Nesta terça-feira, 24, a Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense ganhou uma Indicação Geográfica (GI) na categoria Denominação de Origem (DO). Este é o 7º IG conquistado em Santa Catarina. O registro da indicação geográfica é concedido por meio do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a produtos ou características de sua posição de origem, o que lhes confidenciou reputação, preço intrínseco e sua própria identidade, além de distingui-los de seus pares disponíveis no mercado.
Gilberto Neppel, engenheiro agrônomo, extensionista do controle regional da Epagri em Canoinhas e culpado da atribuição de certificação de erva-mate no Planalto Norte, explica que o registro “comunica ao mundo que uma região segura tem especializado e tem a capacidade de produzir um artigo diferenciado, como é o caso da nossa erva-mate”.
O IG foi solicitado por meio da Associação dos Produtores de Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense (Aspromate), com investimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Epagri, Sindimate SC, universidades e municípios da região, além de outras instituições.
Cabe à Epagri elaborar os documentos obrigatórios para solicitar o cadastro, bem como realizar a delimitação geográfica do domínio protegido por meio do IG. Técnicos da Epagri na região também organizaram diversas ocasiões com o objetivo de informar e conscientizar sobre a importância da certificação. Ao longo dos anos, foram organizadas conferências, competições e outras atividades.
O IG abrange os municípios de Bela Vista do Toldo, Canoinhas, Irineópolis, Mafra, Major Vieira, Matos Costa, Monte Castelo, Papanduva, Porto União, Rio Negrinho, Timbó Grande, Três Barras e os municípios de Caçador, Calmon, Campo Alegre, Itaiópolis, Lebon Régis, Santa Cecília, Santa Terezinha e São Bento do Sul
Diferencial
A Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense difere das demais basicamente pelo seu método de produção. É uma erva local, produzida à sombra de araucárias e outras árvores da vegetação local. Este domínio de cultivo é nomeado através de produtores de caiva. Gilberto lembra que, além de preservar o know-how de gerações de indígenas, caboclos, pastores de animais de fazenda e imigrantes europeus, a produção em espaços em declínio também é mais sustentável, já que há pouca intervenção humana no meio ambiente.
A produção de araucárias é um dos diferenciais da erva-mate do planalto norte de Santa Catarina (Foto: Aires Mariga/Epagri)
As ervas do Planalto Norte Catarinense são, em sua maioria, compostas por plantas locais, sem a presença de espécies exóticas e sem o uso de agrotóxicos. A sombra fornecida pela floresta de araucária desempenha um papel básico no inverno, formando uma barreira oposta às perdas de radiação e ventos, contribuindo para a conservação do calor no solo e no ar, e mantendo a umidade necessária para as pastagens. A região também tem a menor insolação anual de Santa Catarina.
O resultado dessa mistura é uma erva-mate mais doce e menos ácida para amostras de outras regiões. Também possui folhas mais verdes, devido à maior presença de clorofila e maior teor de cafeína.
produção e exportação
Segundo Gilberto, o planalto norte de Santa Catarina produz uma média de 100 mil toneladas de ciclo de erva-mate, parte do total de Santa Catarina. Ele estima que cerca de 80% desse total ocorre no sistema clássico, ou seja, à sombra da floresta. O resto vem de culturas de monocultura, que não receberão o selo IG.
O extensionista da Epagri informa que 70% da produção de erva-mate na região é exportada, basicamente para o Uruguai. Chile, Argentina, Paraguai e até países europeus também compram o produto no planalto norte de Santa Catarina, este último para consumi-lo na forma de chá. Como a região tem uma produção muito superior ao seu consumo, o produto chega ao interior de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
Próximos passos
Na opinião de Gilberto, a concessão do GI tem potencial para ter um efeito positivo na economia global da região. Ele espera que a partir do momento em que a erva-mate começar a ser anunciada com o selo IG, ela ganhe em valor agregado, o que se traduz em uma maior fonte de renda para os produtores rurais. Espera-se também que o setor turístico se beneficie, com um maior fluxo de outras pessoas ansiosas para aprender sobre o método clássico de cultivo, proporcionando uma fonte de renda para hotéis, bares e restaurantes.
O objetivo agora é implementar os movimentos que permitirão aos fabricantes da região que praticam a fórmula agrícola clássica colocar o rótulo GI em seus produtos. Para isso, com o da Epagri, já está sendo elaborado um folheto que estabelece as práticas agrícolas recomendadas que levarão a um produto diferenciado. Também será obrigatório ajustar as estratégias produtivas das indústrias locais, para que elas se adaptem às exigências estabelecidas.
Ao mesmo tempo, serão retomados os contatos com outras regiões que tiveram produtos gi-benefit por mais tempo. O objetivo é estar mais informado sobre os sucessos e também absorver a sabedoria sobre o que pode ser feito para que a exploração madeireira traga os efeitos máximos promissores imagináveis para a agricultura e a economia locais.
O Yerba Mate GI do Planalto Norte de Santa Catarina se junta ao MA de Maçã Fuji da Região de São Joaquim, Vinhos de Altitude de Santa Catarina e Mel de Melato de Bracatinga, conquistado no ano passado. O primeiro GI do estado Vinho dos Vales da Uva Goethe, seguiu pela Banana da região do Corupá e Campos de Cima da Serra até o Queijo Serrano. Epagri envolvido em todos os processos de aplicação do IG.