Quando Rafaela Sacramento tinha apenas um ano de idade, seus pais criaram um perfil no Instagram para mostrar o dia a dia da pequena e divulgar as dificuldades e situações exigentes do processo de criação de um filho negro. Na época, a influenciadora, que mora em Salvador, ainda não percebeu os sintomas de preconceito e desigualdade, afinal, era um bebê. No entanto, muitas coisas já estavam incomodando a família, e eles continuam quatro anos depois. A principal delas é a falta de representação.
A psicóloga educacional Isis Sacramento, que é mãe de Rafa, conta que à medida que a mulher envelhecia, algumas perguntas começaram a surgir, como em qualquer criança. No entanto, as dela eram coisas como por que alguns personagens não tinham a mesma cor de pele ou tipo de cabelo que ela. Diante disso, o círculo de parentes passou a prestar ainda mais atenção ao desafio e a ampliar as atividades para a autoestima da pequena.
“Comprei bonecas negras para ela, só para se reconhecer, para fazê-la parecer, para criar sua identidade e saber como ela é, que ela é bonita, não importa o que aconteça. É uma confirmação de que pintamos todos os dias em casa. Nós a colocamos no espelho, mostramos a ela como ela é bonita, como seu cabelo é bonito, como ela é melhor do jeito que ela é, e nunca vamos dizer o contrário”, explica Isis. . .
Atualmente, Rafa tem mais de 6. 000 seguidores em Instagram. In postagens, Isis fornece recomendações sobre penteados e produtos para cabelos encaracolados, fala sobre moda, temas de filmes infantis, desenhos e séries com personagens negros e está ajudando na busca por bonecas negras. Os brinquedos que ele entrega são difíceis de comprar.
“Bonecas brancas podem ser encontradas em qualquer loja. Bonecas brancas, além de localizá-las facilmente, localizamos a preços, e outras pessoas de bonecas negras, além de não localizá-las, não sabemos onde localizá-las e quando. “Eles fazem, não é acessível.
E, se é complicado agora, quando Isis tinha a idade de Rafa, era ainda mais complicado. Bahia, 31, conta que quando criança ganhou a mesma atenção dos pais, suas principais referências foram os personagens brancos e bonecas, que dominavam o mercado. Mais uma explicação de por que isso a empurra para ser tão criteriosa na criação de Rafa. Além do profissional, o lado materno.
“Hoje eu vejo minha filha como uma luz. Muitas coisas que eu não tinha, eu faço para eu ter, eu preciso que você as tenha. Eu passo a ele a sabedoria que tenho e preciso que ele os tenha. Triplique essa sabedoria onde quer que você vá, que cada área que você cruza deixa uma pequena semente, para que outras pessoas possam se alimentar dessa semente. E essa semente vive para sempre”, disse ele.
A baiana espera que um dia sua filha transmita aos netos os ensinamentos que ela e o marido lhe dão. “Espero que ele cresça entendendo qual é a nossa verdadeira história, que não é o que aprendemos na escola, o que eles estão aprendendo, o que os jovens estão aprendendo até hoje. O que espero é que ela cresça e saiba a verdade genuína que vivemos, e que ela não encontre tantas dificuldades como nós hoje, e que seus jovens, quando vierem, também tenham acesso ao conhecimento, acesso à educação, e que ocupem espaços de poder, que são os espaços que foram nossos e que foram tirados de nós. Estressado.
O estilo de escolaridade que Rafa recebe é o mesmo indicado por outros especialistas para crianças negras. O tema é o tema da Preta Bahia desta semana. Ele detalhou a importância dos pais e outros membros da família nesta fase.
“A maneira que temos que pintar com nossos filhos, pois os pais têm que pintar com seus filhos, desde cedo, é criar uma autoimagem positiva da criança. Você quer essa criança adorável que ele é. E não em relação ao outro, mas nisso dizer que é único, que é singular, que é bonito com o cabelo que tem, com o olho que tem. Está valorizando essa coisa de nariz grosso, lábios mais grossos, olhos maiores. Valorizar essa forma que é o nosso rosto, valorizando o cabelo”, disse.
“Percebo que essa falta de representação para nós interfere muito no nosso processo de identidade, treinamento, autoestima. Dói que assumimos nossa escuridão”, acrescentou o profissional.
Nelsonívea explica que uma criança que orienta, apoia e se torna autoconsciente na sociedade, mesmo superficialmente por ainda não ser adulta, é forte e consegue cuidar de certas condições daqueles que não conseguem essa mesma orientação.
“Uma criança que o círculo de parentes fortalece a autoestima, que o círculo de parentes fortalece essa identidade social, cultural e racial. . . O círculo de familiares que conseguem isso já tem jovens que podem se identificar quando são desrespeitados, quando há um desafio racial imposto, eles já podem se identificar e se defender. Defenda-se no sentido de dizer: “Oh, nós não estamos em silêncio aqui. Aqui eles dizem para parar, me respeitar. Eu existo, tenho o direito de ser como sou. Tenho os mesmos direitos e peço o mesmo respeito.
A psicóloga educacional também ressaltou que esse procedimento de autoafirmação das trevas não começou muito cedo, dada a posição existente de pais, escolas e creches conscientes da importância que isso tem.
“Hoje esse procedimento já é muito melhor, pois, seja nas escolas e em muitas famílias, outras pessoas começam cedo para dizer à criança que elas são negras, assumindo desde cedo que a criança negra é. Porque quando ela cresce com essa identidade e você cria relatos de que a felicidade de ser negro, ela se torna mais forte”, disse ele.
Contrariando a necessidade de maior representação das crianças negras, uma pesquisa realizada pela ONG baiana Avante – Educação e Mobilidade Social mostra que menos de 10% das bonecas vendidas no país eram negras em 2020, ano em que foi realizada a última pesquisa.
Ou seja, mais de 90% das bonecas e bonecas vendidas em lojas de varejo eram brancas e brancas. Saldo que não corresponde ao percentual de outras pessoas que se dizem negras e pardas no país: 53,6%. É para denunciar esse desafio que a pesquisa introduziu em 2016, com a cruzada “Onde estão nossas Bonecas?”.
Na época, a psicóloga Ana Marcilio, especialista em direitos das crianças, e outras duas amigas, Mylène Alves e Raquel Rocha, estavam fazendo uma coleção de brinquedos e chegaram à conclusão de que, apesar do enorme número e variedade de bonecas, não havia bonecas negras.
“Diante dessa situação, começamos a nos perguntar por que eles não doavam bonecas negras. E a resposta é simples: porque não há bonecas dessas características no mercado. E tem, porque eles não são feitos”, diz Ana.
Após a primeira edição, o momento tomou posição em 2018 e o máximo recente há dois anos. No primeiro ano, a taxa foi de 6,3% e no ano seguinte 7%. Em 2020, a pesquisa destacou que apenas 6% das bonecas analisadas eram negras. O próximo resultado, segundo a organização, será publicado no próximo ano.
“Realizamos a pesquisa a cada dois anos, e um dos maiores desafios tem sido localizar conhecimentos sistematizados e precisos sobre a fabricação e venda de bonecas negras no mercado brasileiro, sobre as quais basear o argumento. Assim, a primeira pesquisa serviu para esclarecer o assunto. Repetindo a pesquisa dois ou quatro anos depois, descobrimos que há uma prevalência de bonecas brancas entre as lojas de brinquedos online mais sensatas que você pode comprar. Portanto, esta é uma discussão que terá que ser maior, ser constante. Não é fácil substituir o mercado, substituir paradigmas. Requer perseverança”, disse Ana.
O objetivo da cruzada é transparente: “O que precisamos é alcançar a produção e comercialização de bonecas. Precisamos promover um movimento de reflexão, discussão e mudança de atitude, participando para que os vitrais tenham um rosto, que não seja um rosto loiro e olhos transparentes, e isso reflete um pouco mais o que somos. “
Em entrevista ao portal, a psicóloga também reforçou a importância das crianças negras.
“O procedimento de autoidentificação, que se posiciona durante o procedimento do jogo, é fundamental para a progressão da autoestima dos jovens. Assim, pensa-se que ter bonecas negras é obrigatório para uma educação mais justa, uma educação antirracista. Para alcançar os conceitos de diversidade, a valorização do sujeito, o fortalecimento da autoestima, as inter-relações privadas e sociais das crianças e a colaboração para quebrar o racismo estrutural, enraizado em nossa sociedade, que tem forte efeito na violação diversos direitos, especialmente aqueles que devem ser garantidos aos jovens e adolescentes”.
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