Os caciques de diversos povos indígenas do Acre, como os Ashaninka do Rio Amônia, no Alto Juruá, fazem parte das delegações de diversas equipes étnicas que chegaram a Brasília no último domingo (23) e permanecerão acampados lá até o dia 28 (sexta-feira). Lideranças indígenas participam da edição 2023 do Acampamento Terra Livre (ATL), evento anual realizado em abril.
O tema deste ano é “O Futuro Indígena é Hoje. Sem demarcação, não há democracia! Há mais de 6 mil indígenas na capital federal para as atividades desta semana. Entre eles estavam reuniões plenárias e marchas pelas ruas de Brasília para protestar contra os gastos que descreveram como “anti-indígenas”. Uma dessas despesas, o Projeto de Lei 191/2020, permite a mineração em terras ancestrais de outros povos indígenas. Além disso, noites culturais estão planejadas durante a semana.
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De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora do evento, a ATL reforça a importância da demarcação de terras indígenas no Brasil, paralisadas há mais de 4 anos. A entidade especifica que mais de duzentas terras indígenas aguardam demarcação por meio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Um total de treze territórios estão em andamento, com aprovação a ser feita. Até o momento, cerca de seiscentos foram regularizados.
A ATL é organizada por meio da Apib e é construída com suas sete organizações de base, a saber: Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), por meio da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), por meio da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), a Comissão Guarani Yvyrupa, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o Conselho do Povo Terena e a Assembleia Geral dos Povos Kaiowá e Guarani (Aty Guasu).
O primeiro ATL foi realizado em 2004 e até 2022 reuniu mais de 8. 000 indígenas de outras cem aldeias e de todo o país. Durante dez dias de programação, os participantes da assembleia discutiram as agendas do movimento indígena. Foi também uma oportunidade de buscar aspirantes a líderes para vagas no Congresso Nacional, já que era um ano eleitoral.
Os índios acamparam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Na quinta-feira, a programação do acampamento incluiu plenárias nos espaços de Educação Escolar Indígena, Saúde Indígena, Política Nacional de Controle Territorial e Ambiental de Terras Indígenas e a Retomada do Comitê de Mudanças Climáticas. “A longa tourada indígena é hoje: sem demarcação não há democracia!Os povos indígenas exigem emergência climática!”
À tarde, está prevista uma marcha e o ato “Povos indígenas reivindicam emergência climática”, além de uma vigília na esplanada do STF (Supremo Tribunal Federal) diante do prazo, cujo julgamento será retomado pelo tribunal em breve.