Garimpo ilegal ameaça região de Alter do Chão, no Caribe da Amazônia

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By People’s Hour Posted on January 26, 2022

Uma série de fotografias de satélite de alta resolução analisadas através do consórcio de Entidades MapBiomas mostrou o avanço do garimpo ilegal na região próxima a Alter do Chão, no Pará, a partir da água de Alter do Chão, uma das praias mais procuradas do Brasil, um hotel de praia a 37 km do domínio urbano de Santarém, no oeste do Pará.

Nos últimos meses, a cor da água do Tapajós, que é azul-esverdeada, ficou nublada, piorando desde meados de dezembro de 2021, quando uma faixa gigante perto da Ilha do Amor, principal praia de Alter do Chão, passou a ter uma cor turva.

“Os ajustes de cor nas águas do Tapajós e sua foz são comuns e intensos, e coincidem com um avanço significativo da atividade de mineração na região”, disse o consórcio MapBiomas, que sobrevoou a região, em nota técnica publicada nesta semana nesta segunda-feira (24).

Segundo o texto, tudo indica que a poeira da exploração dos afluentes do Tapajós como o Jamanxim, o Crepori e o Cabitutu explica a longa faixa de sedimentos que invadiu o rio este ano e seu curso decrescente para a foz é visual. .

Devido à inundação do rio, as águas escurecem regularmente. Mas, segundo Mapbiomas, apenas a opacidade cíclica e herbácea desta época em que o ponto de água começou a subir não justifica os ajustes conhecidos em Alter do Chão e em outras partes do rio este ano.

O consórcio também observa que é possível ver a partir de fotografias de satélite que a coluna de poeira já estava presente no Rio Pará em julho, mês da seca, quando não há influência do Rio Amazonas.

A pesquisa observou que o domínio da mineração na Amazônia aumentou dez vezes nas últimas três décadas, e 2020 (último ano para o qual há dados) registra o registro da série antiga. A pandemia causou uma explosão no valor do ouro. , que em 2020 alcançou pela primeira vez 2. 000 dólares americanos consistentes com a onça troy (unidade de vendas de ouro, a 31,1 gramas). Sem inspeção e vigilância das agências culpadas, isso provocou uma corrida desenfreada do ouro na Amazônia.

Um estudo do Greenpeace mostra que 73% dos espaços desmatados para mineração entre janeiro e setembro de 2021 atingiram espaços (piscinas de conservação e terras indígenas). As terras indígenas de Cinza Saí e Munduruku, no sudoeste do Pará, por exemplo, representam sozinho o edifício alarmante. de quase 2. 300% na extensão dos rios afetados pela mineração nos últimos cinco anos.

“Há uma explosão no número de minas na Amazônia, especialmente no Meio Tapajós. Você tem um incentivo de acumulação no valor do ouro, como resultado da própria pandemia, mas você tem um grande incentivo negativo, destrutivo na minha opinião, a partir da posição do governo Bolsonaro, que tem se manifestado desde o início em favor de regulamentações mais flexíveis em relação às minas, da expansão das minas. E isso motiva uma espécie de “libertação geral” para aqueles que estão no chão. É como: você pode fazer isso porque o governo vai te ajudar”, disse Suely Araújo, ex-presidente do IBAMA e representante do Observatório do Clima.

As consequências do avanço descontrolado da atividade de mineração não se limitam a danos ambientais, o que é, por si só, desastroso. A Universidade Federal do Oeste do Pará tem graus de mercúrio no sangue dos moradores, dez vezes maior do que o recomendado. Mineiros usam mercúrio para separar o ouro dos resíduos.

A PF instaurou uma investigação para investigar os motivos da mudança de cor das águas do Rio Tapajós. A investigação foi aberta na quinta-feira (20) e também coletará amostras de água turva em outros pontos do rio para posterior investigação e laudo especializado.

A empresa informou ainda que técnicos do Ibama e da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, juntamente com o departamento de chaminés, iniciaram uma inspeção emergencial no Tapajós nesta quarta-feira (19). Amostras foram colhidas e enviadas para pesquisa após a água mostrar uma cor nublada. cor – não listada na área.

O Ministério Público Federal enviou solicitações ao Ibama e ao Ministério do Meio Ambiente informando sobre as medidas que estão tomando para envolver o rio.

Em 2021, Alter do Chão ganhou o prêmio de destino turístico do país na 31ª edição do Prêmio UPIS de Turismo. os prêmios deram visibilidade nacional e estrangeira, contribuindo para elevar o ponto turístico da região, que triplicou o número de visitantes.

O turismo é culpado pelo acúmulo de R$ 140 milhões por ano na cidade de Santarém, onde está localizada a cidade de Spa, que recebe 200 mil turistas por ano. Esse valor corresponde a 18% do orçamento anual do município.

O consórcio de estabelecimentos ambientais MapBiomas acredita que esse avanço na extração de ouro em áreas protegidas deve-se, em parte, ao fato de as fiscalizações do Ibama enfraquecerem esse período. O cenário pode piorar desde que o presidente Bolsonaro enviou o PL 191/2020 à Câmara. , que abre todas as terras indígenas do país para prospecção e mineração comercial.

Para ter sucesso no ouro, os garimpeiros cavam os fundos dos rios com dragas ou desviam seu curso cavando enormes ravinas com carregadeiras de rodas. A destruição pode aumentar por quilômetros ao longo do curso do rio. Em ambos os casos, o pó é descarregado na água. mesmo, a jusante da fazenda (na direção da corrente do rio).

A mineração ilegal tem atuado fortemente na gestão de Jair Bolsonaro. No final de novembro passado, cargas de dragas e balsas atracaram no Rio Madeira, no município de Autazes (113 quilômetros de Manaus) para extrair ouro. De acordo com o Greenpeace Na investigação, 300 barcaças exploravam ouro no domínio sem licença ambiental para a atividade. As naves permaneceram no local por cerca de 3 semanas. Uma operação conjunta da Polícia Federal com a participação de vários resultou na expulsão dos fraudadores exploradores.

A Agência Nacional de Mineração (AMN), empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia, culpada pela concessão de terras mineradoras para a atividade do garimpeiro, faz vista grossa para ações ilegais. No ano passado, dois traficantes apontados pela PF para liderar o tráfico na região do Tapajós (PA) ganharam uma licença do governo federal para explorar ouro em um domínio de mais de 810 hectares na Amazônia. O domínio é de cerca de 800 campos de futebol.

Em 2019, um relatório do Instituto Escolhas com base no conhecimento do Instituto Socioambiental (ISA) destacou que a mineração é a principal causa de degradação ambiental nas terras indígenas de Mundurukú. Este domínio fica a cerca de trezentos quilômetros de Alter do Chão. Dos 1. 926 hectares de desmatamento registrados na TI, 71% são causados por atividades ilícitas de mineração. Dos 197 hectares de degradação registrados nos primeiros meses de 2020, 90% devido a esse tipo de atividade.

Ainda em 2019, uma ação judicial foi ajuizada com laudo pronto por meio da Polícia Federal (PF) e da UFOPA, para solicitar à Justiça medidas contrárias à precariedade geral da exploração de ouro no país. O Ministério Público Federal apontou que a quantidade de sedimentos descarregados apenas nas águas do Tapajós, devido à extração ilegal de ouro, atingiu um total de sete milhões de toneladas consistentes com o ano. A cada 11 anos, a quantidade desse lixo despejado equivale à da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana (MG) em 2015, destruindo o Canal do Rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo.

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