarda Em outras palavras, qualquer depósito, qualquer procedimento em que um wooden seguro é armazenado precisa, e é verificado o tempo todo [. . . ] O dono do woodenen terá que fazer alguma rastreabilidade durante todo o procedimento. Infelizmente, como em qualquer sistema, pode haver falhas e é precisamente por isso que o FSC tem suas violações e mantém um canal de relatórios para torná-lo imaginável para investigar suspeitas. Merece ser lembrado que a certificação é voluntária e vai muito além do que é exigido através da lei. “]

Estima-se que 80% da madeira vendida no Brasil seja ilegal, é esse o conhecimento com que a PF trabalha?

Isso é pelo menos 80%. No Brasil, é descoberta madeira de baixa qualidade, a partir da qual é liberada a alta qualidade. Se desenvolvidas, as exportações respondem muito mais do que o mercado interno.

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