Como as obras do Museu Britânico foram parar no site do leilão

01/09/2023 – 8h30

Não é apenas sob a guarda do governo brasileiro que objetos raros e caros, joias e objetos antigos evaporam da noite para o dia. No Reino Unido, por exemplo, tudo acontece, principalmente no Museu Britânico. Lá, a infâmia é que cerca de duas mil peças foram roubadas do estabelecimento e foram parar no eBay, um popular site de leilões. No e-commerce, foram anunciados 316 mil reais de pedras preciosas por apenas 250 reais.

Os responsáveis identificaram o desaparecimento de objetos feitos de ouro, pedras semipreciosas e vidro, todos datados entre o século XV a. C. e o século XIX.

Um proeminente conservador foi demitido e conhecido como um suposto ladrão, mas as investigações sobre ele ainda estão engatinhando. Esse vergonhoso culminou com a queda de Hartwig Fischer, diretor da instituição, que pediu demissão e declarou erros na investigação sobre o roubo do acervo.

O resumo da vergonha: não há mais do catálogo de um dos museus mais visitados do mundo. Não há sequer fotografias de todo o património. ” A responsabilidade por esses erros, em última análise, é de seu diretor”, reconheceu Fischer. Pior, o seu controlo “não respondeu com o rigor obrigatório”, uma vez que não é de hoje que o status quo é informado da perda.

Localizado em Londres, o Museu Britânico descobriu-o em 1753 com uma coleção de 8 milhões de peças. No entanto, apenas 80 mil estão expostos. O resto está escondido da vista do público, e é aí que o ladrão pode ter descoberto falhas de segurança.

A polícia se apega ao raciocínio de que domínio limitado tem irregularidades, e é imaginável sair com pequenos objetos no bolso. Parece um guião de filme, mas a verdade é que os trabalhadores começaram a notar a falta de elementos seguros há anos.

É interessante notar que peças semelhantes às que negaram a imagem aparecem em sites de vendas desde 2016. A denúncia partiu de um especialista em antiguidades que viu um anúncio de um hereo romano e avisou a entidade há 3 anos.

Esse foi o gatilho, já que foi apresentada por pouco mais de R$ 200, a unidade histórica sequer foi vendida. Nada foi feito na época, mas uma investigação interna levou ao que podemos ler nos tabloides de hoje: o conservador Peter Higgs, que havia trabalhado na empresa. Há mais de 30 anos, ele foi demitido em julho e está sob investigação. Ele nega qualquer envolvimento no crime e se diz arrasado ao ver sua reputação manchada: seus colegas o viram chorar.

Em seguida, o diretor Fischer pediu para sair. O esquecimento de milhões de libras tem sido um golpe e piora a cada evento. A incompetência dos últimos anos resultou em uma perda antiga imensurável, já que a polícia acredita que as moedas de ouro possivelmente teriam derretido no mercado paralelo.

Os dados prejudicam a alma dos profissionais do setor, e o governo pede desculpas por esse momento constrangedor.

George Osborne, presidente do conselho de curadores do museu, agora corre para descobrir o que foi desviado. Segundo ele, algumas peças já voltaram ao acervo. “Um raio de esperança”, anunciou. A gestão trabalha com 3 prioridades: localizar equipamentos, localizar quem é responsável e melhorar a segurança.

O roubo no Museu Britânico ocorre em meio a um debate acalorado sobre a devolução das obras de arte ao seu país de origem. O deputado Bell Ribeiro-Addy não hesitou em se referir à lei de 1963 que proíbe o instituto de transferir ou promover espécimes de seu acervo, como mármore do Partenon e bronze do Benin. “Uma das razões insultuosas que eles deram foi que outros países – aos quais esses itens pertencem – não seriam capazes de lidar com eles ou provavelmente seriam roubados. Mas há outras pessoas aqui além de colocá-los no eBay”, disse ele.

Críticas à reputação desacreditada e comentários hostis de que a cultura imperialista prova seu próprio veneno envenenam o debate.

“O roubo desses itens é, no mínimo, irônico. Um componente inteligente do acervo do Museu Britânico é composto por obras que o Império Britânico saqueou de seus locais de origem, especialmente nos séculos XVIII e XIX”, diz Felipe Martínez. doutor em história da arte pela Unicamp. ” Um dos argumentos apresentados para devolver esses objetos é que o museu tem a capacidade de conservá-los e mantê-los seguros. É isso que este caso demonstra”, continua o professor da Casa do Saber.

Para as grandes instituições, o escândalo londrino é uma lição: “É útil perguntar se ainda é sensato expor uma colecção como se estivéssemos na era vitoriana, quando Londres era considerada metade do mundo. Em segundo lugar, os museus querem conhecer muito bem o seu património. Isso significa valorizar os profissionais de conservação, restauração, produção, educação, estudos e catalogação.

Ao chegar ao Brasil, a notícia do desaparecimento do ouro pelo museu gerou comentários nas redes sociais. Um deles diz que “não há novidade se a família extensa de Bolsonaro esteve lá”.

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