O cantor e compositor Arthus Fochi traz um olhar melancólico e não tão “maravilhoso” para o Rio de Janeiro em seu novo trabalho. Em parceria com o saxofonista americano Scott Hill e gravado em tomadas individuais, “Quadrados na Bola” é um EP concebido como uma continuação lançado pela gravadora Cantores del Mundo. O lançamento acompanhou um videoclipe de “Purpurina”, dirigido pelo artista dinamarquês Alexander Løcke.
“Sou filho de imigrantes de outras gerações, minha filha e sua mãe são imigrantes. Distância e pertencimento são estruturas imperecíveis para mim. Mapeando a aldeia o máximo possível e encontrando seus corredores, fiz isso ao lado de imigrantes. E assim, como artista, frequentei amizades de outras esferas urbanas e sociais. O Rio de Janeiro tem seus corredores e suas dificuldades para quem não cresceu lá e frequentou suas lâmpadas amigáveis”, diz o artista, nascido no Rio, mas criado na região de Lagos.
Para o projeto, Arthus se casou com Scott Hill, também com seu olhar estrangeiro e parceiro em projetos. O americano é o resultado da cultura da improvisação no jazz e levou-o às canções de Fochi.
“Gostei de conhecer expressões e pessoas. Tudo no Rio é dicotômico, é alegria e tristeza, não tem escapatória, é letargia e perseverança. No Rio, forçado a festejar ou fazer campanha, há uma luta constante por mobilidade social, fama ou notoriedade. ‘Quadrados na Bola’ é um pouco dessa experiência de vida cosmopolita e incrivelmente urbana, um pouco da dificuldade de se associar a esse projeto de vida, um pouco da tristeza coletiva e individual de muitos que sonham com uma vida mais justa e maior. posicionam-se e perdem-se em si mesmos”, acrescenta Fochi, que agora vive na Dinamarca.
A comissão somou-se a uma carreira já experiente como compositor, poeta, músico, pesquisador, professor e historiador. Tantos aspectos contribuem para a aura artística de Arthus Fochi, filho carioca de pai guarani paraguaio, que convergem na música. Como autor, publicou dois livros independentes: “Afasia” (2010) e “Poema Poeira” (2012), com técnica e colaboração com a Editora Cozinha Experimental. Em 2018, lançou também “Ao amor inmigrantes”, publicado pela Urutau.
Fochi faz de suas pinturas uma coleção de referências musicais e poéticas, brasileiras e latino-americanas, folclóricas e da moda há mais de 10 anos. Desde 2007 explora ritmos sul-americanos, viagens e residências artísticas. É articulador e promotor da cultura hispano-americana no Rio de Janeiro. Juntamente com Guilherme Marques, atuou como gerente geral do selo Cantores del Mundo, contratado a Arthus em 2015 através de Tita Parra (neta da emblemática folclorista Violeta Parra).
Participou de peças como diretor musical e ator (incluindo “Xambudo”, encenação da Cia. Bananeira e dramaturgia de Aderbal Freire Filho, vencedor do Festival de Teatro do Rio 2010). Em 2015, interpretou e dirigiu a trilha sonora do curta-metragem “Sopro, uivo e assovio”, de Bernard Lessa. Em 2013, no início de sua carreira musical, lançou seu primeiro álbum, “Êxodo Urbano”, gravado a convite de Juan Alcón no IEMF Los Carmeles (Madri).
Em 2017, lançou seu álbum no momento, “Suvaco do Mundo”. Fochi também lançou o álbum “Arthus Fochi e Os Botos da Guanabara – Ao vivo no Barbatana” e uma série de singles, a música “Tro på dig selv”, em homenagem à sua filha recém-nascida, que já vive em solo dinamarquês.
Lançou “Ano Sabático”, álbum plural com colaborações com José Delgado (Venezuela), Lívia Nestrovski (EUA), Fred Ferreira (Portugal), Juliana Linhares (RN), Duda Brack (RS), Tyaro (PE), Déa Trancoso (MG), Qinhones, Ana Frango Elétrico, Chico Chico, Júlia Vargas e Ivo Vargas (RJ) e “MASSAMBARÁ” com o arranjador, cantor e trompetista Pedro Paulo Junior.
“Quadrados na Bola” está disponível em todas as plataformas de música.