O contexto existente, segundo Vescovi, prevê uma economia que deverá crescer menos e com taxas de juros mais compactadas pelo ambiente inflacionário – que, por sua vez, tem como pano de fundo rupturas nas cadeias produtivas. Mas a aposta vai além.
“A era pós-pandemia ainda deixará linhas não apenas de ruptura nas cadeias produtivas – podemos isso a montante – mas de uma revisão nas próprias cadeias, uma tentativa de torná-las mais próximas, mais locais, menos globais, então (há) como resultado uma perda de produtividade”, disse Vescovi em entrevista à Reuters no dia anterior.
Por um lado, lembrou, o mundo vive avanços tecnológicos “extremamente importantes”, que exigem a reversão das políticas públicas de bem-estar e crescimento econômico social.
“Temos muitas situações exigentes na economia global, e o Brasil parou”, disse. “As reformas que ajustaram o ambiente interno em si. . . É como parar de fazer o dever de casa com todos esses ajustes que estão acontecendo”, acrescentou.
Para Vescovi, deve estar “muito” envolvido no que está em jogo nas transições tecnológicas e de poder e também nos limites impostos pelas restrições que o mundo enfrentará, sejam elas geopolíticos ou ambientais.
“E, ao mesmo tempo, temos que nos preocupar com nossos desafios internos. Temos o ambiente mais feroz em termos de mais desigualdade após a pandemia, problemas concretos com nossa expansão e escolhas muito difíceis. “
INFLAÇÃO
Em um Brasil que tem produzido ainda mais desigualdade após o início da crise fitness, o medo maravilhoso é que o papel dos debates políticos e decisões como consultor do país seja ocupado por um ator.
“Acho que o grande medo, a longo prazo, em relação ao futuro, é que a inflação venha com uma ‘má ajuda’ por causa da dificuldade que temos em arbitrar conflitos ao tomar decisões sobre reformas, já que temos uma sociedade ainda mais desigual e polarizada. e diminuir o clima de consenso”, disse o ex-secretário do Tesouro Nacional.
Ele argumenta que, na ausência de reformas, a expansão da carga tributária é percebida como uma solução “quase inevitável” para atender ao crescente apelo aos gastos públicos, mas que isso se choca com uma sociedade que não só não precisa aumentar os impostos como também precisa.
“O contraponto aos gastos é a carga tributária. Isso ainda não é transparente para a sociedade brasileira. Por que ainda temos a atração da inflação, que é um mecanismo de financiamento oculto e injusto, mas que funciona muito bem para financiar contas e esses conflitos”, disse.
Em um país que vive uma das inflações mundiais, segundo o economista, esse fenômeno está correlacionado com a fragilidade macroeconômica, focada nas contas públicas, que não se baseiam mais na âncora fiscal que apresenta através do teto de gastos.
“Abandonamos nossa âncora fiscal como medida de consolidação antes de concluir essa consolidação. [. . . ] O teto de gastos tende a ser revisto pela próxima administração (federal), seja ela qual for. “
Vescovi considerou que houve “conflitos distributivos” nisso e que o Brasil merece se comunicar novamente sobre reformas, embora tenha afirmado que havia pouco tempo para isso.
“MERGULHE O SUFICIENTE”
O ex-secretário de finanças disse que seria muito positivo se o debate eleitoral incluísse o controle das contas públicas e como agravar os conflitos socioeconômicos. da variante Ômicron de Covid-19.
A nova onda recorde de casos de coronavírus no Brasil está forçando um viés de queda na projeção do Santander de uma expansão do PIB de 0,7% este ano, com pressões negativas também provenientes de intensas discussões sobre endurecimento nos Estados Unidos e perigos semelhantes à cultura agrícola brasileira, impactados pelo clima.
A taxa de câmbio tem se apreciado recentemente, mas Vescovi alertou para as mudanças de humor entre os investidores à medida que as discussões sobre o aumento das taxas de juros dos EUA se intensificam. O banco projeta a moeda americana em 5,70 reais até o final de 2022.
O dólar à vista caiu 0,61% nesta sexta-feira, a 5,3915 reais, o menor preço desde 1º de outubro de 2021. Com apenas um inquérito comercial pendente até o final de janeiro, a moeda acumula queda de 3,27% no mês. Nesse ritmo, está a caminho de registrar a maior queda mensal desde junho de 2021 (-4,77%) e a maior queda de janeiro desde 2019 (-5,57%).
“Na última eleição, onde combinamos maior polarização, baixa expansão e problemas sociais, tivemos muita volatilidade. Então acho que este ano será um ano em que vamos tremer muito”, concluiu.