Subscreva a nossa newsletter
Outro verão terminou com os cariocas tendo evidências de que a cidade ainda está longe de estar pronta para as chuvas cada vez mais comuns e violentas. inundações que devastaram propriedades e vidas de seus habitantes. Coube àqueles que escaparam do pior varrer o espaço inundado e a dor de feridas e mortes evitáveis. Desta vez, na estação mais popular do ano, enterramos uma criança de dois anos e um homem velho, vítimas dos contratempos previstos através dos intensos fenômenos.
Espanta-me como é fácil para alguns normalizar este ciclo de perdas que, apesar de ser o resultado de um evento meteorológico, está longe de ser natural. A substituição climática e suas consequências são o resultado da ação humana e da ausência de uma reação ágil, ativa e interessada das autoridades. Somos todos participantes do caos quando nada é feito, principalmente aqueles que estão no ritmo do Poder Público, que tem o maior dever de não vender as correções obrigatórias. A passividade levou nosso mandato a criar a lei que sinaliza uma emergência climática no Rio e ir ainda mais longe. Mais uma vez, fizemos tudo o que o Poder Executivo pretende fazer ao preparar uma investigação para ajudar os movimentos da Câmara Municipal. Assim nasceu o relatório “O Estado dos Rios na Zona Oeste”, o maior domínio da cidade que é também o que mais sofre com as inundações.
Antes de entrar nos principais pontos do documento, deve-se notar que as fortes chuvas estão diretamente relacionadas ao aquecimento global, mas culpar o meio ambiente pela destruição é um erro enorme. Fevereiro não me deixa mentir: o mês de alegria viu o resultado. da soma das negligências que mais atingem duramente a população pobre, periférica e negra, como sempre. Isso não é coincidência. Afinal, como você pode se proteger do corredor da cidade que está sendo levado através da maravilha se chuvas fortes ocorrem todos os anos?Maravilha é o que não pode vir no calendário ou adivinhar onde isso vai acontecer. O Jardim Maravilha, em Guaratiba, por exemplo, está a caminho da destruição e ajuda a continuar pedindo ajuda.
Esse não é o problema. Para ir directamente ao cerne do nosso relatório, todos sabemos que a fórmula de drenagem da cidade se encontra num estado lamentável e que esta é em grande parte semelhante à gestão dos rios. Sem a devida atenção e cuidado, os corpos de água transbordam. a cada excesso de chuva. Como habitante do domínio que mais sofre com o problema, nossa equipe saiu às ruas para ver sua situação. No total, nosso mandato visitou 86 trechos de 62 rios da Zona Oeste e diagnosticou que o máximo está entupido (80%), completo com lixo e tem um cheiro forte de águas residuais e cor escura. Na investigação das margens, pouca ou nenhuma mata ciliar e algumas estruturas onde há apenas verde.
Exemplos de locais com água altamente poluída vêm com Rio do Anil, onde há destinação comercial de esgoto segundo reclamações de moradores, Rio das Pedras, com suas ligações clandestinas de esgoto doméstico, e Rio das Tintas, em Bangu, que sofre com lixo e detritos, o mesmo desafio de Cação Vermelho, que atravessa Santa Cruz, Paciência e Cosmos.
Tudo o que foi notado “in loco” é resultado direto do que também foi verificado no orçamento. Quando olhamos atentamente para os investimentos da Câmara Municipal ano após ano, vemos que a Rio-Águas só recebe repasses orçamentários nos meses em que chove mais e, portanto, não pinta na prevenção. No ano passado, o orçamento da fundação foi de R$ 64,3 milhões, dos quais R$ 61,5 milhões foram concentrados nos meses de janeiro a abril. É uma estratégia que apenas mantém o dano.
No oeste, todas e cada uma das chuvas são vistas com preocupação e é por isso que bairros inteiros têm que levantar suas casas ou construir muros nas portas como uma pedra de tropeço para as águas. Novamente trazendo à tona o Jardim Maravilha, caso emblemático, cabe lembrar que a construção da Prefeitura inclui o local entre as principais pinturas a serem financiadas com os recursos da CEDAE. O penhor foi introduzido em 2021 no plano Rio Futuro por meio do ex-secretário de Fazenda Pedro Paulo, como parte de um investimento de R$ 300 milhões. Mas as pinturas foram divididas em várias fases, a primeira das quais custa R$ 40,9 milhões e só será concluída em setembro de 2024, ao final do mandato de Paes. Ou seja, o prefeito admite calmamente que não vai resolver o problema. .
A essa verdade devastadora soma-se a resolução da Câmara Municipal de reduzir o orçamento do programa de controle de enchentes, realizado por meio da Fundação Rio Águas. mais de R$ seiscentos milhões (em valores já corrigidos pela inflação), em 2022, correspondiam a apenas R$ 70 milhões. Para completar, o programa foi encerrado no plano plurianual 2022-2025. Os movimentos de controle de enchentes têm sido destinados ao programa fundamental de saneamento e controle de resíduos, onde é mais complicado perceber o que realmente foi investido nessa finalidade.
Nosso levantamento abrangente, que aponta os principais problemas dos locais visitados, foi realizado no dia 22 de março, Dia Mundial da Água instituído pela ONU. O documento destaca o fraco controle de nossos recursos hídricos e serve como um alerta para uma substituição das prioridades executivas. De nada adianta o Rio de Janeiro ser bonito em um cartão postal se, para seus habitantes, não garante a disponibilidade e o controle sustentável da água e do saneamento para todos.
Enviado ao Ministério do Meio Ambiente, o relatório dá a oportunidade de consultar movimentos que atuam na regeneração de nossos recursos hídricos e que, em conjunto com o Ministério da Habitação, refletem sobre respostas efetivas para garantir um programa de habitação popular sustentável. Afinal, a habitação condigna e as situações hídricas estão fortemente ligadas.