Confrontos entre indígenas e pastores deixam dois mortos nos primeiros três meses do governo Lula

10 de abril de 2023

Além da retomada das invasões por meio de movimentos de sem-terra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá que enfrentar uma intensificação dos conflitos entre indígenas e produtores rurais fora da Amazônia no início de seu governo. Em pouco mais de 3 meses, confrontos armados resultaram na morte de dois índios Pataxó no sul da Bahia e pelo menos 3 feridos em Mato Grosso do Sul. Industriais rurais acusaram os índios de retomar invasões, queimar plantações e destruir inovações em fazendas ocupadas.

Em janeiro, três fazendas foram invadidas por indígenas em Porto Seguro, Itabela e Prado, no sul da Bahia. Em um deles, um suposto indígena gravou um vídeo incendiando um reflorestamento de eucalipto. No dia 17 de janeiro, os indígenas Nawir Brito de Jesús, de 17 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25 anos, da etnia Pataxó, foram mortos a tiros na BR-101 quando se dirigiam para uma fazenda ocupada pelo grupo. No dia seguinte, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, criou uma crise para monitorar conflitos. No dia 20, o ministro foi à região e pediu mais vigilância da Polícia Federal para a cobertura dos povos indígenas.

Um dossiê enviado no final de janeiro através dos sindicatos de produtores rurais de Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Prado, Itamaraju e Eunápolis ao governo da Bahia denunciou o acúmulo de invasões, depredações, riscos e atos de violência contra proprietários rurais e seus De acordo com o documento, foram identificados falsos índios atuando como milicianos indígenas. A Associação dos Produtores de Eucalipto do Extremo Sul da Bahia (Aspex) publicou nota que destaca “a absoluta falta de confiança que se estabeleceu a partir do risco genuíno de incêndios florestais, invasões e predação de casas rurais produtivas nesta região”.

Os índios alegavam “recuperar” as terras de seus antepassados, uma ordem judicial. Até o final de janeiro, os sindicatos tinham mais de 13. 000 hectares invadidos e cerca de 10. 000 hectares ameaçados de invasão, além de 1. 000 deslocados. De acordo com o arquivo, áreas de plantio, lavouras em produção e outras aguardando colheita, somando plantações de café, pimenta-do-reino, cacau, banana, mamão, árvores frutíferas, seringueiras e gado.

O documento chama a atenção para a longa era de investigação, por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai), sobre o procedimento administrativo de legalidade ou não da expansão das terras indígenas de Barra Velha e Comexatiba. Até que todas as etapas do procedimento sejam concluídas, comprovem sua legalidade, além da devolução de benfeitorias, o domínio não poderá ser declarado terra indígena. indígenas quando a Constituição de 1988 foi promulgada.

Territórios degradados

Do lado indígena, as lideranças dizem que, com o atraso na demarcação, seus territórios estão sendo degradados pelo desmatamento, pela destruição da biodiversidade e pela poluição da água, criando uma urgência de recuperação. A falta de definição exacerba o conflito. Em setembro de 2022, Gustavo Conceição da Silva, um garoto de 14 anos de Pataxó, foi morto por homens armados que atacaram com armas de alto calibre uma profissão iniciada por meio de sua rede alguns dias antes, na fazenda Therezinha, no Prado. O crime ainda está sob investigação.

Em 21 de março, 70 lideranças indígenas visitaram Brasília para pedir a aceleração da demarcação dos territórios Tupinambá e Tumbalalá na região. Os relatórios de identificação foram emitidos em 2009, mas os processos paralisaram o governo Bolsonaro. Após a reunião com as lideranças, o ministro disse que 25 terras indígenas terão as portarias declaratórias assinadas neste mês, entre elas 3 dos povos baianos: os Tupinambá TI de Olivença, os Tupinambá Bel Monte TI e os Barra Velha do Monte Pascoal TI, do povo Pataxó.

Durante a última semana de fevereiro, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Articulação das Organizações dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) solicitaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), que interceda pelos Pataxó de Barra Vieja e Comexatiba, que enfrentam “ameaças, cercos armados, tiroteios online, campanhas de desinformação e difamação através da mídia pública e instituições”.

O embate no sul da Bahia acontece há décadas. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a terra indígena de Barra Velha demarcada na década de 1980, com 8. 627 hectares, deixando de lado um componente gigante do território da profissão clássica de Pataxó. A rede indígena passou então a exigir a expansão da área. Em 2009, a UNAI revisou a demarcação e expandiu as barreiras do território para 52. 748 hectares. Industriais rurais alegam irregularidades no processo de ampliação das terras indígenas de Barra Vieja e Comexatiba.

Outro foco de conflito

Em Mato Grosso do Sul, em 26 de fevereiro, índios Guarani-Kaiowá invadiram uma fazenda em Rio Brilhante, reivindicando parte do território Laranjeira Nhandedu, reivindicado pelos índios. As tropas surpresa da polícia do exército foram chamadas e houve um confronto. Outros três índios ficaram feridos. No dia 3 de março, outros indígenas ocuparam o sítio da Fazenda do Inho, no mesmo município. Funcionários rurais disseram à polícia que os índios agiram violentamente.

No dia 10 de março, a ministra Sônia Guajajara esteve na região e viajou para a capital, Campo Grande, para uma assembleia com o governador Eduardo Riedel (PSDB). Além de ministros e deputados, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, participou da assembleia. Riedel disse que a polícia estadual atuará para evitar confrontos e se mostrou disposta a conquistar espaços expressos para facilitar a demarcação, em parceria com o Sindicato.

Duas semanas depois, trabalhadores rurais, a pedido de latifundiários, atacaram a rede indígena Kurupi Santiago Kuê, em Naviraí, no sudeste do estado, com tratores para destruir as cabanas. Um helicóptero sobrevoou o domínio e disparou, mas ninguém ficou ferido. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pró-católico, a polícia militar encobriu os agressores, o que a polícia militar negou.

Mato Grosso do Sul é o estado com o maior número de assassinatos de indígenas no Brasil, apenas o Amazonas, segundo um mapa de violência contra os povos indígenas elaborado por meio do Cimi. Em 2021, quando o último relatório foi publicado, o país registrou 335 movimentos violentos anti-indígenas, resultando em 176 mortes. Destes, 38 foram posicionados no Amazonas, 35 em Mato Grosso do Sul e 32 em Roraima. No ano passado, foram 304 atos de violência, totalizando 182 assassinatos.

Diálogo

O governo do MA informou que, após o diálogo com o governo federal sobre a questão indígena, está avançando na solução das desordens dos povos indígenas no estado.

O primeiro autoproclamado governador indígena do país, Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia, informou que a demarcação e os casos de violência em terras indígenas são dever da União, estabeleceu um canal de discussão com o governo federal, um estado policial fortificado e o estado participa de uma organização em execução para garantir a segurança na região.

Questionados sobre a intensificação dos conflitos entre indígenas e produtores rurais fora da Amazônia, o Ministério dos Povos Indígenas e a Funai não responderam.

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