O número de armas registradas nas mãos de caçadores, atiradores e credores (CAC) aumentou 700% em 4 estados da região amazônica de 2018 a julho deste ano. O aumento refere-se à soma de armas no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, 4 dos nove estados que compõem a Amazônia Legal. O conhecimento vem dos militares, recebidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) por meio dos institutos Sou da Paz e Igarapé, que coletaram dados de 2017 a 2022.
Quanto aos dados de 2017 até o momento, o acúmulo é ainda maior, com 1. 026,8%. Os números também mostram um acúmulo global de armas na coleção cac nos últimos anos: em 2018, havia 350,6 mil armas para essa categoria. Em julho de 2022, o número aumentou para 1. 006. 725, expansão de 187%.
O registro do CAC e suas coletas é feito através do exército através do Sistema de Gestão de Armas Militares (Sigma). Outros civis que desejam ter armas devem apresentar um pedido à Polícia Federal através do Sistema Nacional de Armamento (Sinarm). Em qualquer um dos casos, o usuário envolvido é obrigado a cumprir uma série de requisitos, como não responder a um inquérito policial ou processo criminal.
A reportagem perguntou aos militares, mas ainda não obteve resposta. A área permanece aberta para manifestações.
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, destaca que o acúmulo de coleta de armas por meio de CACs na Amazônia é preocupante, tendo em vista que a Amazônia legal tem sido “palco de muitos problemas, com o reforço da degradação ambiental combinado com a criminalidade. ” Um levantamento feito por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do projeto Prodes, monitoramento por satélite, mostra um aumento de 75% no desmatamento na Amazônia legal de 2018 a 2021.
Violência
“Extração ilegal de madeira, mineração ilegal, pesca ilegal. Temos o caso recente de violência através de Dom [Phillips] e Bruno [Araújo]. Estudos já mostram que o crime organizado se tornou mais potente nessa região e se soma a esse outro crime ambiental. “, diz Caroline.
O diretor lembra que, embora haja uma redução dos homicídios no país, a região norte está na direção oposta, com acúmulo de mortes violentas. O último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em junho, mostrou que a taxa de homicídios intencionais de mortes violentas em municípios brasileiros é de 22,3, enquanto na Amazônia Legal o número é de 30,9.
“O desmatamento, a mineração ilegal, a corrupção, o crime e a intensa presença de milícias e facções do crime organizado, com mais de duas dezenas de organizações regionais e duas organizações primárias nacionais (PCC e Comando Vermelho) competindo pelas principais rotas nacionais e corporações transnacionais de tráfico de drogas transformaram a Amazônia brasileira no cenário de guerras que têm forte impacto nos índices de violência fatal em toda a região e na região. o país”, diz o anuário, publicado em junho deste ano.
Carolina Ricardo argumenta que, em geral, o acúmulo de armas nas mãos do CAC é resultado de uma política de armas do governo da época. “Há um discurso do governo que legitima o uso de armas de pau de tiro, um negócio que cresceu”, diz ele.
Embora o país esteja experimentando um declínio nas mortes violentas intencionais, o diretor do Sou da Paz diz que a política existente também pode ter um desfecho a longo prazo. “O efeito pode demorar um pouco mais”, diz ele.
Em junho, por exemplo, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu armas adquiridas com certificado de coleta, mas que eram utilizadas por meio da facção de roubo do PCC (Primeiro Comando da Capital). Entre as armas estavam pistolas, uma pistola e um rifle. Na época, a polícia informou que a organização usava “laranjas” para comprar legalmente armas de fogo registradas pelo CC.
Outro caso ocorreu em julho, quando um agente da Polícia Federal em Minas Gerais atacou um membro do PCC que havia recebido certificado de registro como CAC. Registro recebido através de certidão negativa emitida pelo Tribunal de Justiça do Estado e falsa declaração de reputação inteligente. Sete armas de fogo foram apreendidas, adicionando um rifle.
Isabel Figueiredo, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse ao R7 em junho que não há diferença entre uma arma legal e uma arma ilegal. “Estamos falando de uma arma comprada através do CAC, mas que vai matar um pai. Não há arma legal e não há arma ilícita, como se fossem duas absolutamente diferentes. Eles não são. É a mesma arma. A arma legal migra para o crime”, disse ele.