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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fala-se muito sobre a legalização da maconha no Brasil. Mas, se isso acontecesse, qual seria o efeito na vida dos brasileiros?Essa é a pergunta “Pico da Neblina, série fictícia que chega em sua temporada neste domingo, na HBO Max, busca responder.
Depois de uma temporada que imagina o quanto traficantes de drogas, policiais, deficientes e pós-legalização seriam afetados, os novos episódios ilustram um Brasil onde o mercado de haxixe não só está bem consolidado de norte a sul, mas também mais feroz, em comparação com os primeiros meses da indústria no país.
Dirigida por Quico Meirelles, a série, lançada em 2019, gira em torno de Biriba, papel de Luís Navarro, um jovem negro que vive em uma favela na zona leste de São Paulo com seu círculo de parentes e vê sua vida substituída da noite para o dia, após ajustes na legislação de identidade.
O menino, que até então vivia como um “pequeno avião” de maconha espremida, é forçado a procurar outras táticas para ganhar dinheiro, e é quando surge uma parceria entre ele e Vini, estrelado por Daniel Furlan, um jovem branco que parece um “playboy hipster” para quem vende drogas.
Os dois abrem uma loja de hash juntos, mas a conexão de Biriba com o ladrão global e os efeitos do racismo e da desigualdade social representam uma série de obstáculos ao plano da dupla.
“A legalização da maconha, é claro, não seria apenas flores. Procurei mostrar que há pontos positivos e negativos. Não é uma série reservada para quem é a favor [da legalização da cannabis]”, diz Meirelles. “Na primeira temporada, buscamos desconstruir estereótipos e desmistificar o tema. Agora mostramos as sutilezas dessa legalização na vida dos personagens, em um debate mais profundo sobre o racismo na sociedade brasileira. “
Abordando o contexto da guerra preso a discussões como violência policial e corrupção, o rapper Dexter diz que vê a trama como “rap lírico”. É ele quem faz o papel do traficante de CD, o antagonista que agora, na nova temporada, é um dos personagens centrais da história.
“A guerra contra as drogas é uma guerra desordenado, e o rap tem sido um desses. São palavras de denúncia, de informação, de autoconhecimento e de diversão”, diz o cantor que, assim como seu personagem, conhece de perto o mundo do crime – ele já está preso há treze anos. A série foi a primeira experiência do rapper na tela, que ele diz que precisa seguir em frente, a menos que ele também precise desempenhar papéis que se afastem do arquétipo do ladrão.
Ainda olhando para o futuro, o cantor diz que tem esperança de que o Brasil legalize a maconha em breve, mesmo que, segundo ele, o governo Bolsonaro tenha piorado a política de guerra às drogas e o sistema carcerário. “O que não dá mais é prender nossos jovens por causa de um baseado”, diz ele.
Segundo Meirelles, é só “uma questão de tempo” para que a legislação nacional sobre a cannabis seja alterada. “O futuro é a legalização”, afirma o cineasta, filho de Fernando Meirelles, diretor de “Cidade de Deus”, que também é um dos produtores da série. “É um ramo de negócio que, comercialmente, vai render muito. E, com qualquer outro presidente no poder, a coisa vai voltar a andar.”
Já Navarro, que faz Biriba, acredita que a maconha só será legalizada no Brasil num governo de direita. “Quando a esquerda fala disso, é como se fosse ‘conversa de vagabundo’, mas se a direita traz [argumentos de] questões econômicas, muitos brasileiros veem de outra forma.”
Ainda que “Pico da Neblina” seja uma série de ficção, Navarro acredita que há muitos caminhos narrados pela obra que podem vir, de fato, a se tornar realidade, caso a maconha seja legalizada, desde roubalheiras entre fiscais e empresários até novas possibilidades de ascensão social para as classes mais baixas, ainda que limitadas e cercadas de barreiras.
2ª TEMPORADA DE PICO DA NEBLINA
Quando a partir de 3/7 (todos os domingos, um novo episódio)
Onde HBO Max
Produção Brasil, 2022
Direção: Chico Meirelles
Gravadora Luís Navarro, Daniel Furlan, Dexter