Na quarta-feira, o Brasil registrou formações de geadas no Rio Grande do Sul, norte de São Paulo, estado onde o fenômeno climático afetou áreas de produção de cana-de-açúcar, e o café nem escapou, segundo avaliações dos meteorologistas.
São Paulo é a fabricante de cana-de-açúcar no Brasil, respondendo por mais de 60% da produção de açúcar do país, que é o maior exportador mundial dessa matéria-prima.
Gotas e folhas congeladas (Foto: REUTERS / Christian Hartmann)
O estado de São Paulo também é o maior produtor brasileiro de café arábica no momento, depois de Minas Gerais, mas as regiões cafeeiras não foram tão afetadas pela geada, não foram poupadas do frio.
“Para a cana-de-açúcar, o efeito é mais grave (do que para o café), a cana-de-açúcar tem tomado a maioria dos espaços, tem tomado espaços no centro da cana-de-açúcar. O café tomou a periferia, a minoria do café”, compara o meteorologista Celso Oliveira, da Somar, propondo a região de Ribeirão Preto, região da cana-de-açúcar.
As geadas do dia anterior, que haviam feito leitos nos campos de milho do Paraná e mato-grossense, já afetados pela seca, foram mais difundidas na quarta-feira, e a intensa inseminação deve continuar na quinta-feira.
“Na cana-de-açúcar, as geadas afetaram o Paraná, Mato Grosso do Sul e partes do estado de São Paulo na quarta-feira. É incrível, tem até geadas na zona norte de São Paulo”, disse Oliveira.
Ele falou das geadas em Pradópolis, na região de Ribeirão Preto, onde São Martinho tem fazendas gigantes; não era imaginável baixar um comentário rápido da empresa.
“Na região do Jaboticabal, havia temperaturas abaixo de zero, em Pradópolis. . . Também houve geada em outras áreas, Rancheria, no oeste do estado, 2 graus abaixo de zero. Ituverava, 1,4 graus, Bauru, também 2 graus. Votuporanga, 1,7, também gelado”, disse.
No entanto, ele disse que o estado de São Paulo tinha “pulverizado as geadas”.
“O Paraná tem sofrido um congelamento generalizado, quase em todas as fábricas de cana-de-açúcar. Em São Paulo temos relações bolsonaristas, mas não necessariamente o Estado”, disse, explicando que o fenômeno também depende de alívio.
Segundo Somar, as áreas de café afetadas estão localizadas no Paraná (pequeno produtor nacional) e na chamada Alta Paulista, na região de Marília.
Oliveira avaliou que outras regiões de Arábica em São Paulo e sul de Minas Gerais foram afetadas pelo fenômeno.
O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos disse que desta vez as geadas afetaram as plantações de café na Mogiana e em partes do sul de Minas Gerais, principais fabricantes de feijão arábica.
“Faz muito tempo que não vejo geadas dessa magnitude (no Brasil)”, disse Santos.
Segundo Oliveira, da Somar, de madrugada, a corporação não vê qualquer ameaça ao café, “embora o incrédulo seja ainda mais poderoso no sul de Minas Gerais, mesmo assim ele não acerta os valores das geadas”.
“Para o café, Minas Gerais é o maior fabricante do Brasil. Nesse caso, eu diria que o efeito é mais especulativo do que na produção brasileira, a maioria dos espaços cafezinhos foram afetados”, disse.
Os danos causados pelas geadas de milho devem se tornar transparentes nos próximos dias, já que o tempo deve se repetir na quinta-feira no Paraná, maior produtor de cereais do Brasil na época.
“O clima continua favorável para o aparecimento de geada em quase todas as regiões do Paraná. . . “, disse o Simepar, órgão estadual.
“O milho já tinha causado muitos danos ontem, o sem sangue se espalhou pelo norte do Paraná, no componente centro-sul de Mato Grosso do Sul. . . possivelmente seria semelhante à cana-de-açúcar, eu já tinha observado uma produtividade mínima (devido à seca), agora há uma geada que vai reduzir ainda mais a produção”, disse.
O mercado de milho está parado, e os comerciantes estão esperando por mais clareza sobre o efeito da falta de sangue para uma cultura que já é duramente atingida pela seca.
No caso da cana-de-açúcar, Oliveira comentou que entre os efeitos imagináveis está a antecipação da colheita, com geradores buscando minimizar as perdas.
“A cana (afetada pela geada) deixa de crescer, a partir daí e após alguns dias a quantidade de açúcar na cana diminui, os geradores são obrigados a colher essa cana antes do momento ideal”, disse ele, lembrando que isso ajusta a realização de planos e logística da colheita.
Além disso, os espaços recém-plantados de cana-de-açúcar afetados pelas baixas temperaturas sofrem perdas gerais, e é para o replantio.
“Como teremos que esperar a chuva voltar para a planta, isso significa que a bengala que está em posição no início do próximo ano não será colhida até o final do ano ou em 2023. “