Em 2022, 78% das famílias estavam endividadas. A maioria são mulheres, jovens e de baixa renda. O chamado imundo afeta a aptidão intelectual e enfrenta um ciclo de escassez e posições. Lula ainda não forneceu um programa de exercícios de dívidas.
Por Thaís Carrança, na BBC Brasil
Adriana da Silva Lins, 47, moradora da Vila Ema, na zona leste de São Paulo, trabalhava como auxiliar geral na cozinha de uma escola. Ela perdeu a lição de casa e, sem fonte de renda em meio à pandemia, viu suas dívidas se acumularem.
“É uma dívida de cartão, uma dívida bancária. Vendi cosméticos e também me endividei por causa disso, porque talvez meus consumidores não me paguem e quem sabe eu não pague pelos produtos do Boticário, Natura, Avon. Virou uma bola de neve”, diz a mãe de três filhos.
Atualmente trabalhando como diarista e recebendo o Auxílio Brasil por dois meses, ela estima suas dívidas em torno de R$ 20 mil – o que também inclui contas de luz não pagas. Com a mãe doente, a prioridade é comprar remédios, e assim, as dívidas deixadas para depois.
“Isso me faz sentir mal. Tenho gostado de ter minhas despesas em dia, ter minha ligação limpa. E, de repente, você não é nada. Porque quando você não tem uma ligação certa, você não é nada. “ele diz.
O círculo de parentes de Adriana é uma das milhões de famílias brasileiras endividadas e inadimplentes, ou seja, com dívidas não pagas.
Ambos os cartéis bateram recordes em 2022, de acordo com a Pesquisa de Dívida e Insolvência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
E, com as taxas de juros mais altas e as pessoas mais pobres recorrendo a empréstimos para cobrir as despesas existentes, o recorde ainda pode ser prejudicado este ano, prevê a entidade empresarial.
Para resolver o problema, o governo federal espera lançar o programa Desenrola para exercícios de dívida em fevereiro.
Os detalhes do programa, uma das promessas da cruzada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não foram divulgados, mas a iniciativa deve priorizar cerca de 40 milhões de brasileiros endividados com renda de até dois salários mínimos (R$ 2. 604, em valores).
O governo também pretende lançar neste mês o novo Bolsa Família, que atualiza o programa Auxílio Brasil, criado por meio do governo de Jair Bolsonaro (PL).
A substituição afeta famílias de baixa renda que contraíram empréstimos do empréstimo pessoal Auxílio Brasil – cujas contas são descontadas de benefícios pagos pelo governo federal. Eles se preocupam com ajustes no Cadastro Único e a opção de serem excluídos do programa, deixando-os com dívidas de empréstimo consignado para pagar.
Em 2022, de uma centena de famílias brasileiras, 78 estavam endividadas. O ponto está na série antiga de Peic, a partir de 2010.
Entre 2020 e 2022, a proporção de famílias endividadas aumentou de 66,5% para 77,9%, uma acumulação de 11,4 pontos percentuais.
No período, a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) subiu de 2% para os atuais 13,75%, ponto que tem sido fonte de confrontos entre o governo e o Banco Central.
Izis Ferreira, economista do CNC, diz que 3 pontos contribuíram para este endividamento recorde em 2022: inflação máxima até meados do ano, o que corroeu o poder de compra das famílias; o desenvolvimento de incentivos à utilização de cartões de crédito, através do fornecimento de novos produtos e facilidades através de bancos e fintechs; e, para os mais ricos, a demanda contida por serviços, como a compra de passagens aéreas, geralmente pagas com cartão.
“O principal aspecto desse acúmulo de dívida é a inadimplência, que também está atingindo proporções recordes”, disse o analista.
Em 2022, a proporção de famílias brasileiras com despesas não pagas chegou a 28,9%, também o ponto da antiga série de Peic.
“Quando você tem mais dívidas em seu orçamento, em um momento em que ainda está incomodado com a inflação, é mais difícil gerenciar esse orçamento e pagar tudo em dia”, diz Ferreira.
“O desafio para os consumidores hoje é pagar por tudo isso em um cenário de alta taxa de juros, já que altas taxas de juros acumulam o montante da dívida. Eles dificultam a renegociação e o pagamento de dívidas não pagas. E esse contexto permanece no ano de 2023”, prevê.
De acordo com o economista, as taxas de juros de mercado, que tiveram uma média de 52,1% ao ano para os americanos em 2022, de acordo com o conhecimento do Banco Central, serão altas devido à inadimplência emergente, à ameaça de inadimplência e à perspectiva de desaceleração da atividade econômica. e emprego este ano.
“Neste contexto de taxas de juro elevadas, em 2023 teremos mais famílias que terão dificuldade em pagar as suas dívidas a tempo e as que já estão em atraso terão muita dificuldade em renegociar. “
De acordo com a pesquisa da CNC, a dívida tem uma face no Brasil: mulheres, menores de 35 anos, ensino médio incompleto e cidadãos das regiões Sul ou Sudeste.
Em 2022, do total de mulheres, 79,5% se endividaram, contra 76,7% dos homens.
Entre as famílias chefiadas por americanos com menos de ensino médio, 31,2% tinham dívidas notáveis, com 25,8% das famílias tendo ensino superior.
“As mulheres pintam de forma mais informal e a tempo parcial, e muitas são chefes de família, por isso estão mais inseridas no mercado de trabalho do que os homens”, disse Izis Ferreira do CNC.
“Com receitas voláteis, a ameaça de atrasar a dívida é maior. E, como as mulheres usam crédito de menor qualidade, quando as dívidas estão inadimplentes, elas se tornam muito caras.
Para as mulheres, a principal forma de empréstimo são os cartões de crédito e os cartões pessoais, observa o economista.
E o perfil da dívida do cartão de crédito mostra como esse tipo de crédito tem sido utilizado como extensão do orçamento do círculo familiar: da dívida do cartão de crédito, 65% para compras em supermercados e 41% para a compra de medicamentos ou assistência médica, de acordo com o perfil e hábito da dívida brasileira do Serasa 2022.
“O cartão é um crédito muito simples, até mesmo apresentado por meio de comerciantes e com tetos baixos, o que facilita essa Matriz”, observa Patrícia Camillo, gerente da Serasa.
“É pensado como um preço adicional ao orçamento do mês. As pessoas ganham o cartão para fazer compras essenciais, contemplando que, sem cartão, o orçamento não é suficiente. Esse hábito é o perigo do cartão e o que o leva a ser o Top 1 em dívidas.
Em 2022, os juros médios cobrados pelos bancos no cartão rotativo atingiram 409,3% em relação ao ano, um aumento de 61,9% consistente com problemas percentuais em relação a 2021, quando os juros foram de 395,4%. Assim, esse tipo de crédito é um dos mais caros do mercado, ao lado do cheque especial.
Segundo dados do Serasa, o país tinha 69,4 milhões de inadimplentes em dezembro de 2022 e o valor médio da dívida compatível com o usuário R$ 4. 500, totalizando R$ 312 bilhões em dívidas notáveis.
Em 2022, algo contribuiu para o acúmulo de dívida dos mais pobres do Brasil: a criação, às vésperas das eleições, do empréstimo pessoal Auxílio Brasil.
O empréstimo foi liberado em 10 de outubro, entre o primeiro e o segundo turnos das eleições presidenciais em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) buscava a reeleição. Somente naquele mês, a modalidade movimentou mais de R$ 5 bilhões, segundo o Banco Central. .
Quem pegou o empréstimo consignado em outubro teve seu auxílio quitado no Brasil desde novembro. Quem ganhou R$ 600 agora recebe R$ 440 depois de pagar a mensalidade.
“Foi difícil, mas eu sabia que seria esperado”, disse Elisangela Cruz Cesar, 43, moradora de um domínio invadido ao norte de São Paulo.
Dona de casa e mãe de seis filhos, Elisangela conta que pegou o empréstimo por causa do desemprego do marido, que é pedreiro, mas perdeu o emprego por causa da pandemia. Ainda desempregada, ou agora ela descontou a ajuda como sua única fonte de renda.
“Só temos necessidade porque temos ajuda, temos uma cesta básica”, diz.
Elisangela conta que nunca havia contraído um empréstimo na vida, o empréstimo consignado de Eid foi sua primeira vez no mercado de crédito, já que ela nem usa cartão de crédito.
“Todo mundo que tinha o mérito e queria [fazer o empréstimo], nem pensava nisso, porque quem tem um filho provavelmente não quer passar por dificuldades. Era a minha única opção, então eu fui e fiz. Isso”, lembra.
“Mas agora é muito preocupante, porque o presidente substituiu e a regularização do CadÚnico vai substituir muito. Vão cancelar, fazer alguma coisa em benefício ou acaba manchando o nosso nome, que vai acabar com uma dívida a reboque”, diz a mãe.
Neste mês, o novo governo substituiu as regulamentações salariais para os beneficiários do Auxílio Brasil.
Com a mudança, o bônus mensal máximo para os benefícios de pagamento da conta agora é de 5%. Antes era de 40%.
A taxa de juros não pode mais ultrapassar 2,5% ao mês e o número de faturas não pode exceder seis. Anteriormente, os juros eram limitados a 3,5% ao mês e o número máximo de faturas a 24.
No entanto, os novos regulamentos aplicam-se a novos empréstimos.
Além da chamada suja, que dificulta o download de novos empréstimos e financiamentos, o acúmulo de inadimplência no país também está afetando a saúde e as relações familiares dos brasileiros.
De acordo com a pesquisa de Serasa:
Tatiane*, de 35 anos, enfrenta essa realidade.
Antes contratada em carteira assinada, ela deixou o emprego em meio a uma gravidez de alto risco e agora trabalha sozinha, promovendo roupas e fitoterápicos. Durante o último ano, suas vendas diminuíram e ele acabou pegando emprestado com 3 cartões de crédito e com o fornecedor dos produtos que vende.
“Com tudo isso comecei a ter uma ansiedade muito forte, que eu não tinha. A ponto de não conseguir dormir, ter dores no peito, chorar o tempo todo”, diz o independente.
“Tenho dois jovens, as despesas continuam chegando. Nada espera e nos custa muito ver as despesas, os jovens querem coisas. Você começa a se desesperar quando vê que cumpre suas obrigações.
Para Izis Ferreira, economista do CNC, Adriana, Elisangela e Tatiane são exemplos de outras pessoas que devem ser priorizadas no novo programa de renegociação de dívidas do governo federal.
“Quando comunicamos sobre o perfil do máximo endividado e daqueles que são os mais endividados, é justamente perceber quem priorizar. É obrigatório privilegiar os públicos mais frágeis, que têm dívidas que estão pendentes há mais tempo e que estão sujeitas a taxas de juros mais altas”, diz o economista.
“São famílias com dívidas de cartão de crédito não pagas, mulheres, outras pessoas de baixa renda, outras pessoas com menos educação”, disse.
“Para a incorporação de longo prazo por meio das famílias, que é um dos motores do crescimento, queremos resolver o desafio da inadimplência e da dívida. “
Na segunda-feira (14/2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o projeto do programa Desenrola já está em condições de ser investigado por meio de Lula. Se aprovado pelo presidente, o texto deve ser apresentado em fevereiro, após o carnaval.
Questionado via BBC News Brasil sobre a data de lançamento mais provável e os principais pontos do novo programa, o Ministério da Fazenda disse apenas que “ainda não há previsões ou pontos principais, faremos uma ampla divulgação quando a data for definida”.
Segundo dados do jornal O Estado de S. Paulo, o programa tem como foco quem ganha até dois salários mínimos e tem dívidas de até R$ 5 mil, marcadas por mais de 180 dias a partir de 31 de dezembro de 2022.
O Tesouro Nacional investirá R$ 20 bilhões em um fundo de garantia para as renegociações.
O conceito é que o banco selecionado pague a dívida ao credor e, em seguida, conceda um novo empréstimo ao cliente, com desconto. A taxa de juros pode ser de até 1,99% ao mês (equivalente a 26,7% ao ano).
Caso o visitante não pague, a ligação imunda será devolvida e o banco poderá conceder o contrato ao Fisco que honre a garantia de cem por cento do valor.
De acordo com o jornal, o programa terá duas fases, a primeira destinada a credores (bancos, comerciantes, operadoras de telefonia e serviços públicos), que devem manifestar seu interesse em participar do programa e dizer o valor do bônus que estão dispostos a fazer. para conceder. sobre a dívida que eles devem.
A partir dessa manifestação de interesse, a variedade de empresas do programa será feita por meio de um modelo de leilão.
Na fase momentânea do programa, os mutuários poderão acessar uma página on-line que será criada através do governo para verificar quais dívidas podem ser pagas sob as regras do Develop. O devedor poderá saber o que pagará e o estabelecimento com o qual renegociará.
Adriana, mãe de 3 filhos da zona leste de São Paulo com dívidas significativas de cartão de crédito e contas de luz, saúda o programa e espera participar da renegociação.
“Se eu puder participar, vou fazer com certeza. A única coisa que eu preciso ao máximo é que minha chamada seja excluída. O máximo que podemos ter é a nossa dignidade”, diz o colunista.
*A última chamada do entrevistado é ignorada a pedido de manutenção da sua identidade.
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É valor até o minuto da assembleia em que o Banco Central manteve as taxas de juros. Além de ser desastrosa para as finanças públicas, a população e o número máximo de empresas, a resolução denuncia uma tentativa transparente de sabotar o programa de Lula.
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Argentina, Chile, Peru. . . Multidões inundam as ruas e desafiam golpes. Mas os progressistas se apegam à defesa da ordem. As precauções beiram o medo. Assim, acomodam-se à barbárie e renunciam a um horizonte político emancipatório.
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