Novo vilão? Outro mosquito pode agravar casos de dengue em Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, mais de 25 mil pessoas foram infectadas pela dengue em 2023. A doença continua ceifando vidas, mesmo com menos chuvas. A causa pode ser semelhante à transmissão da doença pelo mosquito Aedes albopictus, que é mais tolerante a baixas temperaturas do que o Aedes aegypti.

Segundo Antônio Pancrácio, professor e pesquisador em biologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), é fundamental analisar a participação do Aedes albopictus no ciclo de transmissão das arboviroses. Nossa mente uma queda acentuada no número de casos, hoje não é mais assim”, explica.

O Aedes albopictus pode atuar continuamente durante todo o ano. O pesquisador afirma que é possível que ocorra uma mistura de Aedes aegypti e Aedes albopictus, piorando a situação de controle da doença.

“Se houver uma mistura de Aedes aegypti, que tem máxima plasticidade comportamental, progressão imediata, resistência à dissecção de ovos, progressão de resistência a inseticidas e preferência pelo ambiente urbano, somada ao Aedes albopictus, que é mais resistente à seca, possivelmente proporcionará uma situação mais complexa para o controle das arboviroses”, disse. Diz.

Segundo Pancrácio, o sorotipo da dengue circulante já é bem conhecido, então o número de pessoas vulneráveis não aumentou, então essa especulação deve ser considerada.

O Aedes albopictus é um vetor secundário do vírus da dengue, com características morfológicas semelhantes e a mesma capacidade de proliferação do Aedes aegypti.

No Brasil, a presença desse mosquito foi registrada na década de 1980, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. Em pouco tempo, já atende em quase todo o território nacional.

O Aedes albopictus, além de transmissor da dengue, é um possível transmissor dos vírus chikungunya, zika e febre amarela. O mosquito é mais resistente ao sangue do que o Aedes aegypti, adaptando-se melhor ao ambiente e dificultando o combate.

Dados do boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (24), por meio da SES (Secretaria de Estado da Saúde), mostram que mais de 25 mil pessoas em Mato Grosso do Sul foram infectadas pela dengue em 2023, mas o número de casos prováveis da doença aumenta para 44 mil, entre janeiro e maio. Já o número de mortes por dengue notificadas chegou a 26, com treze em investigação.

Das 26 mortes em 2023, 4 foram registradas na semana passada. Sendo um woguy de 28 anos, vizinho de Campo Grande. Um homem de 70 anos de Bela Vista, um homem de 60 anos de Rio Verde, no Mato Grosso, e um de Dourados, de 43 anos.

Do total de casos apresentados, 7. 610 são em Campo Grande e 3. 601 em Três Lagoas. Os demais municípios têm menos de cem processos arquivados.

Mato Grosso do Sul também está em alerta máximo devido à média de ocorrência de chikungunya. São 863 casos comprovados em 2023, além de 4. 724 casos prováveis da doença.

A doença já ceifou duas vidas no estado neste ano, dois homens, de 70 e 43 anos, respectivamente. A doença também ocorreu em 24 gestantes. Os casos estão concentrados em Ponta Porã, onde há 544 confirmações. Em Maracaju, são 90 ocorrências.

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