Marina Silva se mostrou a ministra do Meio Ambiente de longo prazo no próximo governo de Lula. Segundo ela, Lula “mudou” e agora considera a preservação da Amazônia como uma de suas principais prioridades. A meta, segundo ele, é o desmatamento até 2030.
Confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério do Meio Ambiente no próximo governo, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) tem como principal objetivo atingir o desmatamento líquido 0, seja na floresta amazônica e em “todos os outros biomas do Brasil” até 2030.
Mas ela mesma admite que o desafio será maior do que o que enfrentou quando era primeira-ministra, no primeiro mandato de Lula.
Na ocasião, Marina Silva lançou um ambicioso programa de combate ao desmatamento. Ainda assim, demorou dois anos para começar a ver resultados.
Em 2003 e 2004, os dois primeiros anos do governo Lula, os espaços florestais destruídos continuaram a crescer. Mas a partir de 2005, a queda se aprofundou. Em 8 anos de governo, o desmatamento foi reduzido em 67%.
Marina Silva deu entrevista à BBC News Brasil em novembro da COP27, a conferência de atualização climática das Nações Unidas. Na época, ela ainda não havia sido apresentada no Ministério do Meio Ambiente, mas já estava se manifestando e sendo tratada como ministra por meio das censuras estrangeiras fornecidas na conferência.
“Sociedade que agora a prioridade é combater implacavelmente o desmatamento corrupto para que 0 desmatamento seja alcançado”, disse.
“Não é fácil, porque temos um cenário incomparavelmente pior do que em 2003, mas temos uma vantagem. Já temos um experimento que deu certo”, disse ele à BBC News Brasil na época.
João Fellet procura como os brasileiros alcançaram o grau de divisão existente.
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Na entrevista, ele indica quais serão as prioridades do governo Lula no cenário do meio ambiente e garante que o PT “mudou” desde seus primeiros mandatos até hoje. Ela passou a considerar, segundo ela, o combate ao desmatamento como uma “prioridade”.
Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008. Ela deixou o ministério dois anos antes do término do mandato de Lula após divergências com ministros de outras pastas, que a acusaram de bloquear projetos progressistas, como o Programa de Aceleração do Crescimento, na época controlado. Por meio de Dilma Rousseff. Sem receber a de Lula diante da pressão para quebrar as regras ambientais, ele renunciou.
“O presidente Lula mudou. Naquela época, o combate às atividades ilícitas e a política ambiental eram regras apenas do Ministério (do Meio Ambiente). Hoje, o próprio presidente assumiu o lugar de todo o governo”, disse. Aquele que disse que a política ambiental vai ser transversal. Aquele que disse que o clima é o mais sensato do momento e que precisamos alcançar o desmatamento 0. “
Veja os principais trechos da entrevista realizada na COP27, em Sharm El Sheikh:
BBC News Brasil – O Brasil alcançou um recorde de desmatamento nos últimos anos e um acúmulo de emissões de gases de efeito estufa. O senhor acha que é imaginável se opor a essa tendência em 2023, no primeiro ano do governo Lula?
Marina Silva: Temos uma diferença na técnica do que foi feito no governo Bolsonaro, do que no desmonte das políticas públicas em geral, mas que é, na caixa do meio ambiente. Tivemos um corte orçamentário, intimidação de equipes [de inspeção], substituição de técnicos pela polícia e eles esperam substituir a lei para favorecer os criminosos.
Tudo isso está se tornando agora, esperando que a sociedade saiba que a prioridade é combater incansavelmente o desmatamento corrupto, para que 0 desmatamento possa ser alcançado. O Brasil pegará as políticas que já funcionaram e as atualizará, para que possamos alcançar o resultado obrigatório de nos opormos ao cenário existente. Isto não é fácil, porque temos um cenário incomparavelmente pior do que em 2003. Mas temos uma vantagem: nos deleitarmos com o que deu certo. Sabemos o que fazer e como fazer.
Crédito, REUTERS/Bruno Kelly
Em situações de excesso, outras pessoas comprometidas com o máximo pela vida, pelos direitos humanos e pela cobertura do meio ambiente são capazes de gerar mudanças.
Agora é uma questão de articular essas políticas para alcançar uma reação efetiva. Sim, é difícil você dizer a porcentagem [diminuição do desmatamento]. Eu próprio, quando era ministro do Ambiente e estávamos a planear, estabeleci metas que eram menos do que aquilo que estamos a alcançar. Portanto, prefiro permanecer no caminho certo sabendo que não há mais tempo a perder e que a reação precisará ser tão urgente quanto a gravidade do desafio exigir. O Brasil se comprometeu a 0 desmatamento até 2030 e esse é o propósito que vamos perseguir.
BBC News Brasil – O senhor falou sobre resgate e atualização de políticas ambientais. Mas o que foi feito em 2003, no primeiro governo de Lula, que pode ser copiado agora e o que você quer substituir para atingir esse propósito de 0 desmatamento?
Silva: Quando o presidente Lula e eu tivemos nossa assembleia de composição política e programática – de um ponto de vista não público, nunca nos separamos – publicamos um documento em que ele se relaciona com a sociedade brasileira. Nesse documento, fica estabelecido o que será feito para salvar a agenda ambiental perdida. O plano para salvá-lo do desmatamento é tudo o que precisa ser salvo, mas com a incorporação de novas ferramentas e medidas, como, por exemplo, no âmbito do planejamento territorial e da alocação de áreas florestais.
Queremos pensar as terras indígenas e os conjuntos de conservação e uso sustentável como destino. Trata-se de uma medida que está em vigor há muito tempo, mas que agora se tornou uma prioridade de alto nível. Há também um desejo de mais ação incorporada. O plano surge como uma ação do governo federal, mas quando efetivamente incorporado, ele quer a ação de outros estados.
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Marina Silva disse à BBC News Brasil que “Lula mudou” e que no próximo governo ele terá “maior prioridade”
Mas o governo federal provavelmente não esperaria pelos estados e gostaria de começar a trabalhar. Ou seja, o conceito do plano que tínhamos, juntamente com o ordenamento territorial e territorial, o combate às práticas ilícitas e o desenvolvimento sustentável, continua a ser válido. Mas isso agora é combinado com a economia e a infraestrutura. Queremos também avançar para uma agricultura hipocarbónica. Todos esses pontos são novas ferramentas que farão a diferença. Até porque não basta eliminar e proibir o que não pode. Algo deve ser colocado em prática, na vida das pessoas, para gerar emprego e renda, para tornar os investimentos possíveis.
O que é muito atraente de se ver é que todos os parceiros no Brasil estão dispostos a cooperar novamente. Nas conversas que tive com Alemanha, Reino Unido, Canadá, Noruega, enfim, todos os parceiros indicaram e entenderam que o Brasil é o país que pode substituir o paradigma, porque tem situações para isso. E outras pessoas precisam ver o Brasil liderar pelo exemplo.
BBC News Brasil – Quando o senhor era ministro do Meio Ambiente, o senhor implementou a tarefa que reduziu o desmatamento em mais de 60% até o fim do governo Lula. Mas ele deixou o apartamento, supostamente na época, por causa da tensão. de outros departamentos que se queixaram de que o Departamento de Meio Ambiente estava atrasando as alocações de progressão. O que o faz pensar que o próximo governo Lula será diferente?
Silva – O global substituiu. Os não-negadores do Holocausto também substituíram. Se evitarmos pensar em termos políticos, você acreditaria em uma frente ampla com o PSDB apoiando Lula?Ninguém teria adivinhado. Em situações extremas, outras pessoas comprometidas com o que é mais importante para a vida, para os direitos humanos e para a cobertura do meio ambiente são capazes de fazer mudanças.
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E o presidente Lula mudou. Naquela época, as regras de participação social, o combate às atividades ilícitas, a política ambiental, eram apenas regras do Ministério do Meio Ambiente. Agora, o próprio presidente assumiu que esses tempos seriam para todo o governo. Lula disse que a política ambiental será transversal. Ele disse que o clima é a principal prioridade e que devemos alcançar 0 desmatamento.
O que precisamos fazer é uma reindustrialização que já esteja alinhada com as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Temos também de avançar para uma agricultura hipocarbónica.
E Lula disse tudo isso em seu discurso de vitória. Naquele momento, ele pode dizer qualquer coisa, mas escolheu exatamente o que é mais importante para o Brasil naquele momento. Ele falou da democracia, da luta contra a desigualdade, da luta contra as mudanças climáticas e da conquista do desmatamento 0. , respeitando os demais clássicos e criando um novo ciclo de prosperidade.
BBC News Brasil – Além de reduzir a taxa de desmatamento, outras características do governo Lula foram as gigantescas obras hidrelétricas e a exploração de petróleo no pré-sal. O que você acha que será substituído nesses espaços a partir de 2023?
Silva: Eu já indiquei o que ele vai substituir e não posso falar por ele. Mas posso dizer o que ele já disse. Em Manaus, ele disse que agora temos oportunidades de produção de energia, como a eólica. fazendas, biomassa e energia solar.
Eles já cobram menos do que a energia das usinas hidrelétricas. Essas corporações gigantes podem ser substituídas através da produção de energia limpa, renovável e bem distribuída. uma perda de 25% no processo de transmissão de longa distância.
Quando você trabalha com parques eólicos, energia solar ou biomassa, você obtém o máximo potencial deste lugar. Então, essas oportunidades vêm em socorro do propósito de uma Amazônia preservada. E também contribuem para tornar o Brasil líder não só no processo de conservação florestal na América Latina, mas em todo o mundo, especialmente na Ásia e na África.
Mostra o presidente Lula fortemente imbuído de um esforço pela República Democrática do Congo, Indonésia e outros países com megaflorestas. Essa ação será vital para a liderança do Brasil.
Precisamos de cooperação técnica e clínica, investimento em bioeconomia e infraestrutura. O Brasil pode ser o principal fabricante de hidrogênio verde. Mas, obviamente, não o faremos com a mesma chantagem que está a ser feita ultimamente, com o conceito de que só a floresta se nos for pago.
O Brasil reduziu o desmatamento em 83% com recursos próprios e, assim, ganhou um vínculo da Noruega e da Alemanha. Falei com o Reino Unido, com a Alemanha, com o Canadá, com a Noruega e vários agentes precisam cooperar com o Brasil. Esses líderes já se comprometeram a investir mais na Amazônia e manifestaram interesse em expandir a cooperação do Brasil. Eles são transparentes sobre a importância estratégica do nosso país, seja na criação de um novo estilo de progressão com a preservação das florestas, seja no fortalecimento da democracia.
Somos o maior país da América Latina e desempenhamos um papel vital no quadro da geopolítica. O mundo está ciente disso e sabe que estamos passando por uma crise econômica, social e política e está muito ligado a esses 4 anos. Veja respostas sociais, econômicas, ambientais e políticas para estabilizar nossa democracia.
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– Este texto publicado em https://www. bbc. com/portuguese/brasil-64111646
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