Senadora Kátia Abreu (Foto: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO)
A nomeação dos próximos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) posicionou os integrantes do governo Jair Bolsonaro em lados opostos. O preenchimento do cargo já vago desencadeou no palco uma delicada cruzada, com acirrada disputa entre os senadores Antonio Anastasia (PSD-MG), Kátia Abreu (Progressistas-TO) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) programou o chamado esforço concentrado para a próxima semana, quando a Câmara vota para finalizar as indicações, acrescentando a do TCU. A audiência é organizada através da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, em seguida, há votação em plenário. As duas etapas devem ocorrer na próxima terça-feira. A última vez em que se decidiu por uma vaga no TCU sem acordo foi em 2008. A Câmara tem um prazo maior para construir o acordo, pois a nulidade pertence às únicas MPs abertas em julho de 2022, quando a presidente do TCU, Ana Arraes, vai se aposentar. No corredor verde do Congresso, dois aliados do presidente Bolsonaro já lutam pela vaga, sendo os republicanos um dos principais interessados. O deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) está na cruzada há meses. O chefe do partido, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, diz que tem um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), para que essa área tenha o leilão. O PL, por sua vez, precisa da deputada Soraya Santos (RJ) para ser a nova ministra. No final do mês passado, o presidente da festa, Valdemar Costa Neto, segurou um peixe frito com a torcida para fechar uma posição a favor de Soraya. Outros nomes, porém, também manifestaram interesse pelo cargo, como os deputados Hugo Leal (PSD-RJ) e Fábio Ramalho (MDB-MG). Os membros do Rito TCU são selecionados de outras formas. Três cadeiras correspondem ao Senado; 3 na Câmara, um na Presidência da República, um no Ministério Público das Contas e um na Auditoria. O local de trabalho do ministro do tribunal é cobiçado porque é vitalício e tem uma influência maravilhosa no mundo político. O TCU foi, por exemplo, culpado da sentença de “pedalada fiscal” que apoiou o pedido de demissão da então presidente Dilma Rousseff (PT). Hoje, o Palácio do Planalto tem poucas discussões com o TCU. Bolsonaro tentou mais de uma vez reunir os ministros, fazer uma reaproximação, mas a tentativa só resultou em reuniões vazias. Apesar da seleção dos remajors circulares com o Senado, o vazio que será explicado na próxima semana só foi aberto por meio da ação do Planalto. Bolsonaro nomeou Raimundo Carreiro como embaixador do Brasil em Portugal e a moção previa uma retirada que só tomaria posição em 2023. Embora Kátia Abreu e Antonio Anastasia tenham criticado Bolsonaro no passado, nenhum deles é visto como hostil ao Executivo. Bezerra Coelho, por sua vez, é o líder do governo no Senado. A nomeação de Array Oliveira também se referiu à aposentadoria antecipada de um ministro, em 2020: José Múcio Monteiro, que foi presidente do TCU e só sairá do tribunal em 2023. Na atual composição do TCU, os outros dois nomes são Simpáticos ao governo São eles Walton Alencar e Augusto Nardes. Se as indicações dos Aliados para as cadeiras do Senado e da Câmara dos Deputados forem confirmadas, o presidente tentará mudar de rumo e conquistar a maioria, com até cinco dos nove ministros. Ao mesmo tempo, com a saída de Carreiro, a influência da DMO está diminuindo. Haverá remajor de Vital do Rêgo e Bruno Dantas ligados à perna. O PSB ficará sem representante com a aposentadoria de Ana Arraes. O diretor da organização não governamental (ONG) Transparência Brasil, Manoel Galdino, criticou as movimentações do Bolsonaro no terreno e apontou o dedo à equipe. “Isso compromete a indefinição do Tribunal de Contas, pois o preenchimento das tabelas passa a ser um controle parcial do governo, e não apenas em questão de tempo”, afirmou. Os dados são do jornal O Estado de S. Paulo.