POR NANY DAMASCENO, CONTILNET
Ano após ano, o desmatamento na Amazônia se torna uma preocupação global. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Acre é o estado que, proporcionalmente, tem o desmatamento máximo na Amazônia Legal – e que corresponde a 59% do Território Brasileiro e abrange os 8 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins – e parte do estado do Maranhão.
Os dados foram apresentados em reportagem especial no site da Folha de S. Paulo. “O desafio está concentrado principalmente em espaços pessoais e assentamentos. Alguns dos problemas críticos estão nas margens da BR-364, como nos municípios de Feijó, Tarauacá, Sena Madureira e Rio Branco”, diz um trecho.
O relatório considera que a expansão da pecuária na Amazônia com a migração para o estado dos proprietários rurais em busca de terras mais baratas, é um dos principais motivos para o acúmulo de desmatamento que se intensificou sob o governo Bolsonaro, por exemplo, um gráfico mostra que a média de exploração madeireira de 2010 a 2018 foi de cerca de 300 km² dependendo do ano, mas nos últimos 3 anos saltou para mais de 700 km². Em 2021, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o estado atingiu apenas cerca de 900 km² de destruição na Amazônia.
Descubra o que alguns especialistas estão dizendo sobre a reportagem da Folha de S. Paulo.
Ane Alencar, diretora clínica do Ipam, lembra que o Acre foi pioneiro no conceito de preservação do estado florestal com a criação de reservas extratives – e pensou como exemplo na estruturação de políticas de pagamento por serviços ambientais. “No entanto, isso não foi suficiente para inibir a escalada do desmatamento”, conclui.
Sonaira Silva, pesquisadora da Ufac (Universidade Federal do Acre), refere-se a alguns movimentos que tiveram o sucesso esperado: uma fábrica de preservativos e maiores custos com borracha e castanhas.
Silva cita um levantamento feito por sua equipe que observou que, desde 2017, o domínio das plantações de milho e soja no estado, que no passado tinha produção de deadpan, aumentou cerca de cinco vezes.
Essas atividades, concluíram, têm sido posicionadas em territórios de pastagem já estabelecidos, ou seja, não estão diretamente relacionados ao desmatamento. O fato é que se o antigo território de pastagem está agora ocupado através de grãos, novas terras para a pecuária tendem a ser ocupadas. Aberto.
Segundo especialistas, o desmatamento existente no Acre não é culpa da população local. Industriais rurais de outros estados, atraídos pelo baixo valor da terra, estão nesse processo.
“O Acre tem uma vocação de ervas que é extrativista há muitos anos. O perfil dos fabricantes locais não é sobre desmatamento e eles nem têm situações para fazê-lo”, diz Jarlene Gomes, coordenadora do Ipam no Acre. “Limpar um domínio gigante é caro. “
Segundo Gomes, além disso, o pequeno fabricante carece de incentivos suficientes para a produção agroecológica e sustentável.
A reserva extrativista Chico Mendes (Resex) é um exemplo. Apesar das frentes de resistência à borracha, o conhecimento do INPE implica uma onda de desmatamento na região, ainda mais intensa do que no resto do estado.
De 2010 a 2018, a média anual de desmatamento no domínio foi de cerca de 16 km². Nos últimos 3 anos, foram mais de 70 km².
“[Resex] parece mais uma mini-fazenda do que uma reserva que preserva o extrativismo”, disse Gomes.
A tudo isso se soma a milhares de filiais (estradas não oficiais) que atravessam o estado e o conectam à Amazônia. “Isso gera impactos irremediáveis”, diz o pesquisador da UFAC.
Gomes também argumenta que, em geral, o desmatamento gera PIB e está ligado ao progresso de uma região ou ao combate à pobreza, uma vez que beneficia poucas pessoas.
Outros semelhantes ao desmatamento são os incêndios e sua fumaça, provenientes do próprio Acre e também de estados vizinhos na Amazônia.
Isso em anos de vida perdido, adverte Foster Brown, professor associado da Ufac e pesquisador do Woodwell Climate Research Center.
“[Há] efeitos sobre a saúde humana, em termos de clima regional e global, e em termos de qualidade e água nos rios”, disse ele.