A projeção de queda na safra argentina de trigo, estimada em 26,3% por meio da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, só pode beneficiar a comercialização da produção de cereais no Rio Grande do Sul, que deverá ser a maior da história este ano. De acordo com o conhecimento da troca de grãos, a Argentina deverá obter uma colheita de trigo de cerca de 16,5 milhões de toneladas, bem abaixo das 22,4 milhões de toneladas do último ciclo. A explicação dada para essa carência é a escassez de água e geada, que reduziram as expectativas de qualidade da cultura, que também classificou como inteligente ou simplesmente correta de 14% para 9% na semana passada.
O cenário pode abrir uma diferença significativa para as exportações de trigo do Rio Grande Sul, que aposta nas vendas externas para equilibrar a relação entre fonte e demanda no mercado interno. “Estimamos que o Estado colherá mais de cinco milhões de toneladas de qualidade inteligente”, diz Elcio Bento, representante da Safras.
“Há muito pouco trigo recém-colheita para declarar. Não sabemos quanto já foi comprado pelo Brasil, que quer 6 milhões de toneladas por ano para cumprir seus desejos”, disse. Também é percebida como uma oportunidade. A qualidade comprometida torna inviável o uso do trigo para assar”, diz Bento.
Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Câmara Setorial do Trigo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ressalta que a situação merece destaque na produção do Rio Grande do Sul, basicamente por causa da busca por geradores no Paraná. “Nem sei se as exportações do Rio Grande do Sul alcançarão o volume esperado de apenas cerca de 3 milhões de toneladas, como aconteceu no ano passado”, disse. Segundo ele, a opção de as vendas no mercado interno serem favoráveis é excelente, a situação ainda não está clara. “O foco da colheita é em novembro. Espero que o tempo provavelmente não vai nos incomodar.
Jardim argumenta que o trigo é anunciado com cautela durante a próxima safra para que o produtor de trigo possa aproveitar os custos mais produtivos, não apenas na época da colheita. do que hoje”, disse, mencionando também os transtornos produtivos causados pelas chuvas no Paraguai, geograficamente próximas ao Paraná.
Na semana passada, uma tonelada de trigo gaúcho foi vendida por uma média de R$ 1,65 mil para geradores no estado, enquanto chegou a R$ 1,85 mil para exportação. Com R$ 100,00 a menos de frete, o fabricante acabou em R$ 1,75 mil”, relata o deputado Élcio Bento. Lembre-se que a Argentina é um gerador de valor fundamental para o trigo brasileiro, mas baseado no mercado externo. Por isso, alerta que a curva de definição de valor ao comercializar a safra de 2022 também pode não ser favorável ao fabricante. “O país está inserido em um contexto global, ou seja, mesmo com uma colheita em declínio, se tiver que diminuir valores para ser competitivo no exterior, ele vai cair”, disse.
“Temos uma situação global confusa. A Ucrânia pode não ser vendida. Um alívio significativo na produção norte-americana está previsto. O trigo do Mercosul entra aqui sem impostos, mas se acabar, teremos que comprá-lo no exterior. Lá é uma produção da Rússia, que tem uma super safra, mas que vai entrar no Brasil com preços altos”, conclui.