A Justiça Federal promete o direito à consulta prévia dos outros Munduruku em caso de porto anormal em Itaituba (PA)

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O efeito ambiental terá que cumprir as normas do protocolo de pré-consulta Munduruku

A Justiça Federal de Itaituba (PA) determinou que o Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (SEMAS), mantenha a suspensão do procedimento de licenciamento ambiental que afeta o terminal portuário da empresa Río Tapajós Logística (RTL). ), até consulta prévia, gratuita e informada com os povos Munduruku, conforme previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). As obras do terminal portuário corporativo começaram em 2019 sem qualquer consulta com os povos indígenas e as comunidades clássicas vizinhas.

A resolução faz parte da ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal contra a RTL e o Estado do Pará. A Terra de Direitos atua como um amicus curiae – ou “amigo do tribunal” – oferecendo dados e argumentos que garantem os direitos das pessoas envolvidas através da empresa. Além de adiar o processo de licenciamento ambiental, a resolução pede que a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) modifique os termos de referência do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para incluir nos levantamentos todo o domínio que acompanha a localização do porto de Itaituba até o terminal de cargas de Santarém, levando em conta as equipes étnicas Mundurukú dos Tapajós inferiores e médios.

Alessandra Korap, líder do Munduruku e moradora da vila da Praia do Índio – um dos territórios mais afetados se o porto for instalado – considera a resolução muito importante, mas ressalta a necessidade de uma inspeção para que as decisões judiciais sejam cumpridas. a decisão do juiz é muito importante. Mas para nós, os outros afetados, queremos ver como vai a estrutura. [. . . ] Você quer uma inspeção urgente”, diz ele.

O pedido de alessandra para inspeção e medo são justificados. Mesmo em meio à pandemia, as atividades e obras portuárias próximas aos territórios de Munduruku, em Itaituba, não pararam desde que o complexo portuário de Miritituba está localizado na comuna, que possui transbordo de carga. (ETC) de empresas exportadoras gigantes como Cargill. , Unitapajos, Hidrovias do Brasil (HBSA) e Cianport. O distrito de Miritituba é ultimamente um dos corredores logísticos essenciais para o agronegócio brasileiro e os projetos que já estão em andamento têm impactado sistematicamente a trajetória de vida dos povos indígenas da região.

O porto da RTL seria mais um componente do complexo portuário de Itaituba sem levar em conta a presença de outros povos indígenas. Os efeitos socioambientais causados pelos projetos ainda ocorrem na fase de planejamento e exame da vegetação, fauna e solo – como observado pelas comunidades – e se somam a outros causados por projetos que já atuam na região há mais tempo. Mesmo com o encerramento das obras da RTL em 2019, os outros Munduruku estão colhendo as consequências até o momento. “Vemos os efeitos: pescadores que não pescam e muita sujeira no rio”, diz Korap.

consulta prévia

A decisão da Justiça Federal estabeleceu consulta prévia, gratuita e informada como condição para a retomada das obras no terminal portuário rio Tapajós Logística, de acordo com as regras do Protocolo de Consulta Prévia Mundurukú.

Para Pedro Martins, assessor jurídico da Terra de Direitos, por meio do cumprimento do protocolo de consulta como condição para a concessão de licenças ambientais, a resolução estabelece um precedente positivo para garantir os direitos dos povos e comunidades clássicos da região do Tapajós, que sofrem com a expansão das instalações portuárias próximas aos territórios. “Trata-se de uma resolução paradigmática para essa sala de logística no Tapajós, que pode ser implementada após consulta com povos indígenas e comunidades clássicas”, disse.

O protocolo de consulta também deve consultar o estudo do componente aborígene que deve compor a Avaliação Ambiental (EIA) da porta RTL. Foram questionadas as linhas de consulta do mandato elaborado pela FUNAI em 2019. através do MPF em ação, considerando como domínio da realização dos estudos apenas dois territórios de Mundurukú – as reservas da Praia do Índio e da Praia do Mangue – a menos de 10 km das obras – descumprimento do que foi estabelecido através dos povos indígenas em seu protocolo de consulta.

“Não é uma consulta com um povo ou um cacique, é todo mundo: mulheres, crianças, xamãs, guerreiros, caciques, todos terão que ser consultados”, diz Alessandra sobre as regras previstas no protocolo.

A resolução da Justiça Federal torna-se emblemática para os povos indígenas da região do Tapajós, uma vez que promete que todos os povos Mundurukú e outros povos do Baixo, Médio e Alto Tapajós – acrescentando as Terras Indígenas não demarcadas – devem ser consultados na Consulta Prévia. . process. , solto e informado. Dessa forma, o tribunal obriga a FUNAI a modificar o mandato para examinar o componente indígena para a concessão da licença ambiental da RTL e também promete a retificação dos EIAs de outros 4 portos (Cargill, Unitapajós, HBSA e Cianport) que atuam em Itaituba.

Por Lanna Paula RamosFonte: Site de racismo ambiental

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