Blog com notícias, comentários, vinhetas e pesquisas sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e sua equipe
04/09/2023 9:00, atualizado em 04/09/2023 00:46
Sem fazer planos e sem políticas públicas estruturadas e sem pausa para enfrentar os desafios conhecidos, o país se move de acordo com os ditames da emergência.
Todo mundo viu as portas do quartel cheias de radicais e ninguém fez nada para te salvar o pior. Fortunas são gastas na mitigação de calamidades e muito pouco em salvá-las. Equipamentos de inteligência e movimentos de emergência estão sendo montados, cujos resultados, mesmo espetaculares, dificilmente são colocados em prática. Não é incomum que mais dinheiro e poder sejam desperdiçados.
Um estudo técnico da Confederação Nacional de Municípios, com dados apurados até março deste ano, mostra que somente com secas e chuvas, o país sofreu perdas de 401,3 milhões de reais entre 2013 e 2023. Mais de 380 milhões de pessoas, quase o dobro da população brasileira, demonstrando a recorrência de danos, cujo máximo é evitável.
No outro extremo do espectro, o investimento do governo federal em prevenção caiu acentuadamente de R$ 3,4 bilhões em 2013 para R$ 1,17 bilhão em 2022, com apenas 38% dos recursos desembolsados, ou menos de R$ 600 milhões, segundo a Contas Abertas. No início deste ano, apenas para o atendimento ao litoral norte de São Paulo, o governo gastou R$ 120 milhões. No final do ano e início do próximo ano, as calamidades se repetirão.
A superlotação de criminosos e as situações desumanas a que os detidos são submetidos – por piores que possam ser – não são raras sabedorias há décadas. Bem como o comando dos chefes do crime organizado sobre o sistema penal. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, sentiu isso em primeira mão quando governou o estado de São Paulo e se envolveu em rebeliões. Não há governador que não ignore a precariedade de suas correntes e o caldeirão fervente. Atenção quando eles explodem. O orçamento emergencial está chegando – R$ 100 milhões no caso do Rio Grande do Norte – e pronto. Até que outra sequência aconteça.
Entre os Yanomami, o caso tem outras facetas graves. Há suspeitas de genocídio por parte do governo anterior, que incentivou a mineração ilegal e não teve nada a ver com as comunidades indígenas. Ainda assim, a negligência dessas outras pessoas é histórica. As soluções estão saltando de emergência para emergência, e estamos enfrentando outras – sem que o país tenha que projetar políticas um pouco mais sustentáveis.
Mesmo na tentativa de minimizar a miséria, o improviso reina. A proposta de auxílio emergencial Covid-19 do governo Bolsonaro foi de R$ 200. Acabou em R$ 600 devido a pressão do Congresso, valor também estipulado para o vencimento expirado do Auxílio Brasil. Lula retomou o Bolsa Família, trazendo quid pro quos bem-vindos como responsabilidade legal de vacinar os jovens. Quem sabe em qual conta ou parâmetro, os R$ 600 foram retidos, mais R$ 150 para jovens de 0 a 6 anos e R$ 50 para jovens de 7 a 18 anos.
Que o Bolsa Família é necessário, ninguém contesta. A essência do desafio é diferente: a obtenção de benefícios foi explicada por meio da emergência eleitoral e não se baseou em critérios técnicos do valor pago. Está, portanto, sujeito aos humores do governo existente.
De emergência em emergência, o Brasil gasta muito e entrega muito pouco. Mais inundações virão sem que os aterros que caem sobre as lagoas sejam contidos e esvaziados, sem que habitações mais seguras e dignas sejam construídas. Novas rebeliões nas prisões, novos horrores entre as comunidades indígenas, novos ataques fatais a escolas – auxílio emergencial de R$ 150 milhões e criação de um grupo de liderança interministerial.
A ação rápida do governo Lula diante de calamidades e emergências é digna de aplausos. Mas é inaceitável – e implacável – transformar uma emergência em política pública. O país continua condenado à legislação improvisada.
Mary Zaidan é jornalista.
“Não se preocupe com os radicais do seu partido. Eles fornecem um serviço comum porque, ao impedi-lo de ir em linha reta, eles o mantêm na faixa do meio. “(Celso Furtado, ex-ministro da Cultura do governo José Sarney, em uma recomendação que Lula nunca esqueceu)
100 dias é pouco tempo para curar a ferida de todo o ódio contido no departamento do país.
“Salvem os meninos!
Por que diabos tantas outras pessoas cobram uma conta dentro dos cem dias de governo?
Para o Ocidente, qual é a questão de salvar o Brasil de deslizar para o lado chinês?
Como líder da minoria, Bolsonaro se senta naquele que supervisiona o domínio de inteligência do governo.
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