SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O xadrez não é mais o assunto favorito de Henrique Costa Mecking. Conhecido como Mequinho e com cerca de 70 anos, o maior enxadrista brasileiro prefere falar sobre religião.
“Selecionei através de Jesus como o profeta da revelação há 12 anos”, diz ele. Segundo ele, ele ainda deseja ser sagrado através de um bispo para ser identificado em toda a Igreja Católica. Quando isso acontecer, diz ele, muita coisa vai mudar.
“A partir daí poderei ajudar a Igreja, o mundo, tudo da maneira mais produtiva imaginável. E, naturalmente, para salvar o Brasil do comunismo e da sangrenta guerra civil”, disse ele, referindo-se às punições evocadas na suposta aparição. de Nossa Senhora em Cimbres, na comunidade de Pesqueira (PE).
Seu intenso namoro com fé é antigo. Tudo começou em março de 1978, quando começou a frequentar uma organização católica de renovação carismática no Rio, onde morava.
Meses antes, Mequinho havia aprendido que sofria de miastenia gravis, doença que afeta os músculos e, nos casos mais graves, pode levar à morte.
Sua condição é dramática, com frio incontrolável, fraqueza muscular e incapacidade de engolir, a ponto de comer comida em um liquidificador. Ele acreditava que morreria em algumas semanas.
Segundo Mequinho, em maio de 1979, ocorreu um milagre: uma oração liderada por uma menina conhecida como tia Laura, foi curada através de Jesus Cristo, que o salvou de 99% da doença.
Mequinho insistiu em continuar jogando xadrez, mas o cansaço o impediu de jogar mais tempo. Ele teve que deixar os fóruns por um total de 17 anos. Tentei voltar nos anos 90, sem sucesso; então eles deram a ele em 2000, mas não no mesmo nível.
Antes de lutar na década de 1970, Mequinho almevadia ser campeão mundial. No ranking da Fide (Federação Internacional de Xadrez, na sigla em francês), ele chegou a aparecer em 3º lugar, o apogeu de um enxadrista que foi consagrado como uma criança prodígio em um país sem cultura neste esporte.
Nascido em Santa Cruz do Sul (RS) em 23 de janeiro de 1952, Mequinho aprendeu a jogar xadrez por volta dos seis anos de idade em São Lourenço do Sul (RS), onde tinha ido morar quando bebê. Ele surpreendeu os cidadãos de uma cidade pequena quando enfrentou os adultos cara a cara aos sete anos de idade e pode ter um pouco de sucesso nas peças sobre a mesa.
Aos oito anos, mudou-se para Pelotas (RS), cidade maior com alguns jogadores do país. A criança evoluiu. Tornou-se campeão municipal e estadual aos 12 anos e brasileiro aos 13, feito que chamou a atenção de enxadristas de todo o mundo.
No início de 1967, pouco depois de seu 15º aniversário, Mequinho conquistou a Copa Sul-Americana, um feito inédito na história do xadrez.
Graças às suas atuações no torneio continental, o prodígio chegou ao ponto de mestre estrangeiro. Antes dele, no Brasil, Eugênio Alemão, de Minas Gerais, havia atravessado aquele degrau, em 1952, aos 21 anos.
Naquela época, fide separou a elite do xadrez em duas categorias: Master Internacional e Grandmaster Internacional (hoje, sob estes, ainda há aspirantes a Maestro Fide e Maestro Fide).
Em uma analogia, eles são como lenços nas artes marciais. Para alcançá-las, é satisfazer certas necessidades e realizar ações compatíveis com a mais produtiva do esporte. No Brasil, na década de 1960, ninguém tinha faixa preta (na Argentina havia seis grandes mestres, somando três estrangeiros naturalizados).
Com o objetivo de formar um grande mestre e campeão mundial, Mequinho se colocou exclusivamente no xadrez desde 1970, muito antes disso, ele não pensava mais em mais nada.
Ele alcançou seu primeiro propósito em 1972, no Torneio Internacional de Hastings (Inglaterra), o maior clássico do xadrez e um dos mais prestigiados do momento. Ele acrescentou as questões obrigatórias ao desenhar com o romeno Victor Ciocaltea em 13 de janeiro, aos 19 anos (seu novo prestígio só era conhecido através da Fide no final do ano, mas é apenas uma formalidade).
“Senti a maior emoção da minha vida e lembrei dos brasileiros do outro lado do Atlântico. Ofereço minha vitória a todos os brasileiros”, disse o jovem grão-mestre na ocasião. E ele perguntou: “Preciso de muita gente no aeroporto. Eu amo o calor humano, minhas outras pessoas, meus amigos. “
Quando chegou ao Galeão, em 18 de janeiro, descobriu muitos entusiastas do Flamengo (clube pelo qual jogou) e acadêmicos da Universidade Gama Filho (onde era professor), além de vários enxadristas. Faixas de congratulações decoraram o corredor e percusionistas. de Mangueira garantiu o samba.
Mequinho marchou no Rio em um caminhão de chaminés. Carros particulares e ônibus formaram a procissão, enquanto uma bombinha explodiu aqui e ali. os tricampeões de futebol.
Dois dias depois, o enxadrista abriu o Jogo Flamengo x Vasco no Maracanã, em duelo digno do Torneio de Verão, aclamado por mais de 29 mil pessoas.
Sua fama, que já era grande, continua a crescer. Figura comum em jornais, revistas e programas de televisão, além do Chacrinha, Mequinho se tornou uma celebridade.
Raúl Seixas fala sobre o enxadrista em sua música “Super-Herois”, de 1974. O poeta Carlos Drummond de Andrade, em crônica do Jornal do Brasil, reclamou da falta de ênfase na literatura e do “excesso de aplausos distribuídos a Pelé, Mequinho”. Naquela época, o atleta do século, o mestre e piloto Emerson Fittipaldi constituía a trindade do esporte brasileiro.
Em 1973, Mequinho venceu o Torneio Interzonal, uma espécie de primeira fase do campeonato mundial e que atraiu os enxadristas mais produtivos do planeta. Três anos depois, ele repetiu o feito.
No entanto, ele nunca foi capaz de avançar na oitava final que precede a disputa pelo nome de campeão mundial.
Depois de Mequinho, o Brasil encontrou um grande mestre até 1986. Hoje, são 14 no total, como a Islândia, com seus 366. 000 habitantes.
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É A MÁQUINA
– 1964 : Campeão de Bola
– 1964: Campeão do Rio Grande do Sul
– 1965 – Campeão do Brasil
– 1967 – Campeão sul-americano
– 1972: Grande Mestre Internacional
– 1973 – Campeão Interzonal
– 1976 – Campeão Interzonal
LIVROS PRINCIPAIS*
– “Como Jesus Cristo salvou minha vida”
– “Mequinho – Os Fracassos de um Grão-Mestre”
– “Finais de Xadrez e Grande Mestre Mequinho”
*livros podem estar em https://xadreztotal. com. br/gmmecking/