Tribunal do RS planeja comprar pistolas importadas para juízes

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS) pretende armar seus juízes. A marca, estilo e calibre já foram escolhidos: os juízes que quiserem fazê-lo receberão uma pistola Glock fabricada na Áustria.

O tribunal informa que “a arma selecionada pela equipe técnica é a pistola Luger Cal de nove mm, logotipo Glock G26 GEN5”. No mercado brasileiro, a arma é apresentada por valores entre R$ 11. 800 e R$ 15. 000. O tribunal comprará o arsenal, com dinheiro público, para distribuí-lo entre as partes interessadas.

Atualmente, a JJ/RS pergunta aos juízes sobre seu interesse em adquirir armas de fogo. Segundo o juiz Antonio Vinicius Amaro da Silveira, 2º Vice-Presidente do TJ, Presidente do Conselho de Comunicação Social e da Comissão de Segurança do TJRS, “não há prazo definido para finalizar a avaliação da investigação”.

Informa que após os estudos supracitados, “a Administração do Tribunal de Justiça vai comparar a opção de oferecer pistolas expressas a juízes interessados em prudência por perceberem que estão em um cenário de vulnerabilidade e risco, concreto ou potencial, para si ou para sua própria família, como resultado da atividade judicial, através da observância das necessidades legais e formalidades. Os estudos examinarão o número de armas a serem adquiridas e disponibilizadas.

A decisão afirma que a iniciativa é apoiada por meio de uma solução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De fato, a Resolução CNJ nº 435, de 28 de outubro do ano passado, que “prevê a política nacional de segurança e o Judiciário e outras medidas”, apoia a ideia.

Menciona o patrocínio de armamentos na falência VI. Lá, o artigo 14, parágrafo 13, estabelece o “fornecimento de armas de fogo a magistrados, inspetores e policiais judiciais, de acordo com a lei vigente”.

Questionado se os juízes que obtiverem as armas também realizarão um curso, essencial para cuidar delas com segurança, a JJ/RS responde que vai “avaliar essa possibilidade”, acrescentando que nada impede os interessados de “buscar opções pessoais”.

Sabemos que a medida está livre de riscos do ponto de vista da proteção dos magistrados que, muito difícil, enfrentarão um cenário onde a arma pode estar, de fato, para eles — pergunta o ex-deputado Marcos Rolim, que presidiu a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Um dos fundadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), afirma que “à medida que aumentamos o número de armas em circulação, aumentamos a ameaça de seu uso arbitrário, a ocorrência de acidentes domésticos (especialmente com jovens e adolescentes), além de proporcionar mais oportunidades para o roubo e roubo de armas legais que depois migram para o crime”.

Autor do e-book “Armas para quê?”, o sociólogo Antônio Rangel Bandeira segue o mesmo raciocínio. “Se os criminosos sabem que os juízes trazem armas, eles já estão atirando. A arma saca a arma. E diante da agressão armada, as chances de uma reação armada são mínimas, por causa do fator espanto. Apenas uma possibilidade de boa sorte entre 28 chances de que a vítima que reage morra, de acordo com o Centro de Políticas de Violência”, critica Bandeira.

Pesquisando o tema há 24 anos, ele ressalta que o Brasil se opõe ao grão. “Basta dar uma olhada nos países menos violentos do mundo. Enquanto o Brasil tem mais de cem homicídios por dia, o Japão, que proíbe armas de civis, tem uma morte consistente com o ano”, disse.

No Rio Grande do Sul, o número de pessoas armadas consistentes ultrapassou 70% em menos de dois anos. A partir de novembro de 2021, o estado conta com mais 59 mil pessoas cadastradas como CAC, conforme destaca o site Sul21. O RS representa 12,2% dos registros de CAC no Brasil.

– Há uma percepção equivocada da segurança pública que se espalhou amplamente e infectou os mais variados setores públicos, o que consiste em relegar aos americanos um dever que corresponde aos órgãos de segurança – pergunta o advogado Lucas Pedrassani.

Membro da Associação dos Magistrados pela Democracia (Ajurd), ele cita “os inúmeros privilégios” já desfrutados pelo Judiciário. “Diz-se que a proteção dos magistrados é importante, mas que devido a essa condição eles já possuem uma série de proteções como segurança institucional, a opção de escolta armada, agentes que têm educação e experiência para isso.

No edital, a arma selecionada via TJ/RS é apresentada como “uma escolha popular para o transporte oculto”. o slide, fornecendo tração ao operador mesmo com mãos chuvosas ou suadas.

A diversidade de pistolas Glock tem sido seguida pelo Federal Bureau of Investigation (FBI), Estados Unidos, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal do Brasil. Seu preço no mercado especializado varia entre R$ 11. 810,00 (Pesca

Quem faz a arma é incrivelmente discreto sobre a exportação de armas. No entanto, em 2018, o documentário “Arma de Escolha” (Na edição brasileira fornecida na Netflix), dirigido pelos austríacos Fritz Ofner e Eva Hausberger, foi levantado. alguns de seus mistérios. Os cineastas mostraram a presença constante da Glock, que fabrica 1,5 milhão de armas por ano, em zonas de conflito ao redor do mundo.

Ainda em 2018, a revista Dossier e o jornal Der Standard, ambos austríacos, assumiram o assunto, evocando a proximidade entre Gaston Glock, dono da empresa, e o Partido da Liberdade (FPÖ) de direita com ativismo anti-imigração.

O TJ/RS é composto por 170 juízes e o estado conta com cerca de 650 juízes espalhados por 165 distritos das séries inicial, intermediária e final de primeiro grau. Se, por hipótese, todos os magistrados para obter as pistolas que lhes forem apresentadas, os cofres públicos, levando em conta os valores do varejo, arcarão com uma cobrança aproximada de 9,6 milhões de reais.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *