Reconciliação da preocupação de Aras aumenta pessimismo em setores do MPF

A reeleição de Augusto Aras à frente do Ministério Público Federal injetou uma dose de pessimismo nos espaços da instituição.

A aprovação de sua convocação pelo Senado foi inquestionável, mas o placar que lhe foi amplamente favorável (55 votos contra 10), ao final de uma audiência que não apresentou qualquer dificuldade, foi percebido como um sinal de que o ar do MPF permanecerá o mesmo nos próximos meses.

Pelo menos até as eleições de 2022, é claro, não há previsão de substituição para o procurador-geral. A tendência do líder do MPF é manter-se alinhado com os interesses do Palácio do Planalto e do presidente Jair Bolsonaro.

Essa situação é vista com desânimo pelos chefes dos setores do MPF culpados de tratar de questões sensíveis à pasta, como meio ambiente e direitos humanos.

Membros da Procuradoria-Geral da República ouvidos pela reportagem repudiam a falta de ajuda da PGR (Procuradoria-Geral da República) existente para a realização de inquéritos nesses espaços e que o cenário tende a piorar no período que antecede as eleições.

Um trecho da audiência de Aras na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado é citado como parte dessa suposta falta de apoio.

Em seu discurso, o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) reclamou dos movimentos dos procuradores sobre questões territoriais envolvendo povos indígenas.

“Hoje, são centenas, há dezenas de julgamentos, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, de promotores que ajuizam ações contra produtores rurais, com multas de vários milhões, que quebraram o campo indígena”, disse Heinze sobre interpretações mais duras. do Ministério Público de Legislação.

O procurador-geral concordou com Heinze, um dos principais aliados de Bolsonaro no Senado: “Mas Sua Excelência certamente tem razão quando reclama que muitos colegas dão interpretações que refutam a lei”, disse Aras.

“Tenho debatido muito nos meus colegas que lidam com questões indígenas para que todos possam ler a falência dos povos indígenas como está aqui na Constituição, mas sei que há uma tendência ideológica de alguns de escrever sua própria Constituição”, disse.

E continuou: “É por isso que existem órgãos prisionais, por isso há tribunais para corrigir condutas ilícitas. É por isso que há homens como Sua Excelência, que conhecem o assunto completamente, para denunciar os excessos e excessos. “

Ao proteger sua reeleição por dois anos na PGR, Aras prometeu “fortalecer o Ministério Público no caminho traçado pela lei superior, harmonizando a unidade e a independência funcional” de seus membros.

A partir da atitude dos procuradores que pintam nos tribunais federais estaduais, essas declarações enviam sinais contrários e demonstram a falta de institucionalidade para o chefe da PGR.

Historicamente, procuradores e procuradores regionais que pintam nos primeiros momentos do Tribunal Federal estão em meio à maior oposição interna nos setores mais sensíveis do MPF.

Entre os deputados-gerais da República, a cúpula da carreira de Aras, as relações têm sido mais próximas, porém, o atual chefe do MPF conseguiu um feito: despertar um antagonismo mais poderoso entre seus familiares.

Nas semanas que antecederam a audiência, em meio às declarações de Bolsonaro, um número crescente de subprocuradores que se opunham a ele evidentemente se tornou evidente.

Uma organização de cerca de trinta subprocuradores-gerais da República tem exigido publicamente movimentos por meio de Aras relacionados aos ataques que o presidente adiou contra os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e às suspeitas que ele levanta, sem provas, sobre a confiabilidade do sistema eleitoral.

No mês passado, cinco membros do Conselho Superior do MPF já haviam pedido a Aras para investigar Bolsonaro pelo crime de abuso de poder, o Conselho de Governadores é o marco para a tomada de decisão administrativa no âmbito do MPF, tem dez membros e é presidido pela PGR.

Em recente nota pública, 29 subprocuradores-gerais escreveram que “é dever principalmente do Ministério Público proteger incondicionalmente o regime democrático, com efetiva protagonismo, através de investigações e processos criminais, ou através de manifestações exigidas através do Poder Judiciário”.

A organização disse ainda que “em defesa do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, de seus membros e de suas decisões, a Procuradoria-Geral da República terá que agir com força”.

Como mostrou o jornal Folha de S. Paulo, a posição de Aras provocou um debate nos bastidores do STF, do MPF e do Congresso sobre táticas para tropeçar nas superpotências da PGR.

A discussão gira em torno do fato de que o titular é a única autoridade que pode tomar decisões individuais que estão sujeitas a recurso.

Ao contrário do que acontece na fundação do Ministério Público, não há previsão legal explícita sobre o exame das declarações da Procuradoria-Geral da República quando ele se pronunciar, por exemplo, ao apresentar denúncia contra qualquer autoridade que tenha jurisdição sobre o Ministério Público. O STF.

Nos tribunais inferiores, as revisões dos advogados estão sujeitas à aprovação das Câmaras de Coordenação e Revisão compostas pelos subprocuradores-gerais.

Com a reeleição de Aras surge uma pergunta: se, uma vez libertado da caneta de Bolsonaro para reintegrá-lo, ele substituirá seu cargo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está liderando as pesquisas eleitorais para 2022 e Aras próximo de membros do PT em um passado não muito distante.

No Ministério Público, a avaliação é que Aras o fará, por enquanto, que ainda sonha em ser ministro do STF e faz campanha pela reeleição de Bolsonaro, até o presidente do Executivo discutiu a opção de nomeação do Ministério Público. General para um vazio na quadra.

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