No Brasil, mais 50 milhões de pessoas usam psicotrópicas

POR O Globo

Estima-se que hoje no Brasil vivemos uma epidemia silenciosa de uso de psicotrópicos, visando aliviar dor, tristeza, ansiedade, nervosismo, insônia, medo, obesidade e depressão. O Brasil, com seus 215 milhões de habitantes, é um país caracterizado por imensa diversidade social, cultural, devota e culta. Essa variabilidade também se reflete na tendência do uso de drogas, como drogas ilícitas (cocaína, maconha) e drogas lícitas (álcool e tabaco) e psicotrópicos, assim chamados porque têm efeitos no sistema nervoso central. As drogas psicotrópicas produzem ajustes no comportamento, temperamento e raciocínio, e têm propriedades de reforço maravilhosas, sendo propensas à autoadministração, o que pode levar ao vício.

É postulado que cerca de 50 milhões de pessoas usaram esses medicamentos recentemente no Brasil e, ocasionalmente, sem prescrição médica ou orientação médica. Entre os máximos utilizados estão ansiolíticos (midazolam, clonazepam, diazepam e outros), hipnóticos (zolpidem, zolpiclone), antidepressivos (fluoxetina, paroxetina e outros) e anfetaminas. A pandemia Covid-19, além de milhares de mortes, trouxe à sociedade um aumento abundante na ocorrência de doenças neuropsiquiátricas como ansiedade, depressão, insônia e delírio, descritas em até 40%. de pacientes. Vale ressaltar também que mesmo aqueles que não foram inflamados vêm acumulando taxas de doenças psiquiátricas, devido ao imenso sofrimento vivenciado, à perda daqueles que desfrutam e à deterioração de seu prestígio social e qualidade de vida.

Talvez os determinantes do porquê estamos vivenciando uma epidemia de doença intelectual sejam o Covid-19, a vida na moda e suas múltiplas demandas, multitarefa, excesso de trabalho, maior vulnerabilidade socioeconômica, insegurança alimentar, intolerância e a crise ideológica e político-social que nos aflige. . A cura dessas doenças envolve o acesso à assistência física de qualidade, que neste caso inclui a disponibilidade de instituições de ginástica, médicos, psicólogos e terapeutas que, com um diagnóstico preciso, determinarão o tratamento adequado, que consiste no máximo em tempo controlado para controlar o uso de psicotrópicos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida.

No entanto, o que estamos experimentando é o uso desses medicamentos sem ter um diagnóstico ou acompanhamento médico. Ultimamente, um número crescente de outras pessoas são dependentes dessas drogas, e elas estão sofrendo e sofrerão seus efeitos colaterais. Esses medicamentos podem causar dependência física, dependência química, irritabilidade, prejuízo de memória grave, deficiências de aprendizagem, mudanças de humor, sonolência exagerada, falta de concentração, além de estarem relacionados a dores de cabeça cardiovasculares, como arritmias, pressão alta e ataques no centro, e acumulando-se em acidentes de trânsito e casos de violência em domicílios. e nas ruas. A população merece não consumir esses medicamentos sem orientação e sem receita médica. É fundamental não esquecer que o uso de ingredientes psicoativos está incluído na CID-10 através da OMS e se destina a doença, uma vez que causa transtornos intelectuais como resultado de seu uso.

É humano passar dias sem dormir, enfrentar situações e problemas exigentes e deleitar-se com momentos de tristeza e tédio. As drogas psicotrópicas não são indicadas para aliviar esses problemas, pois não serão úteis e causarão efeitos colaterais indesejados. Atividade física regular, não usar drogas ilícitas, não consumir psicotrópicos sem orientação médica, evitar excessos e focar na prevenção e diagnóstico precoce de doenças é o que recomendamos. Teremos que alertar a população por meio de campanhas, regulamentações e divulgação de dados para a ameaça do abuso de psicofármacos e, ao mesmo tempo, buscar construir o acesso à saúde intelectual de qualidade.

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