Sua leitura indica o quão informado você está sobre um determinado tópico com base na intensidade e no contexto do conteúdo que você lê. Nossa equipe de escritores dá 20, 40, 60, 80 ou cem números para cada conteúdo: aqueles que ajudam ao máximo a perceber o momento no país ganham mais tópicos. Com o tempo, essa pontuação diminui, pois conteúdos mais recentes também tendem a ser mais aplicáveis à percepção de notícias. Portanto, sua pontuação nessa fórmula é dinâmica: aumenta quando você lê e diminui quando você não conta a si mesmo. Atualmente, a classificação só é feita em conteúdo semelhante ao do governo federal.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, veio ao mundo na sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, dia da promulgação do AI-5.
As manchetes da manhã surpreenderam ao noticiar que a Câmara dos Deputados havia rejeitado a autorização do Supremo Tribunal Federal para processar o deputado Márcio Moreira Alves. A maioria dos parlamentares se opôs à autorização, de que o STF não pode trazer os honorários contrários ao parlamentar.
O confronto havia começado três meses antes, após Moreira Alves fazer declarações contundentes contra o regime militar. E continuou: “Enquanto os silenciosos não falarem, todo o contato civil-militar terá que cessar, porque só assim poderemos devolver este país à democracia”.
Sem autorização ou “licença”, Moreira Alves pode ser simplesmente responsabilizado. As repercussões políticas foram graves: como resultado, o presidente Costa e Silva colocou as tropas do Exército em alerta.
“Votei a favor da licença sob a presunção de optar por um mal menor. A atitude da Câmara foi, no entanto, corajosa, porque a maioria dos deputados assumiu riscos conscientemente”, disse o deputado Clóvis Stenzel ao jornal O Estado de S. Paulo.
No mesmo dia 13, o Executivo denunciaria uma das maiores violações de direitos políticos da história do país: a lei biológica número 5. No apelo à “ordem democrática” e baseada na “liberdade” e no “respeito pela dignidade humana”. O presidente fechou o Congresso Nacional e suspendeu direitos básicos, como o habeas corpus.
A coincidência de datas talvez seja insignificante. Mas, como jurista e professor de direito, Moraes estudou detalhadamente os acontecimentos de 13 de dezembro. Talvez você tenha aprendido que parte do resto do mundo pode se contentar com muita coisa no apelo à democracia e à liberdade, até mesmo à decadência. da democracia e da liberdade.
O jurista Alexandre de Moraes não ficaria satisfeito com o político Alexandre de Moraes, ministro da Justiça Federal, Alexandre de Moraes.
Em sua tese de doutorado, defendida em 2000, escreveu que o presidente da República não merece ter força para nomear para o Supremo Tribunal de Justiça quem ocupou cargo de aceitação durante sua gestão. Mas foi justamente assim que Moraes foi entregue ao STF: passou Michel Temer de ministro da Justiça a membro da corte. Não há escadas.
Essa é uma das muitas contradições na trajetória do ministro que, depois de ter sido um aluno exemplar, um procurador incansável e um político habilidoso, em pouco tempo protagonista da Justiça Federal.
De estudante de direito a político, procurador, ministro do STF e (alguns dizem) “imperador absoluto” do Brasil, Alexandre de Moraes, de São Paulo, já fez muito em seus 54 anos de vida.
Tanto que é simples como, há apenas seis anos, ele esperava uma candidatura mais conservadora ao STF, pela qual foi duramente atacado por figuras de esquerda.
A vida pública de Moraes tem suas raízes na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a mais alta instituição clássica de ensino superior do Brasil. Alexandre de Moraes se formou lá, na elegância de 1990, e até ele é tratado como o maravilhoso prodígio da elegância. que também formou advogados e professores influentes.
Foi considerado um dos primeiros juristas. Já em 1997, Moraes publicou a primeira edição de um ebook que o tornaria conhecido entre os acadêmicos de graduação de todo o país: Direito Constitucional, hoje com mais de 30 edições, apresenta de forma objetiva os dispositivos constitucionais. Ele tinha apenas 29 anos quando publicou o ebook.
Em 2000, Moraes também recebeu o título de doutor pela USP, sob a orientação do jurista Dalmo de Abreu Dallari, conhecido tanto por suas renomadas pinturas educativas quanto por sua militância no Partido dos Trabalhadores.
A tese de doutorado intitulou-se “Teoria Geral do Direito Constitucional Administrativo – Perfil Constitucional da Administração Pública”. já que ele, então ministro da Justiça, seria nomeado 17 anos depois. “O acesso ao cargo de ministro do STF é vedado a quem ocupa ou exerceu cargo de aceitação dentro do Poder Executivo. durante o mandato do presidente da República no local de trabalho à época da eleição, a fim de evitar manifestações de gratidão política ou compromissos que comprometam a independência de nossa Corte Constitucional”, escreveu Moraes em suas recomendações.
O ex-Moraes também se opôs à usurpação de prerrogativas por meio do Judiciário. Em entrevista de 2008 ao site Conjur, ele argumentou que uma intervenção exagerada do Judiciário sobre outros poderes levaria a uma crise de legitimidade. O Supremo Tribunal Federal é culpado de interpretar a Constituição. Você pode extrapolar de tempos em tempos, mas se isso acontecer o tempo todo, haverá uma guerra de guerrilha institucional. Se o Judiciário começar a interferir demais nos outros dois poderes, eles deixarão de cumprir as decisões judiciais e o Judiciário perderá sua legitimidade.
Um ano depois de formado, Moraes conquistou o primeiro lugar no Concurso do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Em retrospecto, a escolha da acusação em relação à defesa ou à justiça talvez tenha sido indicativa do perfil de alguém que prefere acusar a defender. Há quem diga que o direito constitucional, ainda muito utilizado nos cursos de graduação, deixa relativamente pouco espaço para opiniões divergentes; Moraes apresenta seus conceitos de forma eloquente, mas sem se preocupar em escolher visões.
Em 1996, Moraes se envolveu no primeiro caso de repercussão primária em sua carreira. Ele e outros procuradores pediram à Justiça a cassação do mandato do então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, por irregularidades administrativas. Moraes não escondeu o incômodo. “A resolução é absurda e absolutamente errada. É muito estranha a rapidez com que se determinou a decisão sobre o despacho”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo.
Como procurador, Moraes causou a impressão nos jornais. Em 1999, por exemplo, abriu dois inquéritos contra fabricantes de cigarros. Um deles pedia o fim dos classificados que ligavam o tabagismo ao sucesso de profissionais e atletas. O outro questionou a Philip Morris e a Souza Cruz por não informarem os consumidores sobre os perigos representados pelos cigarros.
Durante seu tempo na acusação, ele também se envolveu na polêmica. Em 1997, aos 29 anos, Moraes convocou uma coletiva de imprensa para anunciar uma denúncia contra o prefeito Paulo Maluf. Moraes disse que o controle do prefeito na época comprava frangos a preços excessivos e pior: de empresas ligadas à sua família.
O advogado Ênnio Bastos de Barros criticou Moraes: “Ele não suspende a restrição obrigatória”, disse o defensor de Maluf. Na época, a insinuação era de que Moraes agiu politicamente a favor do PSDB ao lançar uma operação contra Paulo Maluf, adversário imaginável dos tucanos na disputa pelo governo estadual.
Maluf foi condenado a reembolsar os cofres públicos em 21,7 mil reais, além de ter seus direitos políticos suspensos por cinco anos. Mas ele recorreu e saiu victorioso. condena. Se gostaria que houvesse indícios mais fortes de fraude ou indícios de medidas tomadas sem qualquer justificativa”, disse o juiz Nogueira Diefenthaler, do Maluf.
Embora o caso em si seja prosaico (especialmente se considerarmos outras alegações que se oporiam a Maluf), o episódio alimentou a suspeita, ainda não comprovada, de que Moraes tentou afastar Maluf da disputa pelo governo de São Paulo em 1998. favorecem o tucano Mário Covas.
Moraes continuou atuando como promotor de Justiça até 2002, quando deixou o cargo para se tornar secretário de Justiça do governo de São Paulo, na gestão de Geraldo Alckmin. A equipe também contou com Gabriel Chalita na educação, Eduardo Guardia na Fazenda e Cláudia Costin na cultura. Entre 2004 e 2005, Moraes acumulou o cargo de comando da FEBEM. A acusação contra Maluf continuou sendo o foco de sua carreira até então. Ministro ocupou o local dos trabalhos.
Moraes não é o primeiro convocado na lista para o cargo de secretário. Alckmin, então, buscou nomear Cláudio Lembo, professor de direito do Mackenzie. Mas uma reação de organizações de direitos humanos contrárias a Lembo foi ligada a um “revés” para sua carreira no PFL.
No ano seguinte, Moraes também se filiou ao PFL, a convite do próprio Cláudio Lembo, figura específica que, sendo filiado a um partido de direita, se destacou na defesa de bandeiras de esquerda. Moraes se aproximou de Lembo quando Lembo foi reitor do Mackenzie e Alexandre professor. Ambos tinham em comum a passagem pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Em 2005, ao ser questionado se havia contradição entre ser filiado ao PFL e atuar em defesa dos direitos humanos, Moraes respondeu: “Os ideais do liberalismo na caixa jurídica são ideais que não se chocam em nada com essa posição. Se tivéssemos que pegar tradicionalmente aqueles que sempre defenderam as garantias individuais, os princípios de defesa do ser humano, as liberdades públicas, são os liberais. “Nos Estados Unidos, o partido menos conservador, o mais ligado ao liberalismo é exatamente o Partido Democrata, que tem as grandes bandeiras liberais”, disse, mostrando que não percebe tão bem a política americana. Deu no programa Roda Viva, da TV Cultura. Moraes já estava plenamente incorporado ao clímax político e parecia confortável nessa posição. Aqueles que o ouviram falar podem identificá-lo como um centrista.
Como secretário, Moraes entrou em choque com Saulo de Castro Abreu Filho, titular da pasta de Segurança Pública. Inevitável, Abreu Filho se irritou com o temor (segundo ele excessivo) de Moraes pelos direitos dos menores infratores.
“Ele tinha divergências muito complicadas com o secretário Saulo de Abreu na época”, lembra Nagashi Furukawa, que chefiava o Departamento de Serviços Penitenciários.
Furukawa teve que lidar com Moraes. Ele disse que o ministro de longa data se destacou como um gestor eficaz e tranquilo. Outra característica do ministro do STF se destaca: seu senso político. “A capacidade de se dar bem na política é uma obrigação. “para figuras públicas. O usuário vai ter que saber conviver, estar em contato inteligente com os outros, e é isso que o Alexandre sabe fazer”, diz.
Imagens da época mostram Moraes quase sério, sem sinais de calvície e vestido com todos os botões fechados. O chefe de gabinete do então secretário de Justiça, advogado e professor Claudio Tucci Jr. , descreve Moraes como um chefe que dava ordens objetivas e sabia ser exigente. “Naturalmente, com o estresse diário e os transtornos inerentes à secretaria, raramente não se pode esperar uma reação mais lenta, então houve uma necessidade de ervas. Mas com calma, nos ouvindo e nos ouvindo”, diz. O ex-chefe da Casa Civil diz que, além de um advogado inteligente, Moraes era um administrador competente. “Posso atestar que ele aliou sabedoria técnica jurídica com uma visão ampla de políticas públicas no âmbito do departamento”, diz Tucci Junior, hoje advogado e professor da Unisanta.
A agenda de Moraes na época mostra que ele estava dividido entre temas complexos, como o combate ao crime organizado, e eventos menores, como casamentos online. Moraes também ganhou lideranças do MST para falar sobre reforma agrária e criou a “Comissão de Promoção de Ações Positivas”, em 2002. No ano seguinte, saiu a favor das cotas. “Não se trata de hegemonia dos negros sobre os brancos, trata-se de justiça e igualdade de oportunidades. “
Moraes tirou a carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em 2005. No mesmo ano, deixou o Ministério da Justiça após ser indicado pela Câmara dos Deputados para uma vaga no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), onde permaneceu até 2007.
Em 2007, após sua passagem pelo CNJ, Moraes foi nomeado para outro cargo político: o de secretário de Transportes da Prefeitura de São Paulo sob a liderança de Gilberto Kassab. Nesse cargo, chegou a acumular o cargo de presidente da CET, a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo.
Como secretário, Moraes abordou questões prosaicas. Ele lançou, por exemplo, o Bilhete Amigão (quatro viagens em 8 horas com bilhete de solteiro). A pedido da OAB Pinheiros, também legalizou a criação de uma linha de micro-ônibus ligando o Foro Pinheiros ao metrô da Vila Madalena. Fez o mesmo com os advogados de Santana: criou uma linha ligando o Fórum de Santana ao Metrô de Santana. Nesse período, Moraes impressionou nos jornais principalmente como aquele que tentava colocar ordem no caos do trânsito paulistano.
Talvez por ser proativo, Moraes ganhou espaço e focou sua competência na gestão de Kassab. Ele também começou a encomendar a pasta de Serviços, que é responsável pela recuperação do espaço. Na ocasião, foi abandonada alguma outra explicação do desgaste causado pelo roubo na entrega da pista de motocicletas na Rua Vergueiro, importante corredor da região central de São Paulo.
Do lado de fora da Prefeitura, Moraes para advogar. Essa foi sua principal profissão entre julho de 2010 e dezembro de 2014.
Entre julho de 2010 e dezembro de 2014, atuou como advogado. A “Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados” ocupou o 9º lote de um prédio espelho no bairro do Itaim Bibi, um dos mais queridos de São Paulo.
Em abril de 2014, por exemplo, ele se reuniu com o então secretário de Transportes de São Paulo, o petista Jilmar Tatto. Moraes também defendeu para o PSDB e Aécio Neves a cruzada presidencial de 2014 e emitiu um parecer jurídico encomendado por meio do Conselho Federal de Farmácia por R$ 150 mil.
Mas o caso mais discutível dessa época diz respeito ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
A rigor, ninguém é “advogado do PCC” porque o PCC existe oficialmente. Mas a organização criminosa atua em várias frentes. Um deles é o transporte de eleição. E essa seria a ligação de Moraes com a facção dos ladrões. O escritório de advocacia que ele dirige defendia a Transcooper, cooperativa de transporte ligada à organização dos ladrões.
O ministro nega saber de qualquer ligação entre a cooperativa e a quadrilha. “Nunca fui advogado do PCC ou de qualquer outro parecido com o PCC”, disse na audiência no Senado quando nomeou o STF.
Na mesma ocasião, Moraes fez comentários que agora parecem reveladores: ele se incomodava com as alegações de que tinha um advogado do PCC e aconselhava uma espécie de “difamação” pela internet. “É inegável que as redes sociais, a internet, foram, são e continuarão sendo um avanço maravilhoso na comunicação e na informação, mas também é inegável – é algo que todos nós, em algum momento, teremos que pensar, em um equilíbrio moderado – que calúnias, difamações e insultos proliferam contra inúmeras pessoas.
“Quem dentro e fora desta Comissão nos ouve e nos vê e já foi caluniado, difamado ou insultado através da internet, sabe da dificuldade, ou melhor, da quase impossibilidade de suprimir absolutamente essas versões falsas.
Em 2015, o tempo de Moraes como advogado chegou ao fim. Aceitou o convite do governador Geraldo Alckmin para tomar posse na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Lá, atuou como uma espécie de xerife: reprimiu protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff na Avenida Paulista e se opôs incisivamente aos manifestantes que invadiram as escolas públicas de São Paulo.
Moraes sairia para o Ministério da Justiça no de Michel Temer.
O ministro do STF é casado desde 1992 com a advogada Viviane Barci de Moraes. Formada pela UNIP (em direito e propaganda e marketing), ela dirige a empresa Barci de Moraes, que tramitou 23 processos na Justiça Federal, muitos deles depois que Alexandre já tinha ministro.
A direção e o CPF de Viviani Barci de Moraes são exatamente os mesmos comandados pelo marido na última década. Na verdade, também é a mesma coisa: apenas a chamada mudou. O ex-deputado Gabriel Chalita também concorre lá. A equipe conta com dois ex-companheiros de Moraes na cidade de São Paulo: Mágino Alves e Olhano Ricardo Scucuglia.
Com Viviane, o ministro do STF teve 3 filhos: Giuliana, Alexandre e Gabriela. Todos seguiram carreira na advocacia. Mas as ceias de Natal no círculo de parentes de Moraes não precisam ser a máxima harmonia.
O pai do ministro, Leon Lima de Moraes, é apoiador declarado de Jair Bolsonaro. Ao lado da madrasta do ministro do STF, Elizete Gomes Lima, León apresenta seus gostos políticos pessoais no Facebook. A sogra disse estar “de luto” pelo dia em que Bolsonaro perdeu a reeleição. No ano passado, o casal se mudou para Toledo, nos Estados Unidos, onde mora a filha de Elizete.
Léon é compatriota e fresco de Michel Temer: qualquer um cresceu na cidade de Tietê (SP). Do pai, o ministro do STF herdou o seu para o Corinthians.
Moraes conseguiu identificar relações de poder. Ainda em 2002, quando apresentou o eebook “Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional”, convenceu o então ministro do STF, Celso de Mello, a apontar o prefácio do eebook. Mello afirma que o eebook tem um “alto padrão clínico”. Moraes tinha 33 anos. Ainda em 2002, Moraes já era citado pelo próprio Celso de Mello como membro de uma organização de “eminentes autores”.
Ao mesmo tempo, Moraes também escreveu um artigo na Folha de S. Paulo em que apresenta as medidas tomadas por meio do Governo de São Paulo em favor dos direitos humanos. O artigo tem trechos de difícil leitura, como este: “A provisão de direitos humanos básicos trata necessariamente da cobertura da dignidade humana em seu sentido mais amplo, que se manifesta apenas na autodeterminação consciente e culpada da própria vida e que carrega consigo a reivindicação de respeito por meio dos outros, constituindo um mínimo invulnerável que toda lei deve garantir”.
O momento maravilhoso da carreira de Moraes viria uma década e parte depois. A indicação de Temer ao STF em 2017 seria a primeira de um presidente não petista desde 2002, quando Fernando Henrique Cardoso escolheu Gilmar Mendes para o posto. A designação tomou posição diante das circunstâncias: o ministro Teori Zavascki morreu em um acidente aéreo na região de Angra dos Reis.
As nomeações de Moraes com o PT não são das melhores. Em março de 2016, por exemplo, ele hostilizou militantes petistas que protestavam contra o impeachment de Dilma Rousseff. Aos gritos de “fascista”, ele deixou o local cercado pela polícia.
Por isso, não surpreende que, quando Moraes foi indicado para um cargo vago no STF, o executivo petista tenha reagido com uma nota incisiva: “A nomeação do ministro da Justiça do governo golpista, Alexandre de Moraes, para o cargo vago no STF aberto com a morte do ministro Teori Zavascki é uma profunda falta de respeito ao ordenamento jurídico do país e ao espírito republicano que merecem presidir este. Tipo de designações. Sua nomeação e breve trajetória como ministro da Justiça no governo ilegítimo de Temer deixaram evidente seu despreparo, desprezo pelo estabelecido e parcialidade”, disse a direção do partido em nota pública.
Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse a Moraes neste sábado, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que disse: “Nunca houve uma reação negativa nas nomeações para o Supremo Tribunal Federal pela sociedade civil organizada, tão maravilhosa como nesse caso da Justiça Federal”. Corte”, disse o médico Alejandro de Moraes. In Senado não houve reação significativa. A candidatura foi aprovada por 55 votos contra treze no plenário. Outros treze senadores não votaram.
Na Justiça Federal, a antiguidade produz uma espécie de hierarquia: juízes mais jovens respeitam os mais velhos.
Com Moraes, as coisas foram mais rápidas. Ele tem duas características únicas de seus pares: sua extensa carreira política e sua vida após a morte como promotor. Moraes é o único membro da corte que já integrou o Ministério Público.
A substituição do ministro novato ocorreu em abril de 2019, quando o novato ganhou um projeto do então presidente da corte, Dias Toffoli: investigar “ataques” e “ameaças” contra integrantes da corte.
O então presidente da corte – que, assim como Moraes, estudou na escola Largo de São Francisco – se baseou em um argumento frágil: o artigo 43 do regimento interno do STF estipula que o presidente possivelmente abrirá uma investigação (tarefa que geralmente é realizada por meio do Ministério Público) se o ladrão se posicionar “na sede ou nas dependências do tribunal”. O mecanismo foi criado para tratar de assuntos internos, como atos de vandalismo dentro do tribunal. Mas, de repente, Toffoli chegou aqui que qualquer “ataque” postado na internet equivalia a quebrar as janelas do prédio do STF.
“O objetivo desta investigação é a apuração de notícias fraudulentas (fake news), comunicações falsas de crimes, denúncias caluniosas, ameaças e outros crimes dissimulados por animus caluniandi, difamação ou injúria, que ameacem a integridade e a segurança da Justiça Federal, de seus membros; como membros de suas famílias, quando há conexão com a dignidade dos ministros”, escreveu Moraes em seu primeiro despacho investigativo.
O primeiro ato de Moraes determinou que o site O Antagonista e a revista Crusoé retirassem do ar reportagens que ligavam o empresário Marcelo Odebrecht, envolvido em escândalos de corrupção, ao ministro Dias Toffoli. Defensor da honra dos ministros da corte, Alexandre de Moraes assume importância aos olhos de seus companheiros.
Mas a investigação de “fake news” tornou-se temporariamente o melhor pretexto para abusar de prerrogativas.
A partir daí vieram avanços e outros avanços que, aliados à investigação por “atos antidemocráticos”, permitiram que Moraes ganhasse força de forma inédita. e deliciosas conversas de Whatsapp, e reagiram às denúncias de seus movimentos como se fossem afrontas ao próprio Estado Democrático de Direito.
A investigação sobre a fraude imaginável no cartão de vacinação do presidente Bolsonaro faz parte da mesma investigação que investiga insultos ao governo por meio de perfis no Twitter. Tudo sob a direção de Moraes, ele próprio acusador, juiz e vítima.
A investigação aberta em 2019 é a que levaria à prisão de personalidades como o blogueiro Oswaldo Eustáquio, acusado de espalhar notícias falsas.
Moraes também teve a possibilidade de presidir o TSE apenas no período eleitoral, em 2022. A substituição do comando da corte seguiu padrões pré-estabelecidos, mas, para o cada vez mais duro Alejandro de Moraes, pode não ter vindo em melhor hora. Durante o desenvolvimento das eleições, repetiu o modus operandi: censura contra qualquer conteúdo que pudesse ser vagamente interpretado como “fake news”, que, com Moraes, deixou de significar “dados falsos propagados com o objetivo de disseminar desinformação”. para significar “declaração de fato não demonstrada cem por cento em todos os tempos de justiça”.
Neste momento, Moraes só pode ser preso por meio de Moraes, ou pelo Senado Federal, que é encarregado de processar ministros do STF por crimes de responsabilidade. O governo de Jair Bolsonaro tentou, em agosto de 2021, avançar em um processo de impeachment. Mas a petição não localizou a do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em um Congresso onde prevalece a concorrência privilegiada, todos e cada um dos parlamentares podem facilmente se tornar alvo do STF. E não há autoridade superior a quem recorrer.
Moraes já foi procurador e político. Nunca foi juiz. Talvez isso explique por que ele age de forma imperiosa e com um tom acusatório perpétuo, e complica a vida dos advogados sempre que possível.
Para o advogado Renor Oliver, que representa o Canal Terça Livre, os transtornos de Moraes vão muito além. “Muitos procuradores são juízes, mas são fiadores e jamais fariam uma investigação dessas. Não há parâmetros na fórmula judicial do que acontece. “
Em fevereiro de 2021, Moraes determinou a prisão do deputado Daniel Silveira por ameaçar ministros da corte (incluindo ele próprio). Ao contrário de 1968, o STF primeiro determinou a prisão e depois perguntou à Câmara dos Deputados se legalizaria a medida.
O advogado Roberto Mohamed, que atua no STF, é aluno de Moraes em um curso de pós-graduação no Mackenzie. Ele disse que o ex-ministro do STF tem fama de jurista e é considerado alguém com perfil técnico, embora ares de mistério não sejam seu forte. “Ele não é um grande cara, mas nunca se recusou a ceder às perguntas”, disse Mohamed.
Agora, o advogado acredita que o ministro derrubou decisões seguras. .
Mohamed, que precisa tornar transparente sua rejeição a Daniel Silveira, diz que o ministro tomou uma decisão injustificada ao mandar o parlamentar para a prisão. na convocação do que então se percebia como o combate oposto a um mal maior: Jair Bolsonaro e seus aliados. “Acho que ele agiu primeiro como defensor do tribunal; Mas hoje é inútil. A emergência acabou”, diz o professor.
A advogada Ana Paula Thabata Fuertes, que já ouviu com admiração o domínio da elegância de Alexandre de Moraes na escola e hoje critica a atuação do ministro, diz que, embora ele tenha sido um instrutor competente e um hábil redator da Constituição em termos didáticos, Moraes não teria chegado ao cargo dentro do STF se a sabedoria jurídica fosse o único critério de variedade.
“É apenas mais um advogado inteligente. Você colocaria advogados com mais sabedoria jurídica do que ele em pelo menos uma centena de locais de trabalho em MS”, compara. Para Ana Paula, sua passagem pelo Ministério Público marcou o modo de agir de Moraes. , Moraes continua atuando como procurador vinte anos depois de deixar o Ministério Público. “Sua vida após a morte foi no cargo de promotor. Quem já foi promotor não perde a acusação. , ele provavelmente já gostava de ser acusador”, diz.
De muitas maneiras, somando vocabulário e preparo intelectual, o deputado Daniel Silveira está muito distante de Márcio Moreira Alves. de seus membros à mercê da Justiça. Desta vez, os parlamentares concordaram.
Caso Moraes cumpra o tempo restante para a aposentadoria compulsória, ele permanecerá até 13 de dezembro de 2043. Ele e o AI-5 completarão 75 anos naquele dia.
A primeira edição deste texto continha que o ex-ministro do STF Teori Zavascki morreu em um acidente de helicóptero. Ele morreu em um acidente de avião.
Máximo de caracteres [0]
Como assinante, você pode 3 acessos consistentes com o dia ao conteúdo. Simplesmente consistente com a porcentagem dos botões abaixo:
Apenas assinantes podem lançar 3 para o conteúdo de acordo com o dia.
Amanhã você pode perder mais 3 acessos ao conteúdo, compartilhando-os com quem quiser.
Você comenta:
Em reação ao comentário de
Edite seu comentário
Comentário excluído pelo autor