Raymundo Faoro, o intérprete do Brasil

Raymundo Faoro (1925-2003) algo em seus trinta anos quando, em 1958, publicou seu trabalho fundamental: Os Donos do Poder, ebook publicado posteriormente pela Editora Globo, em Porto Alegre, com quem Faoro tinha uma relação por ser colaborador da revista literária Quixote, que o editor publicou.

Mesmo por sugestão de algum outro colaborador da revista, Erico Verissimo, que o ebook ganhou esse título. A chamada “Formação do Patronato Politico Brasileiro” original, que acabou se tornar o subtítulo das vigorosas pinturas que agora recebe uma nova vivacidade e edição oportuna.

“A Companhia das Letras publica toda a escola do pensamento social brasileiro. Sentimos muito a falta do Faoro, a quem eu pessoalmente aprecio muito”, diz o diretor editorial Otávio Marques da Costa.

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Uma das situações exigentes enfrentadas pela equipe editorial que gerenciou a duração do texto, enquanto a edição da década de 1950 teve 271 páginas e 140 registros bibliográficos, a segunda, de 1975, adquiriu cerca de 500 páginas e mais 1,2 mil registros bibliográficos. ainda é obrigatório incorporar novas leituras e análises na publicação.

“Buscamos mapear as táticas em que o eebook foi ganho ao longo dos anos. É um eebook que outras escolas de ideia sobre o Brasil se apropriaram, e ela está mais existente do que nunca”, diz o editor, que também é advogado e historiador. No entanto, os limites eram óbvios. A publicação não vem crescendo a ponto de ser quase inacessível.

Faoro escreveu: “O Estado e a nação, o governo e outras pessoas são outras realidades, desconhecidas umas das outras. “

Os Donos do Poder – A formação do patrocínio político brasileiro abrange seis séculos de história à tese do patrimonialismo, segundo a qual o Estado, no Brasil, é inevitavelmente subordinado a organizações de interesse e influência. O escritor chama essa organização de “estado burocrático”.

Faoro, jurista pela educação e promotor do Estado de Guanabara, originalmente um componente do Estado português, marcado através do poder monárquico, para chegar ao fundo do passado colonial, no qual a organização do Reino e da Velha República foi forjada.

Como escreve José Eduardo Faria, professor de Direito da USP no prefácio, o autor, nesta reconstrução, enfatiza a datação da subordinação entre Estado e sociedade, o que demonstra que a força em nosso país é exercida “por sua própria causa”. através de uma organização social composta por outros privilegiados que dominam a burocracia e extraem do aparato político-administrativo “os benefícios da força, do prestígio e da riqueza”.

O estrato burocrático, leitmotif da obra, é, segundo a definição de Faria, “um modo específico de estratificação por honra”. O domínio toma força como se o possuísse e usurpe a soberania do povo.

Os fundamentos dos conceitos de patrimonialismo e prestígio burocrático que Faoro investigou em Max Weber, mas forjar uma interpretação original do Brasil, vai além das categorias weberianas de racionalidade instrumental e dominação burocrática, aqui poder, de ser fundado na racionalidade administrativa, é uma questão de apropriação pessoal.

Celso Furtado, um weberiano como Faoro, diz que entendeu o país através de Os Donos do Poder

A relação de Faria com Faoro remonta à década de 1970. Também advogada, Faria no início de sua carreira educacional e trabalhou como repórter especial do Jornal da Tarde, quando entrevistou Faoro no Rio. O jornalista ao ouvir que ele ainda não era um homônimo, Faoro riu voluntariamente.

A troca verbal continuou até a tarde e a troca intelectual, pela vida. “É uma amizade de carta e cartão”, diz Faria, lamentando o fato de que, desde que morando em São Paulo, ela teve poucas oportunidades de compartilhar uma garrafa de vinho. com Faoro. Afinal, HeArray, um homem muito engraçado e charmoso.

Quando Faria entrevistou Raymundo Faoro, a atual edição de Os Donos do Poder não saía há muito tempo, enquanto a primeira edição ocorreu quase em nuvens brancas, além de um prêmio da Academia Brasileira de Letras, momento em que um evento Boa sorte é tal que em dez meses a primeira impressão se esgota.

Neste momento, Faoro, como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), também se tornou uma figura importante na luta contra o autoritarismo e culpado pela recuperação do habeas corpus através do regime militar.

No epílogo onde perfilam o ebook como “um romance sem heróis”, Gabriela Nunes e Bernardo Ricupero buscam perceber essa substituição na recepção. “Quando o momento substitui, os leitores substituem”, disse Ricupero em entrevista a CartaCapital, referindo-se ao fato de reverberarem nas pinturas superiores após a instalação da ditadura do exército.

Não se pode ignorar que, nas décadas de 1950 e 1960, foi difícil para os círculos intelectuais se conformarem com alguma outra teoria, além da teoria marxista, dominante na USP, como a máxima boa o suficiente para perceber o uso do país. a técnica de perceber o Brasil, que é cada vez mais importante, à medida que os limites das explicações marxistas se tornaram evidentes”, escreve Simon Schwartzman, em um dos três textos críticos improvisados da nova edição.

Ricupero acredita que, da mesma forma que ajudou a aliviar o sótão do autoritarismo, Faoro está contribuindo para a compreensão da catástrofe em curso. “A ascensão de Bolsonaro está diretamente relacionada aos pequenos interesses do sistema burocrático”, disse. “Esse procedimento” reforça as ideias de Faoro, ou seja, que o discurso liberal pode ser entendido como um subterfúgio para deixar as coisas como estão. “Ricupero e Gabriela também tentam dissipar alguns equívocos sobre o viés liberal que tentaram caracterizar o trabalho.

Os ecos de Faoro na oferta também são ouvidos em fortuna crítica através da voz de Marcelo Jasmin, professor da PUC-Rio, que define o governo existente como uma “aliança entre o establishment militar, a economia liberal e os fanáticos do novo”. Lei emergente de mídia social. ” Essa organização tem suas raízes no “máximo patrimonial da história da República brasileira, protegendo, cobrindo e prometendo proteger os excessos daqueles que se acreditam ser os novos detentores do poder”.

Nascido há quase cem anos, em um círculo de parentes de agricultores italianos no Rio Grande do Sul, Faoro era, desde sua infância, fiel à leitura. O advogado André Faoro, um de seus três filhos, diz que essa aventura intelectual original e improvável está registrada nos diários de seu pai, que estão sendo analisados através de um investigador. Os cadernos não foram utilizados para descrições de vida, mas para a busca de livros e reflexões sobre o país.

“Meu pai, quando não estava trabalhando, leu”, lembra o filho. No círculo dos almoços em família, o editor desfrutava da graça, especialmente aquela cortada pela ironia. E aos domingos, invariavelmente, ele dava a todos uma taça de vinho. Há dez anos, André e seu irmão Antonio trouxeram para o município de Arsié, na província de Belluno, no Veneto, uma cópia de Os Donos do Poder, na cidade de seu pai conheceram outro Faoro e, acima de tudo, descobriram as raízes da história. da imigração que acabou dando à luz um menino chamado Raymundo Faoro no Brasil e todos eles tomaram nacionalidade italiana.

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