Brasil decide não assinar carta da OEA contra guerra na Ucrânia

POR METRÓPOLIS

O Brasil assinou um documento emitido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) condenando o ataque russo ao território ucraniano.

Além do Brasil, países como Nicarágua, Cuba, Bolívia e Argentina não precisam assinar a declaração emitida pela OEA, segundo a Metropoles.

Na carta, a OEA “condena veementemente a invasão ilegal e injustificada” da Ucrânia através da Federação Russa e “pede a retirada imediata da presença militar e a cessação de toda a ação extra-militar naquele país”. Presidente para “parar rapidamente as hostilidades, desativar, retirar todas as forças e aparelhos da Ucrânia e retomar o caminho da discussão e das relações internacionais para a resolução de disputas”.

Um interlocutor envolvido no caso explicou ao jornal O Globo que a delegação brasileira possivelmente não teria assinado a carta porque: 1) A Ucrânia está no continente europeu e; 2) Posição do Brasil expressa no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

Na assembleia do Conselho de Segurança da ONU de sexta-feira (25/02), o embaixador do Brasil na organização, Ronaldo Costa Silva, condenou os ataques russos e disse que o global “terá que se livrar da guerra, da paz e do direito estrangeiro terá que prevalecer”. Ele acrescentou que o Brasil apoia a busca por um “equilíbrio” e chamou a invasão do território ucraniano de “inaceitável”.

Por sua vez, o embaixador do Brasil na OEA, Otávio Brandelli, em seu discurso, ressaltou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas é o quadro que “tem o dever número um para a manutenção da paz e da segurança externa”.

Pré-candidato à pré-candidatura da República, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que ao não assinar uma carta da OEA condenando a invasão russa da Ucrânia, “o Brasil está do lado de ditaduras como Cuba e Nicarágua, que também se recusaram a ratificar o documento. O tucano observou que 500 brasileiros estão esperando na Ucrânia. “Será que este governo terá um aspecto com democracia ou com autoritarismo?”, provocou o ex-melhor amigo do pré-aspectar Jair Bolsonaro (PL).

A reportagem da Metropoles perguntou sobre o Itamaraty, mas a empresa ficou feliz em comentar o assunto. A área permanece aberta.

Descubra o discurso completo de Otávio Brandelli na OEA:

“Como membro não permanente, o Brasil participa ativamente das discussões sobre o cenário da Ucrânia no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o quadro com o dever número um para a manutenção da paz e segurança estrangeiras.

O Brasil está seriamente envolvido em operações do exército russo contra alvos em território ucraniano. Estamos presentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas, orientados para a busca de respostas diplomáticas para a crise na Ucrânia. Estamos profundamente envolvidos na determinação da Federação Russa de enviar tropas para o campo, bem como a perda de vidas e riscos para a população civil. De outro ângulo, também é obrigatório levar em conta os temores de segurança expressos em toda a Federação Russa nos últimos anos, basicamente porque temem o equilíbrio das tropas. e armamentos estratégicos no contexto europeu. Isso não dá à Federação Russa o direito de usar a força e ameaçar a integridade territorial e a soberania de algum outro Estado.

O Conselho de Segurança da ONU tem a legitimidade de se manifestar e tomar as medidas necessárias para garantir uma paz duradoura. O Brasil reafirma seu compromisso de apoiar projetos voltados à cessação precoce das hostilidades e à recuperação da paz na região, que são nosso principal objetivo.

Nossos esforços também visam evitar uma catástrofe humanitária, juntamente com a intensificação dos fluxos de refugiados. Os princípios do direito humanitário devem prevalecer. A vida dos civis e os desejos das pessoas, especialmente os mais vulneráveis, terão que ser nossa prioridade neste momento.

Reiteramos nosso apelo para uma cessação total das hostilidades, a retirada das tropas do território ucraniano e a retomada antecipada do diálogo diplomático. Não há escolha a não ser negociar diante da crise existente.

As questões de segurança coletiva baseiam-se, em última análise, no respeito ao direito estrangeiro e aos princípios e normas da Carta das Nações Unidas. No nível hemisférico, é vital lembrar que a promoção e a manutenção da paz também são objetivos refletidos na Carta da OEA, que é um quadro regional dentro das Nações Unidas, de acordo com o artigo 1º do nosso Documento Fundador. Nesse sentido, teremos de ter em mente que alguns dos objetivos inescapáveis da nossa Organização são justamente garantir a paz e a segurança continentais, superar as causas imagináveis das dificuldades e garantir a resolução não violenta das disputas que surgem entre seus membros; buscar uma solução para os transtornos políticos e econômicos que surgiram entre os Estados-Membros da Organização e alcançar uma limitação efetiva das armas tradicionais que permitirão que o maior número de recursos seja fiel ao progresso social e econômico dos Estados-Membros.

De acordo com a CARTA da OEA, além disso, os Estados americanos reafirmam como princípios, entre outras coisas, que o direito estrangeiro é a norma de conduta dos Estados em suas relações recíprocas.

A ordem estrangeira é necessariamente constituída pelo respeito à personalidade, soberania e independência dos Estados, e pelo fiel cumprimento das obrigações decorrentes de tratados e outros recursos do direito estrangeiro. estados condenam guerra agressiva, e disputas estrangeiras entre dois ou mais Estados americanos devem ser resolvidas por processos não violentos.

Teremos que levar em conta os esforços vitais desta organização na prevenção de conflitos e resolução de controvérsias no hemisfério através de uma variedade de mecanismos de resolução de conflitos, como negociação direta, mediação e resolução judicial e arbitragem.

Também é fundamental sublinhar o papel da nossa Organização e dos Estados-Membros na defesa e promoção de uma democracia representativa dos direitos humanos, na segurança multidimensional e no desenvolvimento integral, que possa contribuir para a promoção e manutenção da paz.

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