Amazonas: ONG pressiona ICC para processar Bolsonaro por crimes contra a humanidade

Por Paloma Varón, para RFI

O conhecimento mais recente mostra que, nos três primeiros meses deste ano, o maior domínio já registrado em um trimestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desmatou na Amazônia Legal. O total atingiu 941,34 km², a maior taxa desde 2016.

Esta é a principal explicação para a razão pela qual a ONG AllRise, que enviou à RFI um documento de 33 páginas com as alegações mais recentes, retorna ao ICC para responsabilizar os criminosos meteorológicos. efeito em nosso futuro. A guerra de Putin contra a Ucrânia e a luta contra as mudanças climáticas. O ICC pode lidar com qualquer um ao mesmo tempo?Johannes Wesemann, seu fundador, pergunta sobre a AllRise.

AllRise insta o Tribunal Penal Internacional e Karim A. A. Khan, procurador-chefe do ICC, abrirá uma “investigação preliminar sobre várias alegações contra Jair Bolsonaro e seu governo, pois todas elas fornecem evidências convincentes da urgência excessiva e do efeito global sobre a destruição e violações dos direitos humanos cometidas através de Bolsonaro e seu governo”, disse a ONG em um comunicado. A iniciativa é apoiada pelas ONGs de direitos humanos Deutsche Umwelthilfe e Avaaz, bem como pelo escritório de advocacia francês Bourdon.

William Bourdon, um dos mais conhecidos advogados de direitos humanos da França que representam líderes indígenas, comentou: “Congratulamo-nos com a rápida abertura de uma investigação sobre os crimes cometidos na Ucrânia e estamos cientes de que essas pinturas exigirão recursos humanos e econômicos significativos. No entanto, e este é o medo de muitas ONGs, isso não impede o Ministério Público de iniciar e realizar outras investigações igualmente urgentes e indispensáveis para a comunidade estrangeira.

Johannes Wesemann, que também é o iniciador da cruzada global “O Planeta Vs. Bolsonaro”, ressalta: “Entender o quão trágica é a guerra da Rússia contra a Ucrânia não significa que o cenário na Amazônia brasileira não está melhorando ou estabilizando, mas está acelerando a um ritmo de degradação e destruição. O conhecimento atual mostra que as promessas do presidente Bolsonaro na COP26 eram promessas vazias e, com as próximas eleições no Brasil, há uma urgência crescente de agir. “

A velocidade da destruição está se expandindo ainda mais rápido.

Reagindo ao relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 4 de abril, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tuitou que “alguns governos e líderes dizem uma coisa e fazem outra. Eles mentem. “

É o caso do presidente Bolsonaro, diz a ONG AllRise, que coletou provas, em parceria com ONGs de todo o mundo, além de conhecimentos recentes do INPE.

Wesemann pediu ao Tribunal Internacional de Justiça que tomasse uma posição. Os dados mais recentes apresentados pelo AllRise em 10 de maio destacam o aumento do desmatamento e a continuação das atividades ilegais de exploração madeireira e mineração, desde o primeiro relatório, em outubro de 2021.

A RFI entrevistou Johannes Wesemann, fundador da AllRise, sobre o assunto:

RFI – Por que uma denúncia momentânea foi apresentada contra Bolsonaro apenas sete meses após a primeira?O que substituiu tanto nos últimos meses?

Johannes Wesemann – Assim como o AllRise, temos apresentado uma queixa ao TPI contra Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade por sua destruição da Amazônia. Em outubro de 2021. So, em 10 de maio deste ano, enviamos mais dados para acompanhar nossa ordem inicial. A explicação para o porquê de termos feito isso para mostrar ao TPI e ao Ministério Público que o cenário na Amazônia brasileira não avançou nem desacelerou, pelo contrário: na verdade, está acelerando. Vemos isso nos novos números divulgados sobre o desmatamento, quebrando recordes todos os meses, bem como em uma série de gastos incrivelmente destrutivos que Bolsonaro tentou empurrar pelo Senado nos últimos meses, o que seria catastrófico para a sobrevivência da Amazônia e de seu povo. Essas atualizações entre outubro de 2021 e maio de 2022 foram descritas em nosso relatório de acompanhamento, por isso estamos arquivando esses dados, para mostrar a urgência e auxiliar o ICC em sua investigação.

RFI – O que esperar neste último ano de mandato de Bolsonaro?

JW – Ocorreu que Bolsonaro está no caminho certo para manter a política de seu governo em vigor, enquanto prossegue para tentar introduzir uma nova política que signifique crise para a Amazônia. Continua enfraquecendo a política de cobertura ambiental, acreditando que o desenvolvimento não serve economicamente. Notamos que Bolsonaro trata a Amazônia e sua população como uma mercadoria, quando na verdade é a salvação do resto do planeta.

RFI – Quais são as perdas para o Brasil e para o mundo se Bolsonaro ganhar um mandato momentâneo?

JW – Como discutido acima, Bolsonaro não está atuando em direção à Amazônia ou às comunidades que ali vivem, o último relatório do IPCC mostra “danos irreversíveis” à Amazônia brasileira. Estima-se que as emissões causadas pelo governo Bolsonaro, entre 2018 e 2022, levem a até 180 mil mortes relacionadas ao calor até 2100.  Imagine que se isso continuar ou acelerar, como faz ultimamente, a Amazônia se tornará uma savana, e isso significa que o resto do mundo tem muito pouco espaço para absorver emissões, já que este é um serviço maciço de nossas florestas tropicais ao redor do mundo.

RFI – Legalmente, é imaginável tentar Bolsonaro mesmo que ele esteja no poder?

JW – “O ICC só pode investigar e processar outras pessoas com mais de 18 anos. O TPI não pode investigar ou processar governos, corporações, partidos políticos ou movimentos insurgentes, mas pode investigar americanos que são membros de grupos. Portanto, o ICC pode investigar Jair Bolsonaro como um indivíduo, mas não seu governo como um todo. A explicação para o motivo de isso ser eficaz é que ela abrirá um precedente e ilustrará a posição do governo e dos líderes empresariais da ICC sobre a destruição ambiental.

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