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Embora os prefeitos mais recentes tenham sua parcela de responsabilidade pela agitação causada pelas chuvas na cidade do Rio de Janeiro, os relatos de tais casos são bastante antigos. Depois e tempestades está se tornando menos importante.
Há dois anos, o historiador Luiz Antonio Simas escreveu em suas redes sociais sobre a cidade onde relatos de danos causados pela chuva eram dignos de notas antigas.
Simas conectou 17 das figuras-chave da nossa história:
1 – Precipitação na cidade do Rio. Siga o fio. Vivaldo Coaracy – o primeiro tema de leitura da história da cidade – fala do espanto do padre Anchieta com as fortes chuvas que inundaram o Rio na década de 1570.
2- Vieira Fazenda, algum outro clássico, menciona uma chuva que não sai da memória do povo há muito tempo. Tal foi a invasão dos piratas franceses de Dugay-Trouin, que tomaram a aldeia (sim, a aldeia total) no meio da tempestade. Isso foi em 1711.
3 – A cheia de 1811 é a máxima mítica na cidade. Ganhou até um nome: dilúvio de “Águas da Montanha”. Pessoas morreram, parte das muralhas do castelo de S. Sebastião desmoronou. D. João ordenou que todas as igrejas fossem abertas para acolher os sem-abrigo. Parte do Morro do Castelo desabou.
4- Em 1864 a população pede algum outro dilúvio: é a “chuva de pedras”, com granizo e paus. As pessoas estavam debaixo d’água, as casas estavam caindo, as igrejas ficaram sem telhados, os bois flutuaram. Machado de Assis, nascido em 1839, diz que nunca esqueceu o dilúvio.
5 – Vieira Fazenda menciona uma enchente que terminou com uma procissão na Quarta-feira de Cinzas e destruiu a cidade em 1854. Conta de uma enchente que em 1897 destruiu uma festa no Itamaraty e devastou parte do centro.
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6 – Olavo Bilac fala, à sua maneira, de “ruas convertidas em rios, praças, substituídas em lagoas, bondes convertidos em gôndolas, – e homens e cães nadando, como peixes, pela imensidão da água derramada”. Estamos em 1904, ano da reforma de Passos.
7 – Lima Barreto tem talvez a mais notável crônica das enchentes na cidade, a de 1915. Lima acusa diretamente Pereira Passos: “O prefeito Passos, que estava tão interessado em embelezar a cidade, esqueceu absolutamente de resolver esse defeito do nosso rio”.
8 – Em 1906, os morros da Gamboa, Santa Teresa e Santo Antônio foram arrasados. O manguezal transbordou. Em 1924, São Carlos entrou em colapso. Marques Rebelo citou inundações bíblicas em suas crônicas.
9 – Em janeiro de 1966, uma inundação matou mais de 250 pessoas e deixou 50. 000 desabrigados. Em janeiro de 1967, ocorreu um deslizamento de terra em Laranjeiras, que destruiu um espaço e dois prédios e matou mais de duzentas pessoas. O círculo de parentes de Paulinho Rodrigues, irmão de Nelson Rodrigues e Mário Filho, morreu.
10 – A inundação de fevereiro de 1988 deixou 289 mortos e cerca de 30. 000 desabrigados. Desfile de campeões cancelado em Sapucaí. In década de 1990, enchentes primárias atingiram a Baixada de Jacarepaguá e toda a zona oeste. A lista é interminável.
11 – O povo carioca fundou-se na luta contra a natureza. É arrasando os morros, secando os pântanos, enchendo os manguezais, a baía, as lagoas e as praias, que nos foi dado lá; O fato tem sido citado através de cronistas e viajantes desde o século XVI.
12 – As tempestades são inevitáveis. A substituição climática só pode agravar o que não é incomum desde os Tupinambás e que tem sido agravado pela urbanização imprudente. O abandono do poder público, exceções verificam a regra, só agrava.
13 – Para quem precisa saber mais, proponho Vivaldo Coaracy: Memórias da cidade do Rio de Janeiro. A Vieira Fazenda tem os clássicos Antiquelhas e Memórias do Rio de Janeiro. De Marques Rebelo, O Trapicheiro fala das chuvas. As enchentes”, uma coluna de Lima Barreto, está online.
14 – As crônicas cariocas de Machado, a chuva parece aqui e ali, se acumulam em “A Semana”. Andréa Casa Nova Maia publica nos anais do XXVII Simpósio Nacional de História o artigo “Memórias do Rio de Janeiro inundadas de histórias de cronistas e estudiosos”.
15 – J. Carlos fez caricaturas sobre várias inundações. No ebook O Vidente Míope, que escrevi sobre a sua obra, com fotografias organizadas através de Cássio Loredano, comunico-me sobre ela.
16 – Moreira da Silva gravou “Cidade Lagoa”, através de Cícero Nunes e Sebastião Fonseca, em 1959:
17 – O prefeito, no séc. XXI, disse estar surpreso e considerado “atípico” o que aconteceu na cidade.