Acre volta a debater sobre portos do Pacífico como último obstáculo

O Acre volta à mesa dos tempos do debate externo como o último ponto de acesso da América Latina a unir os oceanos Pacífico e Atlântico e uma opção de transporte marítimo, agregando reduções tarifárias, ao continente asiático, onde está localizada a China, país interessado nesse novo corredor bioceânico.

A ligação seria uma ferrovia biooceânica porque é essencial para o Brasil acessar o Pacífico sem passar pelo Canal do Panamá, usado pelos Estados Unidos para monitorar o comércio, diz um analista de relações exteriores em entrevista à Sputnik Brasil, publicação especializada em temas estratégicos. A Pacific Access Railway passaria necessariamente pelo Acre.

O Acre está de volta ao calendário com a retomada do processo de integração sul-americano, que também colocou de volta no calendário projetos de infraestrutura que ligam o Brasil aos portos do Oceano Pacífico. Além de facilitar a indústria com a China, os projetos buscam impulsionar a indústria. entre países da América do Sul.

Uma tarefa notável é o Corredor Bioceânico, uma via que ligará o porto de Santos, Brasil, com os portos chilenos de Antofagasta, Mejillones, Tocopilla e Iquique. A um custo de cerca de 50 bilhões de reais, a hidrovia só pode depender da logística desses países no Canal do Panamá.

O último ponto brasileiro desse investimento seria a Amazônia, no Acre, tomando mérito da rodovia que já existe, a chamada Carretra do Pacífico, via BR 317, na divisa com o Peru, no Alto Acre, ou no Alto Juruá, com a estrutura de uma estrada de pouco mais de cem quilômetros que liga Cruzeiro do Sul a Pucallpa, através do Parque Nacional da Serra do Divisor.

De acordo com o debate estratégico, o maior papel da China e o dinamismo econômico da região asiática estão impactando as fórmulas dos projetos de infraestrutura na América do Sul. Segundo Maurício Doro, analista de relações exteriores e chefe do programa Santiago Dantas (PUC-SP/UNESP/UNICAMP). “Temos uma janela de oportunidade que os países sul-americanos podem aproveitar”, disse Doro à Sputnik Brasil. continuar a visitar os mercados ocidentais”, diz.

Segundo ele, há uma recuperação global nos projetos de infraestrutura, entre os quais se destaca a Iniciativa do Cinturão e Rota, liderada pela China. comércio exterior”, disse Doro. A infraestrutura fornece o que é obrigatório para a produção nacional. “

O especialista também destaca o projeto ferroviário bioceânico, que liga o litoral do Rio de Janeiro aos portos do Peru. No caso do Brasil, o Pacífico através da ferrovia substituiria a dependência do Brasil do transporte rodoviário, que é visto como o calcanhar de Aquiles. da produção nacional.

“O acesso ao Pacífico é essencial para que o Brasil expanda seus horizontes, facilitado por meio de uma logística suficientemente boa, com frete competitivo e mais eficaz do que circular pelo Canal do Panamá ou pelo sul da Argentina”, disse.

Para Doro, a dependência do Canal do Panamá garante ao Brasil a liberdade que deseja integrar aos mercados asiáticos. “Pensando geopoliticamente, passando pelo Canal do Panamá, nosso comércio, de uma forma ou de outra, passa pela vigilância dos EUA”, disse Doro.

Nesse sentido, a estrutura de oportunidades para a ordem norte-americana, que atinge a indústria estrangeira sem o uso do dólar, também terá que ter o fator logística e infraestrutura.

A viabilidade do acesso do Brasil ao Pacífico é percebida pelos críticos como meramente substituindo uma dependência econômica da Europa e dos Estados Unidos por uma dependência focada nos mercados asiáticos e na China. Para o analista, a política externa brasileira deve agir estrategicamente para evitar essa armadilha.

“Idealmente, devemos pintar em qualquer um dos dois eixos, ou Sul-Sul e Norte-Sul”, disse o analista. “Baseia-se na construção de relações internacionais efetivas na proteção dos interesses nacionais e da rede empresarial nacional como um todo, apenas do agronegócio. . “

Segundo ele, é adaptar os projetos do governo brasileiro à estrutura de multipolaridade, que ajusta o arcabouço externo. “Estamos em uma dinâmica externa multipolar, com a expansão da presença da China e da Rússia”, disse Doro. “Com Lula, o Brasil está se aproximando dos países emergentes, que são mercados prospectivos. “

O desejo de adaptar a infraestrutura regional às novas realidades econômicas é um dos motores da integração sul-americana. Mas, para Doro, a instabilidade regional é um impedimento para a realização de projetos estratégicos conjuntos.

“Lula anunciou o retorno do Brasil à Unasul, mas temos alguns obstáculos, como a estabilidade política regional. Estamos lidando com projetos de longo prazo e efeitos concretos [. . . ] muito sensíveis aos ajustes do governo”, concluiu o especialista.

Os projetos do Corredor Bioceânico e da Ferrovia Bioceânica estão planejados por meio da Iniciativa de Integração de Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que é implementada em 12 países da região. Os projetos da IIRSA são financiados por meio de governos locais, com instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento. (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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