A operação é considerada a quinta mais letal da história do Rio de Janeiro.
Uma semana após a operação que matou outras 17 pessoas no complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, a Defensoria Pública do Estado concluiu um relatório com casos judiciais de violações cometidos por policiais militares na ação de 21 de julho.
O documento, finalizado na quinta-feira (28), será enviado ao Ministério Público. A operação, considerada a 5ª mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo investigação do Geni (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos) da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Os quadros policiais duraram cerca de doze horas, de acordo com o relatório, a operação começou nas primeiras horas da manhã e durou o dia todo. Diante da consulta, a Polícia Militar respondeu apenas à publicação deste texto.
O documento foi elaborado em colaboração com as comissões de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), bem como com o Conselho Estadual de Direitos Humanos, além de receber do Instituto Raízes em Movimento, Casa Fluminense e Coletivo Papo Reto.
O relatório afirma que durante a operação, a polícia não deteve os mortos para investigações. O documento descreve as tentativas dos moradores de se protegerem de tiros e apresenta vídeos e imagens da ação.
O ouvidor-geral da Ouvidoria, Guilherme Pimentel, disse que a operação interrompeu o funcionamento de escolas e outros estabelecimentos da região. Ele disse que esse tipo de ação policial impede quando há pedidos de ajuda dos vizinhos.
“A interrupção das operações com sinais de estupro é o problema mais grave. Com base nos casos judiciais que recebemos, há uma tendência de estupro”, disse Pimentel.
“Há uma maravilhosa mobilização de recursos públicos, os movimentos duram horas e com processos judiciais que chegam em tempo real, essas operações são interrompidas, até mesmo para investigar violações com potencial para salvar vidas. Quantas são as vítimas? É a população total do Alemão, não, há 17 ou 18 mortos. “
Pimentel também argumenta que há ferramentas para coibir abusos de força em ações policiais, como o uso de câmeras em carros e uniformes, bem como a preservação de locais de investigação policial.
“O ponto total é que ele pode ser feito preventivamente, em tempo real ou posteriori. Hoje é feito apenas um posteriori, e é baseado em evidências para determinar o dever de cada um. Além do treinamento, você quer ser um procedimento em tempo real. “
Nesta sexta-feira (29), a Polícia Civil informou que uma das vítimas da operação – Letícia Marinho Sales, 50 anos – foi morta por uma bala no peito disparada pelo cabo Eduardo Nunes Rodrigues, ligado à UPP do Proletário.
Ele estava em um carro na Avenida Itaoca, uma das vias de acesso à favela, quando caiu. De acordo com a polícia civil, as investigações continuam.
O secretário de Estado de Polícia Militar do Rio disse em nota que o oficial está ausente dos serviços. Segundo o primeiro-ministro, o co-regulador está participando e também estabeleceu um procedimento interno para investigar a ação do cabo.
A Procuradoria-Geral da República também abriu um procedimento de investigação para ladrões nesta semana para investigar as mortes ocorridas na operação. O Centro de Atendimento à Vítima do Ministério Público disse que estava abrigando os parentes das vítimas.
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