Bolsonaro inelegível? Ações do TSE que colocam o ex-presidente em maior risco

Bolsonaro acusado de abuso de poder político

Embora a eleição tenha terminado e Bolsonaro até tenha deixado o Brasil, os movimentos do ex-presidente na cruzada ainda podem ter sérias consequências para ele.

Bolsonaro enfrenta 16 processos judiciais pendentes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por acusações de ilegalidades cometidas durante a campanha.

Caso ele seja considerado culpado de um dos lances e o tribunal decida que a conduta é muito grave, o resultado pode ser a desqualificação por um período de 8 anos, ou seja, Bolsonaro também não poderá participar dos próximos. duas campanhas presidenciais, nem mesmo nas eleições municipais.

Os movimentos avaliam se houve abuso de poder econômico, abuso de poder político e abuso do uso da mídia pelo então presidente, que é acusado de se apropriar do local de trabalho e da disposição presidencial para ganhar mérito eleitoral.

Seis dos movimentos foram propostos através do PDT, 8 foram propostos através do PT e sua coalizão, e dois foram propostos através da senadora e ex-candidata à presidência Soraya Thronicke (União Brasil).

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Entenda o que são as tarifas e quais movimentos são máximos máximos provavelmente para evitar que Bolsonaro apareça.

O avanço mais recente nos processos foi em um dos movimentos propostos por meio do PDT, o de Ciro Gomes.

João Fellet procura como os brasileiros alcançaram o grau de divisão existente.

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O processo argumenta que a assembleia de Bolsonaro com embaixadores na qual ele questionou a fórmula eleitoral do Brasil constitui um abuso de poder.

No dia 16 de janeiro, o ministro do TSE, Benedito Gonçalves, legalizou novamente a inclusão em ação: o projeto de decreto descoberto na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que tratava de um estado de defesa para substituir os resultados finais da eleição de 2022, vencido por meio do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mas especialistas jurídicos entrevistados pela BBC News Brasil dizem que a inclusão do rascunho piora a situação de Bolsonaro.

O advogado eleitoral Cristiano Vilela explica que o documento destaca fatos que, se comprovados, são muito graves, não há um vínculo tão forte com a assembleia de embaixadores do ponto de vista da Justiça.

“Obviamente, este é um projeto muito sério”, diz Vilela, que é da Confederação Americana de Órgãos Eleitorais Subnacionais e foi observadora eleitoral em eleições no Chile e na Colômbia.

“Mas, tecnicamente, não vejo uma conexão entre uma história em quadrinhos que no espaço do ministro e a assembleia com os embaixadores. “

“O abuso de força política é algo complicado de resolver, mesmo que tenha ocorrido uma ação, a discussão sobre se ela constitui um abuso é mais subjetiva”, diz a advogada eleitoral Paula Bernardelli, membro do escritório de advocacia. Comissão Instituto dos Advogados Políticos e Eleitorais de São Paulo (IASP).

“Quanto menos concreto o ato analisado, mais complicada é a origem da ação. E, nesse caso, é uma influência mais turva”, diz.

Ou seja, o projeto seria um indício de ilegalidade em um contexto mais amplo, não fosse por esse mesmo procedimento, diz o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral.

“Essa é mais uma pista, prova em um jogo de xadrez de que Bolsonaro tinha más intenções se perdesse a eleição. Mas essa ação não contribui em nada”, diz Rollo.

Segundo ele, o agravo pode até ser como prova de um crime, mas nesse caso a competência não seria a da Justiça Eleitoral, ou seja, é prova mais útil para o Ministério Público e para a Polícia Federal.

Além disso, o fato de o ministro concordar em vir com a prova no procedimento não significa necessariamente que ela será válida, diz Bernardelli.

Os juristas divergem, no entanto, sobre o que Bolsonaro executa com essa ação.

Para Bernardelli, Rollo e Vilela, a ligação entre a assembleia e os embaixadores e a tentativa de influenciar o processo eleitoral é turva.

“Namorar de uma coisa para outra é mais frágil para mim. Vejo complicado identificar um detalhe expresso (de competência da Justiça Eleitoral) no caso”, disse Viela.

Para o especialista em direito eleitoral Luiz Fernando Pereira, no entanto, essa ação seria uma das máximas mais prováveis de ser condenado por Bolsonaro.

Crédito, Reuters

Bolsonaro acusado de atacar sistematicamente o sistema eleitoral

“São fatos que querem ser analisados em contexto. É apenas uma assembleia com embaixadores. Bolsonaro vem atacando a fórmula eleitoral desde 2018”, disse Pereira, coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).

“Para configurar o abuso de poder político, não basta que haja um crime eleitoral, ele terá que ser muito grave. Você mede pelo grau de influência e pelo alcance dessa ação”, explica o especialista.

Ele divulga pesquisas que mostraram que o principal eleitorado de Bolsonaro acredita, ainda sem provas, que possivelmente houve fraude na eleição de 2023.

O PL de Bolsonaro sustenta que a assembleia com os embaixadores é uma assembleia de governo, não uma assembleia de cruzada. Portanto, não pode simplesmente configurar o abuso de força ou a propaganda eleitoral.

A defesa do ex-presidente tentou, sem sucesso, questionar a competência da Justiça Eleitoral para proferir sentença sobre o caso, argumentando também que a ocasião com os embaixadores não é eleitoral.

Mas os ministros do TSE rejeitaram essa tese e suspenderam por unanimidade o caso para julgamento.

Além da ação do PDT, um dos movimentos do PT também considera ataques ao sistema eleitoral. O procedimento petista abrange mais casos do que a assembleia com embaixadores e cita uma série de outros movimentos – 19 de conduta em dezenas de episódios – que fariam parte de uma cruzada orquestrada para atacar o sistema eleitoral.

Segundo Pereira, é muito provável que os movimentos do PT e do PDT relacionados aos ataques à fórmula eleitoral sejam julgados conjuntamente pela questão e pela gravidade.

A ação cita uma live que o presidente fez com notícias falsas sobre fraudes no local de votação, ataques ao Judiciário, à campanha, ataques a institutos de estudo, criação de uma narrativa de perseguição política, entre outros.

“Se eu estivesse protegendo o ex-presidente, veria esses movimentos como a ‘matriz de risco’ de uma condenação que resulta em desqualificação”, disse o presidente da Abradep.

Crédito, Marcello Casal Jr. /Agência Brasil

Bolsonaro pode ficar inelegível por 8 anos

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil concordam, porém, que a ação de fazer Bolsonaro perder recursos públicos para obter benefícios eleitorais é a única máxima que pode resultar em condenação e inabilitação.

Bolsonaro trabalhou para aprovar uma série de benefícios do governo que excedem no período que antecede a eleição, no que é conhecido como o “bom pacote”.

A ação em curso no TSE cita dez medidas do ex-presidente que seriam um abuso de poder político e econômico:

Paula Bernardelli explica que já há um número gigantesco de decisões do TSE que aprovam benefícios como abuso de poder político e econômico.

“Nunca tivemos um presidente condenado por isso, mas esse tipo de condenação não é incomum nas prefeituras do interior”, disse Bernardelli.

“Você vê muitos casos em que prefeitos são acusados de entregar benefícios, de trocar favores, casos que se aproximam daqueles que estão em ação (contra Bolsonaro), estão em outra escala. “

Há jurisprudência nesse sentido que favorece Bolsonaro, diz Pereira, da Abradep.

“Talvez o fato de esta ser uma eleição presidencial, dada a sua escala, exija uma demonstração mais categórica desse abuso. Mas se nos deixarmos guiar pelas decisões da Justiça até agora, o fato de Bolsonaro ser condenado nessa ação é o maior. “

Quando ainda era presidente, Bolsonaro negou que o chamado “pacote de sutilezas” tivesse viés eleitoral e argumentou que as medidas se justificavam pela situação de “emergência” do país, após a pandemia de covid-19.

Analistas têm apontado que as consequências de uma condenação perante o tribunal eleitoral podem ter sucesso em Bolsonaro mais rapidamente do que outros processos que ele enfrenta.

De fato, a Justiça eleitoral, por sua natureza, já tem uma tendência a tomar decisões mais rapidamente do que outros espaços do Judiciário: as decisões são proferidas, em média, em dois anos, segundo os advogados.

No entanto, em casos de grande importância nacional, os processos podem acabar sendo priorizados e mais curtos.

A resolução aceitando a candidatura de Lula em 2018, por exemplo, veio em tempo recorde.

Da mesma forma, a tendência é que os processos que se opõem a Bolsonaro não fiquem de braços cruzados esperando decisões por muito tempo: eles não têm muito do chamado “tempo de inatividade”, em que os processos ficam na fila sem serem analisados.

Dos 15 movimentos contrários ao ex-presidente, aqueles com as acusações mais graves são os mais propensos a tentar primeiro.

Além das que envolvem ataques à fórmula eleitoral e ao pacote de bondade, há também acusações de que o 7 de setembro atua como uma cruzada eleitoral, criando uma fórmula de desinformação para influenciar a eleição, alavancando uma estação de rádio e televisão para obter cobertura positiva e bens públicos e design para fins de cruzada. Entre outros.

Os casos em tramitação no Tribunal Eleitoral representam uma ameaça mais iminente a Bolsonaro, pois terão que ser resolvidos mais cedo. No entanto, nem as condenações nem as absolvições o impedem de tentar por seus movimentos sua presidência em outros espaços de justiça.

– Este texto publicado em https://www. bbc. com/portuguese/brasil-64326551

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