Brasil perdeu a trajetória de expansão que havia conquistado, diz diretor da CEPAL

O Diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) no Brasil, Carlos Mussi

BBC News Brasil – Você vê alguma melhora?

Mussi – Primeiro, temos a consulta cíclica da pandemia, que revisou a burocracia trabalhista, a burocracia da renda. Isso criou uma grande lacuna entre oferta e demanda e reflete um pouco o fator inflação. é qualquer coisa no mundo. Em segundo lugar, ainda não entendemos como podemos crescer, como continuaremos a expandir no longo prazo, as gerações terão mais oportunidades do que as gerações existentes.

BBC News Brasil – Uma pesquisa recente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que a economia mundial crescerá cinco vezes mais rápido que a do Brasil. Onde o Brasil estará com uma expansão tão baixa por tanto tempo?

Mussi – Em primeiro lugar, acho que é aí que entra o fator fiscal. Ou seja, o papel do Estado, que, especialmente aqui no Brasil, é um dos principais agentes econômicos. Captura um terceiro através de impostos. Gasta cerca de 40% do PIB [Produto Interno Bruto]. A entrada do governo é algo como 20% do PIB. Pagará juros a 4%, 5% do PIB e tem uma dívida de cerca de 80% ou 90% do PIB.

E há uma ação que o Estado brasileiro não tem feito, que é investir. Nem o Estado investe o essencial nem o setor pessoal diante das incertezas do Estado. . . O investidor pessoal tem aquela esposa escondida que é o Estado. Você tem que pagar impostos, você precisa saber se a economia vai crescer para ter demanda e que ponto de juros você terá que pagar para financiar seu investimento ou ver o custo da oportunidade.

O Brasil tem sido muito 8 ou 8 anos. Então, para mostrar que havia alguma vontade de ter uma trajetória de gastos, o teto de gastos foi criado.

BBC News Brasil – O fator combustível é um dos mais debatidos no país hoje. . .

Mussi – Olha, o mandato econômico do ministro [Paulo] Guedes é um liberalismo que não foi muito bem discutido com a sociedade e com o Congresso. Diante da pandemia, ele teve que responder [às necessidades] em vez de fazer sua própria tarefa. dizendo se é certo ou errado, mas que ele tinha uma proposta. . .

Estamos com o principal agente da economia [do Estado] em processo de reforma, mas ainda não está concebido ou concluído. Problemas urgentes, como combustível, são como “de. . . então vamos fazer isso. Mas então, a renovação inicial da tarefa torna-se completamente difícil de ver.

Crédito, Getty Images

“O cenário social brasileiro é influenciado por várias facetas da pandemia, mas também decorre do fato de que crescemos em quase dez anos. Como resultado, a renda, o emprego e a própria mobilidade social têm sido muito difíceis”, diz Carlos Mussi. .

BBC News Brasil – O Brasil tem uma vulnerabilidade na parte estratégica?

Mussi – Acho que ainda há coisas em termos de vulnerabilidade do papel do Estado. Quero dizer, qual é a nossa política de poder?Qual é nossa política educacional? No pós-pandemia, como será o condicionamento físico?Queremos redefinições da ciência, geração e inovação. Como vamos refazer cidades, transporte público.

BBC News Brasil – Não há um legado fiscal ainda mais pesado no próximo ano?

Mussi – No Brasil, o legado vem da era colonial. Herança é qualquer coisa que todo governo diz que recebe. Então o governo atual, se for reeleito, ou alguma outra administração, vai ter anos difíceis. Primeiro, porque a inflação, no curto prazo, proporciona uma melhoria segura nos efeitos orçamentários porque aumenta a receita e garante as despesas.

No próximo ano, o governo terá que lidar com questões de reforma. . . A reforma tributária é um detalhe vital para uma visão mais liberal e mais de esquerda. Os benefícios dos servidores públicos, como fazê-lo?E então tudo isso leva à evolução da dívida e como os mercados verão a renovação e o cenário da dívida pública brasileira.

Além disso, o Brasil não é uma ilha, e em condições globais, também acho que será difícil. Ainda é muito duvidoso por causa da situação externa.

BBC News Brasil – Quais são as medidas importantes, até mesmo para levar crédito para o crescimento?

Mussi – Estou pensando, em primeiro lugar, em uma discussão sobre as metas orçamentárias que o governo tomará como base. Segundo, o compromisso do governo em reparar as notas de investimento público. Podem ser investimentos diretos, investimentos de parcerias público-privadas. Há vários mecanismos. Uma política pública de investimento terá que ser discutida e como ela será feita.

BBC News Brasil – Dados recentes mostram que 33 milhões de pessoas estão com fome ou já estiveram com fome em algum momento do Brasil. O que pode ser feito sobre a pobreza no país?

Mussi – A pobreza necessariamente tira você de fotos e renda. É gerar trabalho e renda. Por outro lado, as políticas de fome. . . eles vêm muito na renovação ou expansão das atividades brasileiras. Vejo que a iniciativa da merenda escolar, os programas alimentares, a consulta do Auxílio Brasil. . . A inflação corrói muito esses valores e temos que ver como calibrar isso.

BBC News Brasil – Quais seriam suas sugestões?

Mussi – Hoje, a primeira coisa seria “horizontalizar” tanto quanto você pode imaginar o Auxílio Brasil para ter sucesso em tantas outras pessoas quanto você pode imaginar. Tivemos uma festa dessas, durante o Covid, que foi ajudada por R$ 600 reais. Isso, no papel, eliminou a pobreza excessiva, pelo menos. A alimentação escolar, por exemplo, pode ser não só para a temporada escolar, mas para o ano inteiro. Mas são políticas de emergência.

BBC News Brasil – Então, há muitas previsões para o próximo ano?

Mussi – Sim, vamos ter que apagar o fogo, reconstruir a casa.

– Este texto foi originalmente publicado aqui

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