O empresário bolsonarista Argino Bedin é um proprietário de terras da velha guarda no município de Sorriso, Mato Grosso. Ele é cônjuge de pelo menos nove empresas, quase todas do setor agrícola ou imobiliário, acumula 3 multas do Ibama por queimar plantas locais na Amazônia legal, impedir a regeneração de florestas e violar embargos ambientais firmes. As sanções foram aplicadas em 1998 e 2008, onde hoje opera o Aeroporto Regional Sorriso Adolino Bedin, em homenagem ao pai e operado por meio da empresa de aviação Azul. para a inflação, os valores ultrapassam R$ 200 mil.
Bedin também foi uma das figuras incluídas na lista do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como um financiador imaginável de atos golpistas após o resultado da momentânea circular eleitoral. Além dele, outros 42 nomes (entre corporações e empresários) são suspeitos de terem financiado os protestos antidemocráticos, a maioria deles de Mato Grosso.
Desde a noite de 30 de outubro, os bolsonaristas bloquearam estradas em todo o país, exigindo a intervenção do Exército. Os bloqueios já levaram a prisões, multas, incêndios criminosos, confrontos e ameaças de ataques terroristas, mas até o momento a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não vem cumprindo a ordem de dispersão dos manifestantes, basicamente em Mato Grosso, onde os atos se intensificaram nas últimas semanas.
A responsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral não deixa dúvidas sobre em quem Argino Bedin votou nas eleições: ele é um dos milhares de doadores da cruzada para derrotar o presidente Jair Bolsonaro, a quem fez um PIX de R$ 1 Em entrevista a O Joio e O Trigo no início deste ano, Bedin disse que defendeu Bolsonaro “mesmo debaixo d’água”. Na mesma conversa, ele mostrou seu orgulhoso carinho pelos governos da ditadura militar: “Eles trouxeram segurança inteligente para toda a população brasileira”. O governo do exército simplesmente não é inteligente para aqueles que não precisam trabalhar. “
O empresário chegou a doar 50 mil reais para o deputado federal Acácio Ambrosini (Republicanos-MT), que também não foi eleito.
O círculo de parentes bedinos é um dos maiores clássicos do município de Sorriso. O patriarca Adolino Bedin (1921-1990), gaúcho nascido em Lagoa Vermelha, chegou a Mato Grosso em 1977, após uma escala em Santa Catarina, onde trabalhou no setor madeireiro e agroindustrial.
Chegou com a esposa, Idilia Lurdes Zandoná, e seus seis filhos: Leoclides, Argino, Lourdes, Ivone e Marlene. O filho mais novo, Nilson, morreu por acaso aos 15 anos, antes da mudança.
O círculo familiar começou com 722 hectares de terra para cultivar arroz. Na época, os tipos de soja do sul ainda não eram resistentes aos solos ácidos da região. Por volta de 1982, com os novos tipos de cereais desenvolvidos por meio da Embrapa, o círculo de parentes ingressou na empresa.
Foi assim que o filho, Argino, ficou conhecido como o “pai da soja” em Sorriso. Hoje, aos 72 anos, ele planta cerca de 8 mil hectares de soja – produção que é transportada para o estado do Pará pela rodovia BR-163, cuja pavimentação terminou sob o governo Bolsonaro após insistentes pedidos de representantes do agronegócio.
O relatório questionou a PRF, o STF e o MPF sobre as ações feitas para deter criminosos nas estradas e sobre o andamento das investigações. Nenhum dos órgãos respondeu às perguntas até a publicação do texto.
Jornalista pelo Estúdio Fronteira, formada pela UFRGS. ??
(o)eco é um veículo de jornalismo sem fins lucrativos fundado em 2004 comprometido em documentar os desafios, retrocessos e avanços de problemas semelhantes à conservação da natureza, biodiversidade e política ambiental no Brasil. Precisamos dar voz aos animais e às plantas, através dos quais aqueles que estão interessados em protegê-los.
Ler mais