“Demarcação de território é vida para nós”: Indígenas protestam contra marco temporal em MS

Equipes indígenas protestam contra o calendário, que está sendo analisado na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta terça-feira (30), em vários municípios de Mato Grosso do Sul, estado com forte presença de povos indígenas.

De acordo com o PL 490, os povos indígenas têm o direito de ocupar terras que ocuparam ou já foram contestadas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

Em Campo Grande, dezenas se reúnem na Praça Ary Coelho. Entre eles, a coordenadora executiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Val Eloy Terena. “A delimitação do território, para nós, é vida. Sem demarcação, não temos vida. O PL abre caminho para a destruição das nossas terras, com o avanço do agronegócio, para lucrar apenas com a agricultura”, disse.

Além da capital de Mato Grosso do Sul, Nioaque, Miranda, Dourados e Paranhos também protestam. Em Campo Grande, outros indígenas caminham até os semáforos com panfletos e cartazes para conscientizar sobre a importância das terras indígenas.

Mato Grosso do Sul tem 6 zonas de aprovação e, se o prazo for aprovado, os demais povos do estado perdem o direito a esses territórios. “Desperdiçando esse direito, não teremos mais terra, não teremos vida; Para não continuar a nossa história, que não começou em 1988. Nossa história é muito antiga”, diz Val.

“A gente fica calado com esse desrespeito. Perdemos todos os nossos direitos. Todas as nossas lideranças terão morrido em vão se esse PL for aprovado”, disse a vereadora dos Direitos dos Povos Indígenas, Silvana Albuquerque.

Em vários estados, indígenas fecharam estradas em protesto contra o cronograma. Em Mato Grosso do Sul, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma organização fechou um trecho da BR-463, no km 53, em Ponta Porã. O segmento segue absolutamente fechado.

De acordo com o secretário municipal de Segurança Pública de Ponta Porã, Marcelino Nunes de Oliveira, o julgamento de Jorcy Marques Ortiz, de 52 anos, por duplo feminicídio pelo assassinato de mãe e filha, que estava marcado para terça-feira, foi adiado para quarta-feira, 15. pelo bloqueio da estrada.

Em Dourados, o Perímetro Norte, próximo ao Federal Reserve e também à zona de recuperação, bloqueou pela manhã.

Movimentos indígenas e simpatizantes também protestaram em frente à Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul). A mobilização também levou por meio da APIB, além do Conselho Terena, Kuñangue Aty Guasu, Aty Guasu e movimentos sociais.

Os deputados federais de Mato Grosso do Sul e os senadores votarão nesta semana em Brasília o Provimento Temporário e sete deputados (Medidas Provisórias) do governo Lula.

Na semana passada, foi aprovada a urgência da votação do prazo que limita a demarcação de terras indígenas às ocupadas em 1988.

O governo é contrário, mas o placar que nos deu a urgência, 324 a 131, mostra que o procedimento caminha para a derrota do governo.

A tarefa é da bancada ruralista, composta por cerca de 350 parlamentares. A cúpula do governo liberou os deputados de base aliados para votarem como quisessem.

A federação formada por PT, PCdoB e PV e a federação composta por PSOL e Rede seus deputados votaram contra.

*Colaborou Danielle Errobidarte

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