Livro mergulha no legado arquitetônico do ciclo da cana-de-açúcar em Pernambuco

“Açúcar: Riqueza e Arte em Pernambuco”, lançado pela Cepe Editora, é um livro que chama atenção para uma parte notável do patrimônio histórico e cultural do Estado. Através dele, o arquiteto Fernando Guerra traça um panorama da herança arquitetônica deixada pela produção açucareira colonial em edificações que sobrevivem até os dias de hoje, como igrejas católicas e antigos engenhos. O evento de lançamento ocorre neste sábado (10), às 10h, no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

“Essa publicação nasceu, na verdade, de uma tese acadêmica que defendi em 2020, para me tornar professor titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em meio às conversas regulares que eu mantinha com o historiador Reinaldo Carneiro Leão, me veio a ideia de falar sobre o açúcar, sua produção e seu legado artístico”, explica o autor, em entrevista à Folha de Pernambuco.

Dividido em sete capítulos, o livro insere a construção das edificações coloniais dentro de seu contexto histórico, esmiuçando aspectos sociais, políticos e econômicos da época. “Nos primeiros anos de Brasil colônia, nós recebemos uma influência direta da metrópole. A arquitetura brasileira, naquela época, era o retrato da de Portugal. O que há de se notar é que nem sempre havia arquiteto disponível. Então, os mestres de obra copiavam o estilo português e reproduziam a mesma composição nos engenhos”, comenta.

Fernando dedica especial atenção a cinco engenhos localizados em Pernambuco: Morenos, no município de Moreno; Poço Comprido, em Vicência; Monjope, em Igarassu; Gaipió, em Ipojuca, e Santo Antônio de Matas, no Cabo de Santo Agostinho. Além de abordar os aspectos arquitetônicos dessas construções, bem como seus históricos, o livro revela o atual estado de  preservação de cada uma delas.

“Esse legado vem diminuindo consideravelmente com o esquecimento desses espaços. Um estado como Pernambuco, que foi a capitania hereditária mais rica do período colonial, possui tantos engenhos que poderiam ser revitalizados e utilizados como pontos turísticos. Mas o que existe hoje é uma carência muito grande de interesse nesse sentido e, com isso, nós corremos o risco de perder todo esse patrimônio no futuro próximo”, lamenta.

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