O paracetamol é um dos medicamentos isentos de prescrição mais vendidos em diversos países, agregando o Brasil
Disponível a granel em farmácias, com receita médica, o paracetamol é um dos principais medicamentos alimentícios do mundo.
Para se ter uma ideia, algumas estimativas implicam vendas de 49 mil toneladas desse medicamento por ano nos Estados Unidos, ou 298 comprimidos por ano nos Estados Unidos. No Reino Unido, a média é de 70 conjuntos desta droga por usuário. no mesmo consistente comiod.
E o mais curioso desse conto é que, conhecido há mais de um século, o paracetamol permanece um mistério: seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente elucidado pelos cientistas.
As evidências da eficácia desse medicamento para situações também variam: em alguns casos, como lombalgia, os efeitos do comprimido ou das gotas não são maiores do que os do placebo, substância que não tem efeito curativo.
Uma coisa que é muito transparente para os especialistas, no entanto, é a ameaça de overdose: esta droga é a principal causa de insuficiência hepática em países como os EUA. últimos anos.
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Por trás dessa situação está a ampla disponibilidade de comprimidos e a falta de recomendações sobre limites de ingestão, como você perceberá neste artigo.
Após a publicação do relatório, a Kenvue (uma empresa spin-off de Johnson)
João Fellet analisa como os brasileiros chegaram ao grau de divisão existente.
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“O Tylenol, cujo elemento ativo é o paracetamol, tem mais de 60 anos de história clínica que comprovam sua proteção e eficácia. A bula do medicamento contém instruções vitais de uso, adicionando limites de dosagem, precauções e advertências para situações expressas. Deve ler e cumprir cuidadosamente o folheto informativo do Tylenol e perguntar ao seu médico se tiver alguma dúvida.
“O Tylenol é um dos medicamentos mais utilizados e estudados no mundo e sua eficácia é demonstrada através de muitos estudos clínicos publicados em revistas clínicas de outros países. No Brasil, o paracetamol faz parte da lista nacional de medicamentos essenciais. “medicamentos, pois seu princípio ativo é uma das características máximas adequadas e eficazes para o alívio da dor”, conclui a empresa.
A Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Autocuidado (Acessa) enviou nota após publicação afirmando que defende “o uso de IDP [medicamentos isentos de prescrição] e produtos fitness e fitness literacy, que é a busca por recursos confiáveis”. de dados para que um usuário possa tomar melhores decisões sobre sua condição física. “
“Para o uso seguro de um medicamento de venda livre, é obrigatório consultar previamente os dados da bula e do rótulo do produto. Além de estarem na embalagem do próprio MIP, esses dados também devem estar na página online do fabricante do medicamento e na cartilha eletrônica da Anvisa. E merece ser pressionado para que, em caso de dúvida, o médico e o farmacêutico mereçam ser consultados, já que são aliados vitais na venda do uso racional dos deslocados internos. , acrescentou o serviço de imprensa da associação.
A Associação Brasileira de Farmácias e Redes de Farmácias (Abrafarma) e a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) disseram que, de acordo com orientações internas, comentam problemas envolvendo moléculas/medicamentos expressos.
O paracetamol foi sintetizado no final do século XIX, estudos pioneiros com essa molécula foram publicados pelo químico alemão Joseph von Mering em 1893.
Mas a substância ficou limitada a estudos pelas seis décadas seguintes. Ele só estreou na farmácia nos Estados Unidos e na Austrália na década de 1950, já com o nome da indústria que o tornaria mundialmente famoso: Tylenol.
Nos Estados Unidos, além disso, este elemento ativo é conhecido como paracetamol.
No Brasil, ela existe desde a década de 1970.
E, mais de seis décadas após seu lançamento, o mecanismo de ação desse medicamento ainda é desconhecido, ou seja, como ele age no contexto da dor ou da diminuição da febre.
“O mecanismo de ação do paracetamol ainda está totalmente elucidado”, diz o Dr. Philip Conaghan, professor de medicina musculoesquelética da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
“Provavelmente terá algum efeito sobre como nossa estrutura ‘entende’ a dor na fórmula do nervo central e no cérebro, além de agir em regiões periféricas onde há inflamação”, explica.
Acetaminophen é pensado para interferir com os movimentos de enzimas conhecidas como ciclooxigenase ou COX, que estão ligados à dor e temperatura corporal mais elevada. Alguns estudos também observaram uma ação de drogas sobre neurotransmissores e vias cerebrais, o que proporcionaria um efeito analgésico.
Mas, até o momento, não há consenso entre os especialistas sobre quais ou quais são os efeitos precisos disso no quadro para alcançar efeitos de melhora da dor ou redução da temperatura do quadro.
Como discutido no início do artigo, o paracetamol está disponível gratuitamente nas farmácias e pode ser adquirido diretamente pelo consumidor, sem a necessidade de receita médica.
Parece que tanto em nomes de indústria – Tylenol, por exemplo – e em genéricos, além de ser adicionado à composição de vários medicamentos com outros princípios ativos.
A Food and Drug Administration (FDA) estima que o paracetamol é encontrado na fórmula de mais de seiscentos outros produtos farmacêuticos.
No Brasil, o paracetamol continua ocupando o primeiro lugar na lista dos medicamentos isentos de prescrição mais vendidos, seja como molécula isolada ou em combinação com outros medicamentos.
Uma lista publicada periodicamente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o máximo de 263 medicamentos isentos de prescrição anunciados no país mostra que o paracetamol aparece em 23 das opções farmacológicas em alta demanda.
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Tylenol tem sido disponível em farmácias em alguns países desde a década de 1950.
Mas, afinal, com tanto sucesso publicitário, o paracetamol cumpre sua promessa: diminuir a febre e a dor?
A FDA especifica em seu site oficial que o paracetamol é uma opção para o remédio desses dois desconfortos de intensidades leves a moderadas.
Mas as evidências disponíveis até agora são muito variáveis, principalmente quando se avaliam outras situações que afligem o enquadramento.
O Instituto Cochrane, que está empenhado em revisar as evidências disponíveis sobre tratamentos, publicou vários artigos sobre a eficácia do paracetamol.
A pesquisa dos especialistas, que leva em conta os estudos publicados até o momento, revelou que esse medicamento supera o placebo (substância sem efeito cicatrizante) para tratar dores na região lombar.
Os efeitos também foram positivos para casos de desconforto físico semelhante ao tratamento oncológico.
Quanto ao remédio para osteoartrite de joelho ou quadril, os autores dos artigos acharam que o efeito positivo era “pequeno”.
O paracetamol tem mostrado alguns benefícios, embora menores, no alívio da enxaqueca aguda e da dor pós-parto e pós-cirúrgica.
Conaghan, que publicou estudos sobre o uso dessa droga no remédio para osteoartrite, classifica as evidências como “pequenas” e “não muito boas”. Mas ele diz entender por que o paracetamol ainda é popular hoje.
“Primeiro, há um histórico de uso, o que faz com que outras pessoas se sintam confortáveis em tomar esses comprimidos. Em segundo lugar, a indicação de remédios de paracetamol é completa, e os níveis variam de dor musculoesquelética a cólicas menstruais”, disse o médico.
“Em terceiro lugar, estamos falando de uma opção de ingestão razoável e amplamente disponível. E quarto, há muitas outras características para tratar esses sintomas. “
Com resultados tão variados, a principal orientação é buscar avaliação de um profissional médico, principalmente se a dor não desaparecer ou piorar após dois a três dias.
A partir do momento da avaliação e diagnóstico, é imprescindível seguir rigorosamente o remédio prescrito para eliminar o desconforto.
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Paracetamol não funciona para dor lombar, mostram estudos
Mas e quanto à segurança?O paracetamol pode causar efeitos mais graves?
O desafio aqui está na dosagem: as agências de fitness estabelecem um limite de quatro gramas (ou quatro mil miligramas) por dia para adultos. Em crianças mais velhas com idade entre 2 e 11 anos, a dose de paracetamol depende do peso corporal (é de 55 a 75 mg consistente com quilograma em um dia). Já com menos de 2 anos, é obrigatório consultar o médico antes de administrar o medicamento.
Uma vez que as pílulas contêm 500 miligramas ou 1 grama deste ingrediente ativo, isso significa que um adulto não pode exceder 4 ou 8 conjuntos (dependendo da dosagem) a cada 24 horas.
Mas a história é mais confusa do que parece, pois muitos medicamentos envolvem o paracetamol em sua composição como outros ingredientes – com isso, um usuário que está gripado ou resfriado, por exemplo, acaba tomando vários medicamentos para lidar com os sintomas (dor, febre, congestão nasal. . . ) e pode, sem querer, cruzar essa linha.
O maior desafio aqui ocorre no fígado, que é metabolizar a droga. Cerca de 5% da droga é convertida em quinoneimina, uma substância que é venenosa para o corpo.
Em pequenas quantidades (abaixo deste limite de quatro gramas de paracetamol), o fígado pode neutralizar o perigo. No entanto, quando há muita quinoneimina, o órgão acelera e deixa de funcionar como pretendido.
Isso, por sua vez, gera uma imagem de insuficiência hepática aguda, que requer hospitalização e transplante, além de estar ligada a uma ameaça aumentada de morte.
Segundo o FDA, a overdose de acetaminofeno foi a principal causa de insuficiência hepática aguda nos Estados Unidos entre 1998 e 2003. Em 48% dos casos, a overdose foi acidental, pois os pacientes nem sabiam que haviam ultrapassado o limite diário.
A 2007 através dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. A Food and Drug Administration dos EUA estimou que as overdoses do medicamento resultam em 56. 000 visitas a salas de emergência, 26. 000 hospitalizações e 458 mortes consistentes com o ano.
Outras pesquisas indicam que o paracetamol causa insuficiência hepática em até 45% dos casos nos EUA. 60% desses episódios ocorrem no Reino Unido. Não há levantamento para o Brasil.
Todos esses números exigiram ajustes nos regulamentos do paracetamol. Desde 2011, a FDA limitou a dosagem do medicamento a 325 mg compatíveis com a pílula, o que reduziu as hospitalizações nos próximos anos, de acordo com um relatório da Universidade do Alabama, nos EUA. U. S. Census Bureau, publicado em 2023.
No Brasil, a Anvisa já emitiu diversos alertas sobre a ingestão indiscriminada de paracetamol e seus efeitos na saúde.
“O uso do medicamento merece ser feito com cautela, respeitando a dose máxima diária e o intervalo entre as doses, de acordo com as recomendações contidas na bula, para cada faixa etária”, disse a empresa em comunicado de 2021.
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A insuficiência hepática é uma das repercussões do abuso de paracetamol
Também é curioso notar que o paracetamol, com mais de um século de história e alguns mistérios persistentes, ainda continua a surpreender os cientistas.
Uma delas são as pinturas feitas pelo psicólogo Dominik Mischkowski, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos.
Em um estudo de 2019, ele dividiu os voluntários em dois grupos. O primeiro tomou paracetamol e no momento em que os comprimidos engoliram algum efeito cicatrizante. Então, todos leram uma história inspiradora e tiveram que reagir.
Os participantes que tomaram paracetamol tiveram uma capacidade reduzida de empatia ou de se colocar no lugar do personagem. E isso teria implicações sobre como outras pessoas interagem em outros contextos sociais, disse ele.
“Se eu interferir em certos circuitos neurais com uma droga como o paracetamol, por exemplo, posso acabar afetando outras facetas que chamamos de emoções sociais, ou comportamentos sociais, que inicialmente não tínhamos ideia. E isso, quem sabe, pode ser apenas algum tipo de efeito de aspecto social dessas drogas”, diz Mischkowski.
O próprio psicólogo considera que os resultados, interessantes, são experimentais e não refletem a realidade, que é muito mais complexa e completa de variáveis do que um experimento laboratorial controlado.
“Quando outras pessoas tomam analgésicos, há muitos processos complexos envolvidos que não entendemos. Por isso, devo ter muito cuidado com nossos achados, pois ainda não sabemos os principais pontos dos efeitos do uso [do paracetamol] na sociedade”, explica.
“Então, se você está com dor e quer se tratar, você merece continuar tomando medicamentos como paracetamol porque é importante. A dor é uma das situações mais impactantes da atualidade”, acrescenta Mischkowski.
Quanto a Conaghan, o uso pesado de analgésicos, como o paracetamol, está ajudando a perceber como nossa sociedade se substituiu nas últimas décadas.
“Suspeito que grande parte da nossa dependência da medicina começou após a Segunda Guerra Mundial, quando os antibióticos se mostraram tão eficazes. Até então, acho que meus avós não tinham muita confiança nas pílulas”, disse o médico.
“E intervenções para tratar a dor podem levar tempo e esforço para produzir resultados. Dor no joelho, por exemplo: sabemos que o alongamento muscular é muito eficaz, mas levará pelo menos duas a três semanas de treinamento antes de ver qualquer benefício. “
“Então, acho que o imediatismo das drogas é o que nos faz procurá-las tanto. Talvez essa confiança cultural na medicina e a necessidade de alívio rápido da dor sejam algumas das razões para a popularidade do paracetamol. “
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