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Continuando com a crônica das igrejas neocoloniais no Rio de Janeiro, restam outros dois exemplos para a memória: Santa Margarida Maria, em Lagoa e a Capela do Palácio Guanabara.
À beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, junto à Rua Fonte da Saudade, uma modesta capela da Congregação dos Sagrados Corações.
Com a expansão demográfica desta freguesia, o Cardeal Leme fundou, em 1939, a freguesia de Santa Margarida Maria da Lagoa, ainda sem um templo construído para as suas funções, desmembrando alguns territórios das freguesias vizinhas de Nossa Senhora da Conceição da Gávea e São João. Batista da lagoa. Temporariamente, eles foram mantidos na antiga capela.
A padroeira, Santa Margarida Maria, nascida na França, em 1647, recebendo educação devota das freiras Clarissa. Em uma idade muito jovem, ela sofre de uma doença desconhecida, que a manteve na cama por um longo tempo, sem encontrar uma cura. Esperança no povo dos homens, Margarida fez uma promessa a Nossa Senhora: se curasse, consagraria a sua vida a Deus.
Graças alcançadas, restauradas, ingressou na Ordem da Visitação, onde permaneceu até sua morte, aos 43 anos, após intensos relatos não seculares devidamente exibidos em toda a Igreja Católica, como manifestações visuais de Jesus, culminando em sua canonização em 1920.
No Brasil, é muito provável que sua devoção esteja relacionada à fundação do Mosteiro da Visitação, em Pouso Alegra, MG, em 1902, mas que esteja permanentemente estabelecido em São Paulo, a partir de 1915, com a criação da Paróquia de Santa Margarida em 1940.
Em 1942, a pedra fundamental da nova igreja foi colocada, as pinturas foram concluídas em 1956. A comissão evoluiu através do arquiteto Fernando de Lemos, proprietário da F. I. Lemos, Arquitetura e Construções, culpado das pinturas do edifício.
O templo está situado em um platô, com acesso à porta principal através de uma pequena escadaria de quinze degraus. A fachada, virada a poente, tem um grande corpo central, encimado por um frontão discretamente curvilíneo, ladeado por duas torres simétricas, onde se situam as torres sineiras. estão situados.
Predomina o branco aplicado à alvenaria, cortando ornamentos pintados de cinza, sugerindo a aplicação de pedras, que cercam as aberturas e iluminação, com desenhos influenciados pelos ornamentos da arquitetura barroca ou rococó, como volutas e óculos.
A planta tem um desenho simplificado, constituído por um retângulo encimado por um corpo curvilíneo, onde se situa o coro com o altar dedicado ao santo padroeiro.
Internamente, o coro é suportado por duas colunas que se refletem nas laterais da nave principal, sugerindo corredores, o todo coberto de madeira, a meia altura, o que contrasta com a alvenaria pintada em tons muito suaves e a abóbada azulada.
No altar destaca-se o sacrário sob o símbolo da padroeira em uma de suas experiências devotas, mas o conjunto decorativo interior, talvez por causa da duração da obra, não envolve muitos elementos relacionados ao repertório neocolonial, por causa dos discretos pergaminhos nervurados da abóbada. No resto da nave, colunas de influências clássicas completam a atmosfera.
Em 27 de setembro de 1946, o arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime Câmara, assinou o dispositivo para o funcionamento da Capela de Santa Teresinha do Menino Jesus, nos jardins do Palácio Guanabara, em Laranjeiras.
Este pequeno templo é o resultado direto da devoção de D’us. Carmela Dutra, popularmente conhecida como Dona Santinha, esposa do Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, residente do palácio oficial de sua administração, entre 1946 e 1950.
Segundo a imprensa, a obra foi construída com orçamento excedente da campanha presidencial, com comissão desenvolvida pelos arquitetos Cotia e Tinoco e obras realizadas pela Companhia Construtora Capua
A fachada principal, virada para o lado sul do Palácio, assemelha-se à igreja de Santa Margarida Maria, mas de pequenas dimensões e com a presença de uma torre de aspecto único, de baixa altura, do lado do Evangelho (à esquerda quando o corpo maior, caiado de branco, onde predominam as cheias nos vazios das aberturas, É encimado por um frontão com volutas, que alude às igrejas conventuais do nordeste. Contrastando com o branco da alvenaria, os ornamentos, feitos de argamassa, são pintados de cinza, sugerindo a presença de finiais de pedra. O acesso principal é através de uma porta de solteiro, com uma armação de argamassa conscientemente executada, sob um óculo que ilumina o pequeno navio de solteiro.
O interior é despojado de toda a ornamentação, basicamente alvenaria pintada de branco com discretos programas de argamassa. A planta é retangular, encimada por um semicírculo iluminado por vitrais, onde se localiza o altar-mor.
Além desses exemplos, algumas capelas de hospitais ou escolas também incorporaram esse repertório fornecido na arquitetura nacional até meados da década de 1950, basicamente em residências populares.
Além de seus princípios expressos em publicações expressas, o movimento neocolonial valorizava certos valores ancestrais que o ecletismo de inspiração europeia havia deixado de lado.
Entre eles podemos destacar o apreço pelos telhados, pelas varandas, pelas telhas e, para alguns, a religiosidade que ainda pode ser admirada nos outros azulejos com fotografias de santos nas fachadas de tantas casas.
Parabéns ao Sr. William Bittar, por esta bela tarefa de salvar o patrimônio milenar das igrejas de gosto neocolonial da cidade do Rio de Janeiro.