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O filme “Quand l’air manque”, de Helena Petta, acompanhou as pinturas de agentes e médicos do SUS durante a crise do Covid-19; Dr. Eli Baniwa estava na linha de frente.
Durante a pandemia Covid-19, que viveu seus piores momentos entre abril de 2020 e dezembro de 2021, o território amazônico viu parte de sua população sufocar, seja em espaços urbanos ou na selva. Nos rios, barcos transportavam pacientes de outras regiões para a capital em busca de atendimento. A importância do SUS tem sido explicada, embora as políticas públicas não tenham sido capazes de evitar momentos de colapso e as milhares de mortes que resultaram, como o que aconteceu em Manaus, em janeiro. 2021, quando, literalmente, não há ar na Amazônia.
Não há ar em uma região considerada por muitos como os pulmões do mundo. Embora agora se saiba que a Amazônia não é culpada pela produção máxima de oxigênio respirável no planeta, tarefa realizada através dos seres do oceano, o arranjo da maior floresta do mundo com o ato de respirar permanece na imaginação. Um sinal simbólico, pois sabemos que existem trocas básicas de ecossistemas para a manutenção da vida no planeta.
A documentarista e especialista em doenças infecciosas Helena Petta acompanhou de perto esse momento histórico, como diretora do documentário “Quand tu manques d’air”, vencedor do Festival Internacional de Documentários “Tout est vrai”, em 2022. Em outros lugares do país, a produção acompanhou o trabalho realizado pelos profissionais de fitness da linha de frente do SUS durante a pandemia, em contextos que vão desde comunidades ribeirinhas até presídios.
No Amazonas, o filme documentou incursões pelo círculo de familiares de profissionais de ginástica na rede ribeirinha de Igarapé-Mirim, no nordeste do estado do Pará, bem como no município de Castanhal, próximo à capital Belém.
Para Helena, seguir essas pinturas ampliou sua visão da complexidade da aptidão na Amazônia, onde a sabedoria ancestral dos povos indígenas precisava ser adicionada à medicina clássica para salvar vidas. “Eu me conscientizei da importância da comunicação entre esses mundos. das pinturas continuamos muito mais em Castanhal, do que a do médico Eli Baniwa, que é indígena”, explica.
Após essa experiência, a documentarista diz estar especialmente decepcionada com a grande ajuda da população amazônica a Jair Bolsonaro na primeira circular das eleições. devastação. Embora parte da população esteja ciente da necessidade de mudança, esse resultado ainda é muito vital depois de tudo o que aconteceu. Não podemos esquecer que a Amazônia não tinha ar”, diz.
A população indígena amazônica tem sido duramente atingida pela pandemia e continua sofrendo as consequências da doença. Além da lentidão na elaboração de planos e na consolidação de movimentos que só podem atender a essas populações, o fato de as terras indígenas terem invasores, como garimpeiros ilegais, tem dificultado muito para as comunidades ficarem longe do vírus.
Com uma cultura marcada pela convivência coletiva e dada a importância dos demais idosos na manutenção das estruturas culturais, os demais tiveram que enfrentar um cenário alarmante sem políticas públicas capazes de minimizar esses efeitos.
Em abril de 2020, uma jovem da etnia Kocama foi a primeira moradora indígena a mostrar que tinha o vírus. Ele teria ficado inflamado após contato com um médico da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena) em Santo Antônio do Içá, no Amazonas. No mesmo mês, foi registrada a morte de um jovem indígena na TI Yanomami, em Roraima. Ainda nesse período, em 22 de abril, a Funai 9/2020 substituiu as regras e permitiu que outros não indígenas permanecessem em TI com limites já conhecidos. .
Como os auxílios emergenciais só podem ser obtidos on-line ou pessoalmente, os jovens indígenas começaram a deixar as aldeias em busca dos recursos monetários necessários para apoiar muitas comunidades. sendo uma fonte de contágio.
Até junho de 2020, quando o vírus já havia se espalhado para muitas comunidades indígenas, a Funai (Fundação Nacional do Índio) havia gasto menos de uma parcela (39%) dos US$ 11 milhões em recursos emergenciais para os povos indígenas.
Em janeiro de 2021, após já vivenciar um número recorde de mortes por Covid-19 devido à dificuldade de atender populações indígenas e locais que vieram à capital em busca de um plano para tratar a primeira onda da doença, a cidade de Manaus (AM), maior capital amazônica, vive um dos momentos mais trágicos da pandemia no país. com uma oscilação de mortes e falta de oxigênio que impede a salvação de vidas em hospitais.
Em março do mesmo ano, o STF (Superior Tribunal Federal) teve que intervir para que outros povos indígenas em contextos urbanos tivessem prioridade, assim como os habitantes, no processo de vacinação, mesmo diante da maior sensibilidade dessas populações ao agravamento da doença.
Segundo dados compilados pelo Comitê Nacional de Vida Indígena e Memória da Apib (Associação dos Povos Indígenas do Brasil), 162 dos 305 indígenas brasileiros registraram casos da doença, com um total de 75. 668 infectados. que morreram de Covid-19, segundo a mesma pesquisa, no total de 1324 vidas. Até 27 de outubro de 2022, segundo o conhecimento oficial, 689. 962 brasileiros morreram pela doença.
No entanto, a pandemia não afetou as pinturas de garimpeiros, grileiros e madeireiros. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), na TI de Trincheira-Bacajá, Kayapó e Mundurukú, no sudoeste do Pará, o desmatamento ultrapassa 827%, 420% e 238% respectivamente, entre março e julho de 2020. Esses espaços vêm com as sete terras máximas aprovadas (com demarcação) fortemente invadidas na Amazônia Legal do período, além dos TIs de Karipuna e Uru-Eu-Wau-Wau (RO), Araribóia (MA) e Yanomami (AM/RR). Durante a chegada e progressão da epidemia no país, 2. 400 hectares de florestas foram destruídos nas sete zonas.
Hywyxy Baniwa, uma alienígena chamada Eliniete Fidelis que se apresenta como Eli Baniwa, é uma das outras Baniwa de Rio Negro, Amazonas. Especialista em círculo familiar e medicina de rede, atua no hospital de emergência do município de Castanhal, no Pará. Ela foi um dos retratos da equipe de fitness e protagonista da situação que acompanhou a pandemia na Amazônia na linha de frente no documentário “Quando falta o ar”.
“Quando comecei, acabei de me formar, ainda rodeado de profissionais experientes, vivi um pesadelo que parecia não ter fim. Havia uma sensação de desamparo diante do desconhecido, de ver outras pessoas morrerem, famílias desesperadas e nós sem rumo. em face de uma doença, da qual não sabíamos quase nada. Tentamos fazer o nosso melhor, mas tivemos que improvisar por falta de suprimentos. Mesmo que houvesse apenas minhas duas filhas e eu na selva de pedra, tomei a decisão de não me isolar e assumi minhas responsabilidades, indo para a frente”, explica em entrevista ao (o))eco.
“O pior para mim é que, mesmo experimentando a dor compartilhada por tantos, eu ainda tinha que lidar com a negação da vacina. Minha luta não só para usar a sabedoria médica que eu tinha adquirido na faculdade, mas também uma luta intelectual. E naquela época, eu dependia muito da ajuda dos meus antepassados. “
Eli perdeu o pai para uma doença e lembra que no Natal de 2021 ele experimentou de uma forma dolorosa: “O pior para mim é que, mesmo experimentando a dor compartilhada por tantos, eu ainda tinha que lidar com a negação da vacina. Minha luta não só para usar a sabedoria médica que eu tinha adquirido na faculdade, mas também foi uma luta intelectual. E naquela época eu dependia muito da ajuda dos meus antepassados”, diz ele. Ela afirma que em casa, além dos cuidados que sabia ser obrigatório para salvá-lo da doença, ela bebia chás de ervas, mantendo suas práticas de cura cultural para si mesma.
Essa sabedoria foi básica para oferecer, segundo ela, um remédio que leva em conta os desejos indígenas da doença. Medicamentos alopáticos e remédios derivados da medicina ocidental eram obrigatórios sem ignorar as especificidades culturais e sagradas dos pacientes.
Ele lembrou, no entanto, a falta de uma política governamental coerente em relação aos povos indígenas e aos quadros realizados por meio de organizações como Apib e Coiab, acrescentando a distribuição de folhetos em línguas indígenas, buscando ampliar as possibilidades de prevenção. No estado do Pará, a Secretaria de Saúde criou políticas expressas de garantia de leitos para indígenas. Na guerra de narrativas, Eli destaca que sentiu uma dificuldade específica em lidar com a negação vinda das igrejas evangélicas do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Questionado sobre a vitória de Bolsonaro na Amazônia na primeira circular da eleição presidencial, o médico está especialmente indignado. influenciado através de igrejas e seus patrocinadores. Mas quando vejo outras pessoas educadas e educadas em um usuário que tira sarro das outras pessoas em seu país, que sofrem a morte, prefiro pedir a ajuda dos antepassados para ficarem fortes e saudáveis. Não posso me contentar com outros indígenas, mesmo com tudo o que aconteceu, ainda votando no Bolsonaro”, conclui.
O filme “Quand tus malques d’air” continua a ser exibido em todo o país, com um cronograma que pode ser conferido na página do Instagram do projeto @quantofaltao. Assista ao trailer do filme.
Por: Débora PintoFonte: O Eco
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