Bicentenário no Rio de Janeiro é ameaçado de despejo

“Viver aqui é um privilégio que nossos avós conquistaram. Infelizmente, hoje eles precisam apagar nossa história e menosprezar nosso direito. “Isso é relacionado por Vinícius*, vizinho da rede Horto Florestal, composta por 11 núcleos distribuídos pelo Jardim Barrios Botânico e Gávea, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Ameaçada de despejo, a rede hoje composta por 621 famílias tem uma história bicentenária com uma criação que remonta à época da escravidão.

Assim como Vinícius, muitos cidadãos do Horto relatam que são descendentes de ex-trabalhadores do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Segundo o portal Mapa de Conflitos, por muito tempo, a profissão do Horto permitiu e incentivou através da gestão do próprio Jardim Botânico para facilitar a movimentação dos trabalhadores que ali trabalhavam, basicamente outras pessoas que cuidam das plantas e são especialistas nessa área.

“A terra foi apresentada aos cidadãos para construir em torno do parque. Cada um construiu seu próprio espaço com recursos próprios”, diz Fábio Dutra Costa, presidente da Associação de Vizinhos e Amigos do Horto (Amahor). Há documentos que giram fora da ação.

Há também descendentes do antigo pessoal do Horto Real (início do que hoje é o JBRJ), criado pelo Imperador D. João VI, em 1808. La mapa dos conflitos afirma que a rede já foi um bastião da cultura negra, sendo uma diretoria de evacuação e um local de quilombos; alguns de seus descendentes permaneceram em porções expressas do Horto e vivem lá até hoje.

Além disso, o Museu do Movimento explica que, no século XIX, o bairro Jardim Botânico ganhou a instalação de fábricas de açúcar e café, além de fábricas de tecidos e pólvora. Então, em torno de seu trabalho, os funcionários passaram a construir suas casas e viver.

“Entre as décadas de 1960 e 1960, após os repasses da Favela beira da Lagoa -na Lagoa Rodrigo de Freitas- promovidos pelo governador Carlos Lacerda, a população foi transferida para o núcleo da Dona Castorina, no Horto”, explica o Museu de Remoções.

O avô de Vinícius, em particular, trabalhou por 36 anos no Jardim Botânico e construiu o espaço onde mora em 1945. Já se passaram 77 anos desde que a história de sua família passou para a comunidade do Horto. Tenho uma brilhante reminiscência do meu avô”, diz ele.

Hipótese real na região

“A comunidade do Horto, em toda Amahor, luta há mais de 3 décadas por suas casas e seu modo de vida. Sob pressão da recém-criada Associação de Vizinhos do Jardim Botânico (AMAJB) na década de 1980, o governo federal tomou medidas para recuperar a posse, solicitando o despejo de 120 das 620 famílias que ali viviam”, explica Mapa de Conflictos.

De acordo com o portal, como o domínio foi reavaliado, o JBRJ passou a precisar ampliar as barreiras do parque para fins de estudo, em detrimento de casas construídas em terrenos próximos.

Desde a década de 1980, a rede enfrenta sucessivas ameaças de despejo do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, que hoje controla as terras da União, para a Prefeitura do Rio de Janeiro.

“Um fator agravante no desafio do Horto é o fato de que o bairro Jardim Botânico é uma posição simbólica para a elite da cidade, além de ser um componente da cidade muito apreciado pelo mercado imobiliário e turístico e do ponto de vista econômico da administração pública. municipalidad”, completa também o Portal Mapa de Conflitos.

De acordo com o conhecimento do censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 45,7% da população do Horto é declarada mestiça, 37,8% branca e 16,4% negra. No bairro Jardim Botânico, 82,9% da população declara branco, 12,2% pardo, 4,5% preto e 0,4% amarelo. O conhecimento revela a disparidade racial entre os lugares.

Atualmente, mais de 500 famílias da rede Horto estão ameaçadas de despejo. Vizinhos do Horto afirmam que a hipótese de imóvel é o principal que incentiva os despejos. Vinícius, pai de uma criança que quer atendimento médico constante, diz que o procedimento de desapropriação de sua casa já está muito avançado.

“O julgamento aqui em casa, como a grande maioria que tem sentença e trânsito em julgado, foi aberto em 1987, antes da Constituição Brasileira. Agora eu vivo em uma área privilegiada. O que está em jogo é o preço da terra que ocupamos. “ele diz.

O presidente da Amahor, Fábio Dutra, ressalta que não há nenhuma moção para retirar da região outras corporações que também são semelhantes à investigação, como o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO).

“Quando outros são os que desmatam, cavam córregos, dedicam crimes ambientais, nada acontece. Eles até recebem toda a documentação correspondente do domínio e não podemos possuir um espaço com mais de 70 anos. Há absolutamente duas outras situações”, diz Fabio.

“Um é o invasor rico, predador do entorno e do outro os cidadãos que trabalhavam no Jardim Botânico, ajudaram a manter essa área, pois levei outras pessoas para conhecer a rede e é uma área muito bem cuidada. digamos que somos um dos poucos bairros do Rio de Janeiro que não tem tráfico armado ou milícias”, acrescentou o presidente da Amahor.

Os cidadãos do Horto também comentam que o Jardim Botânico diz qual é o objetivo público dos postos expropriados.

“Por exemplo, existe um clube construído através de trabalhadores do Jardim Botânico, cidadãos do local, que o Grêmio Recreativo do Caxinguelê. Aquele clube expropriado e nada construído até hoje. Então eles simplesmente não construíram nada, não dizem o que precisam e os processos estão indo a uma velocidade absurda”, diz Fábio Dutra.

“Tudo o que o Jardim Botânico faz é obviamente comercial. Qualquer um que for ao Jardim Botânico e entrar vai vê-lo. São vários restaurantes, cafés e o próprio espaço expositivo”, diz Fábio Dutra.

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com o JBRJ para pedir uma posição sobre os movimentos de recuperação que tomaram posição na rede Horto e na aplicação pública das áreas reivindicadas. Em resposta, o JBRJ afirma que “os movimentos foram realizados pelo governo federal nas décadas de 80 e 90, e as operações são promovidas e coordenadas através do Poder Judiciário”.

Vinícius afirma que novos procedimentos foram abertos a partir de 2018, de acordo com um contrato firmado com a rede em 2010 para algum outro propósito público. “Trata-se de um cadastro feito por meio da SPU (Secretaria do Patrimônio da União) junto à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o que levaria a um procedimento de regularização fundiária que suspendeu para outras pessoas que não o fazem”, diz.

Uma das lutas da comunidade do Horto é resgatar e disseminar sua história, com o objetivo de desconstruir a narrativa de que são “invasores” do espaço, diz o Museu do Conflito.

Além disso, segundo o Museu da Mudança, a rede participa dos esforços para plantar espécies locais e clarear o Rio dos Macacos, cuidando de seu gramado da rede e também tendo o Museu do Horto, aprendido e construído através da Associação de Vizinhos do Horto (Amajor).

Em 2021, com base em uma construção coletiva e em rede, foi aprovada a Lei nº 7. 184/2021, que declara a rede Horto, nas proximidades do Jardim Botânico, de especial interesse social para fins de redesenvolvimento e regularização.

Segundo Rafael da Mota Mendonça, advogado de Amahor, a lei promete que o domínio ocupado através da rede será utilizado exclusivamente para fins habitacionais. “Com isso, quem vier ocupar o domínio terá que ocupar esse destino”, disse ele.

“Essa lei, além de já ter nos feito obter vantagens da tarifa social com a Águas do Rio, estabelece que no domínio total do interesse social especial isso é feito, pelo menos em teoria, sociedades e comércio. Fomos lá ao comércio, diz Fábio Dutra.

A Alegação de Quebra de Preceito Fundamental (ADPF) 828, prorrogada até 31 de outubro, suspende despejos em espaços urbanos ou rurais enquanto os efeitos da crise de adequação do Covid-19 duram e é um dos elementos que, em tese, também comunidades no momento dos despejos.

“Enquanto não houver uma decisão coletiva, desde que seja oferecida uma alternativa de moradia decente e digna, desde que se seja dito que há um pedido público da comunidade até o momento, não devemos pensar novamente, conclui Vinícius.

*Vinicius é uma chamada fictícia seguida para manter a pessoa.

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