Com mais de 30 mil fãs nas redes sociais e mais de 2,4 milhões de visualizações, a professora, primeira Miss Indígena de Roraima, a estudante Mari Williams, 19, agora também é uma influenciadora virtual. Estas são as atribuições e conquistas que a jovem nativa da Wapishana outros já carregam em seu currículo. Mostra a cultura, os costumes, o regime e a luta das comunidades indígenas de Roraima com uma combinação de humor e informação.
Como qualquer influenciadora virtual inteligente, Mari também faz tutoriais para seus seguidores, como vídeos em que ensina a comer buriti e um passo a passo de como preparar o beiju. Mas, além disso, também usa seu escopo para denunciar. a falta de infraestrutura para instalações comunitárias críticas.
O bom humor é a principal “arma” de Mari na internet, basicamente para combater algumas notícias falsas que se espalham sobre a população indígena. maridos como eles querem.
Mari nasceu na rede indígena de Raimundão, no município de Alto Alegre, na região norte de Roraima, mas mora na rede Raposa Serra do Sol, com os indígenas Ingarikó, em Uiramutã, onde leciona jovens em uma escola no domínio e, portanto, leva o crédito por sua exposição para mostrar a verdade do povo.
“Nunca usei muito o Instagram, comecei em meados de 2020. postei coisas da comunidade do Raimundão, mas nunca com muita gratidão. Em julho do ano passado, comecei a treinar em uma escola indígena na comunidade da Serra do Serra Sol. . Quando fui morar lá, como era uma cultura completamente diferente da minha, comecei a postar coisas de lá como comida, cotidiano, suas experiências”, conta Mari.
A vida de Mari Williams como influenciadora virtual começou depois que ela ganhou o concurso Miss Indígena 2021. Antes de ganhar o cinturão, ele diz que não tinha tanta visibilidade, mas que estava ganhando seguidores e que usou sua voz para algo maior: “Quando eu estava escolhi a primeira mulher indígena do estado, tudo começou a ter mais repercussão. As pessoas começaram a aprender mais sobre minhas pinturas e os fãs começaram a crescer. Foi quando comecei a usar mais essa ferramenta, toda vez que eu tinha uma teia na Raposa Serra fazendo Sol”.
“Tudo tem um lado inteligente. As outras pessoas de Ingarikó são outras pessoas remotas, vivem em um domínio de difícil acesso e enfrentam muitas necessidades. Foi quando comecei meu projeto de mídia social de outra perspectiva. Qual é o sentido de ter tantas outras pessoas me seguindo se não há explicação para por que eles estão lá?”
Ele também diz que a região da Raposa Serra do Sol, onde mora o outro Ingarikó, “é linda”, com beleza de ervas, banhada pelo Rio Cotingo e dá uma ampla vista do Monte Roraima, mas diz que aparecendo apenas as maravilhas do local, não faria “muito sentido” diante das “muitas dificuldades dos outros”.
“É muito fácil para mim simplesmente postar nas redes a bela paisagem que está lá, a posição gloriosa e cativante sem aparecer o que está acontecendo lá, porque eu preciso que outras pessoas conheçam a nossa realidade, a dificuldade que o instrutor enfrenta para chegar lá e treinar. lá”, diz ele.
Nas primeiras mensagens com maior repercussão, Mari contou como construiu a rede de postes fitness e expôs o palco de uma de suas alunas, que frequentava elegantemente em uma cadeira com um buraco no meio. Como resultado, a escola ganhou uma doação de cerca de cem mesas, o que lhe deu uma sensação de “missão cumprida”.
“Mostrei como foi criado o suporte fitness, com o dinheiro do retorno da morte de um morador lá, a precariedade da infraestrutura que são direitos básicos. Tudo isso, comecei a postar. Bem, ganhamos uma doação de cem carteiras, por causa de uma ‘história’ que eu tinha publicado”, lembra.
“O verdadeiro objetivo é mostrar a verdade, porque muitas outras pessoas me dizem: ‘Marido, você nos constitui’, mas qual é a Constituição?Para tomar, por um lado, para mostrar e fornecer a verdade do meu outro povo, nossa cultura. , para anunciar o artesanato, nossa música, nossa comida, a importância de uma damurida”, acrescenta.
Como uma das maiores aliadas inesperadas na luta contra o preconceito, Mari tomou a decisão de confiar no humor como forma de combater a desinformação. A influenciadora briga com muita ironia.
Em um vídeo, por exemplo, a jovem ironiza a notícia falsa de que a Fundação Nacional do Índio (Funai) distribui celulares iPhone para toda a população das comunidades, informação incorreta que ela admite “a deixa louca”: “Também vejo usando o humor para criticar os estereótipos e preconceitos que outras pessoas têm com a população indígena no Brasil. Se levarmos tudo o que ouvimos literalmente, meu Deus!Teríamos muita tête. il é indígena, mas ele tem um iPhone, ele tem um carro. “Para uma parte gigante da população, nós, indígenas, não podemos ter nada e se temos ou algo assim, é a Funai que fornece isso. “
“Muitas vezes, para que os outros prestem atenção em nós, temos que mudar nosso foco, porque senão vamos pressionar a mesma tecla dizendo as mesmas coisas. Às vezes fica chato, chamam de “mimimi”. Isso reduz anos de luta e anos de dor a ‘mimi’, “
A instrutora relata que recebe muitos comentários positivos em seus vídeos, mas tem que lidar com os usuários da web compartilhando informações e preconceitos incorretos. “Com o vídeo do iPhone, muita gente riu. Muitos nativos me enviaram mensagens de agradecimento, porque prestamos muita atenção a isso, quase o tempo todo. Recentemente ganhei comentários como “ah, é por isso que o governo vai pagá-los”. web e meu celular eu mesmo com o meu trabalho”, diz a jovem.
Em algum outro vídeo, que tem muita ressonância, quando perguntado que tipo de mulheres um cara wapishana pode ter, Mari responde – com humor e sem perder a pose – que em sua rede um cara só pode ter uma esposa, mas que um woguy pode ter quantos maridos homens quiser. O vídeo foi visto por quase um milhão de pessoas que fizeram comentários como “Eu gostaria de fazer parte dessa cultura”, “Por que não tenho isso na minha cultura?”e “Se um marido está confuso o suficiente, muito menos cinco. “Mas também provocou o que a jovem chamou de “revolta masculina”.
“Estamos acostumados a ver nos costumes mundiais onde os homens têm o direito de ter mais mulheres. Quando o usuário me perguntou e eu respondi com desdidade, isso causou enorme indignação em vários homens nos comentários deste post. Comentários misóginos e desrespeitosos. É uma evidência de que isso te incomoda.
“Muitas outras pessoas deixam comentários terríveis, mas, honestamente, eu não me importo, porque em geral recebo mais mensagens e elogios que me motivam a continuar. “
Mas Mari se pronuncia: nenhum de seus conteúdos é repetido ou roteirizado. Ela faz tudo espontaneamente, no gosto ela chama de “eu me sinto legal e eu fiz isso”: “Meus vídeos e o conteúdo que eu produzo no Instagram, eu faço”. ela. Conto com bobinas, histórias e busco fazer conteúdo semelhante, mas focado na minha realidade. Eu não tenho um roteiro, não há produção, é tudo muito espontâneo. “
A influenciadora lembra de um de seus vídeos aos quais também teve muito acesso, no qual mostra passo a passo como o beiju, um típico alimento indígena de mandioca, é produzido. “Um dos meus primeiros vídeos mostrou como fazer beiju. eles estavam fazendo e a ideia de gravar o passo a passo. Como ainda estavam raspando yucca para fazer mais, comecei a gravar. Tem um vídeo entre eles raspando a mandioca, tem um ‘curuminzinho’ trazendo os ingredientes, um pendurando a yucca, alguma outra grade”, diz.
“São coisas que acontecem mesmo no local, eu não faço nada repetido, penso em fazer um vídeo, são coisas que acontecem, nada é planejado, é muito espontâneo. Acho que é por isso que afeta muita gente, porque não há nada forçado. “
Mari Williams orgulhosamente diz que é uma influenciadora indígena. Ele também lembra que sua tarefa começou antes mesmo de começar com a mídia virtual. Em 2017, quando eu estava no ensino médio, muitos colegas tinham vergonha de ser indígenas e eu tinha uma tarefa na qual eu buscava colocar um preço na cultura musical indígena. Naquela época, 60% dos bolsistas eram indígenas, a diversidade de culturas era enorme, havia wapichana, macuxi, ingarikó e indígenas Taurepang. Passamos muito tempo lá e nos faltou comunidade, nossos costumes. ” orgulho das comunidades que estudaram na escola”, acrescenta.
Para Mari, uma de suas maiores conquistas é poder se comunicar com mulheres indígenas que, como ela, estão passando por dificuldades semelhantes, mas também alegrias semelhantes. “Muitas mulheres, quando mostrei meu espaço na Serra do Sol, que é feita de argila, se conhecem, porque é a realidade delas. Muitos deixaram a rede e foram para a aldeia procurar notícias para examinar e na ausência ou não, acabam tendo dificuldades para voltar para a rede”, diz.
“Uma das maiores coisas positivas que me deram foi o respeito e o interesse dos outros pela nossa cultura. o termo correto que é ‘indígena’, coisas assim.
Mas Mari Williams diz muito claramente: sua prioridade é seus alunos e seu hobby é estar na sala de aula praticando ensino. “Meus alunos e meus quadros como instrutor são minhas prioridades. É por isso que eu sacrifiquei muito, várias reuniões, estar em vários eventos, para poder ir à aula. É um compromisso que fiz antes de ser miss ou uma influenciadora. Em sala de aula, sou instrutor e meus alunos, em sua maioria, não têm acesso a tintas líquidas ou não sabem o quão vital é esse nome de primeira-dama indígena”, conclui.
*Por Caïque Rodrigues