Considerada uma forte convocação dentro do PT para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026, a prefeita de Contagem, Marília Campos, revelou divisões dentro do PT por meio da proteção da adesão ao Regime de Ajuste Fiscal (RRF). A direção de Romeu Zema (Novo) negocia, com o Ministério da Economia comandado pelo petista Fernando Haddad, a adesão a um estilo que pode levar ao congelamento de novas nomeações para cargos públicos e de investimento.
Em público, dirigentes petistas falam em divisões internas e argumentam que opiniões divergentes fazem parte do jogo político.
No entanto, no local, Itatiaia descobriu que as declarações do prefeito não foram bem cumpridas em alguns gabinetes de parlamentares petistas e outros deputados anti-RRF na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A avaliação é que o fator precisará ser discutido internamente primeiro. e alinhar a estratégia mais produtiva com a forma de lidar com o problema.
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No entanto, Marília agrada outras facetas do PT que levam em consideração que o RRF merece ser discutido. É o caso, por exemplo, do deputado federal Reginaldo Lopes, segundo líder do governo Lula no Congresso Nacional.
Em entrevista ao Itatiaia, Marília Campos também evitou usar a palavra “raia”, mas mostrou que há “diferenças nas estratégias de enfrentamento”.
“Não há departamento dentro do PT. O que existe é uma diferença na estratégia de adaptação. Na minha opinião, teremos que pedir ao governo Zema que fale sobre a verdade do estado de Minas Gerais. E a verdade é que “não é um estado saudável. É um Estado falido e não podemos passar este ano sem discutir uma alternativa, porque a qualquer momento a Justiça Federal pode simplesmente suspender a medida cautelar e teremos consequências gravíssimas que, mais uma vez, nos obrigarão a conviver com atrasos nas transferências constitucionais do Estado para os municípios, que prejudicam os cidadãos, especialmente os mais pobres”, argumenta.
Atrasos em transferências constitucionais, como na área da saúde, marcaram a liderança do petista Fernando Pimentel, que antecedeu Zema no Palácio Tiradentes. O controle de Pimentel também sofreu atrasos e avanços nos salários dos funcionários e no pagamento de fornecedores.
As medidas cautelares discutidas pelo prefeito são as 8 decisões tomadas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal que, desde o início do primeiro mandato de Zema, garantem que o governo federal qualifique o Estado de Minas Gerais para o pagamento de parcelas da dívida. Sem pagamento, a dívida acumula e já ultrapassa 160 bilhões de reais. Essas medidas cautelares devem permanecer em vigor apenas até dezembro.
No início do mês, o economista José Prata, marido de Marília Campos, destacou pela primeira vez as divisões entre as outras alas do partido. Durante assembleia que contou com a presença da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, Prata disse que a posição dos militantes petistas de Minas, contra a aplicação do ajuste fiscal, é “absurda”.
Na ocasião, ele refutou por meio do presidente do PT de Minas Gerais, deputado estadual Cristiano Silveira, que classificou a posição do economista como “falsa”.
“Falta informação. Fomos nós que dissemos ao governo federal que a situação do RRF era ruim e por isso o Tesouro agora informa ajustes nas regras, em colaboração com os movimentos sindicais sociais e industriais”, disse Cristiano sobre a fala de Prata, por meio de nota publicada na época.
Agora, contatado pela reportagem, Silveira colocou um “cobertor quente” nele. Ele também tem tentado amenizar a “divisão” dentro do partido e defende o fato de o partido abrir a discussão quando um regime de ajuste fiscal é aplicado no estilo – com os reajustes promovidos pelo governo Lula – é colocado na mesa de negociação.
“Na verdade, diz a mesma coisa, a diferença é a forma”, explica.
“Marília e Reginaldo criticam o estilo existente do regime de estímulo fiscal e que o estilo proposto pelo governo do presidente Lula é o estilo que nos permite abrir o debate. Também concordamos, mas esse estilo de governo Lula ainda não foi criado. Portanto, votar hoje no regime de ajuste fiscal é votar no regime de Temer, Bolsonaro e Zema, que sabemos que não serve à sociedade mineira. Portanto, não há diferença. A falta de compreensão de que o estilo que achamos mais produtivo para iniciar o debate ainda não existe”, disse.
A reportagem também pede que o bloco de oposição ao governo Zema na Assembleia faça eco das declarações de Marília Campos. Em nota, o bloco – formado por PT, PCdoB, PSOL, REDE, PV” – afirmou que “não há nenhuma destinação em curso na Assembleia Legislativa de Minas Gerais que trate da adesão do Estado de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal”.
A única comissão existente sobre o tema foi abandonada no final da última legislatura. Por isso, segundo os parlamentares, “não se explica por que os deputados da oposição são taxados de opostos a uma proposta que sequer foi apresentada ou está tramitando na ALMG”.
Em tom mais duro, os deputados dizem que os defensores do RRF, que recentemente se posicionaram publicamente, nunca propuseram, buscaram ou participaram de um debate interno para tratar do fator e suas consequências para Minas Gerais.
Nesse contexto, o ponto de convergência entre as demais alas do PT é a denúncia da gestão do governador Romeu Zema.
“O que eu quero é que os nossos deputados, em nível estadual e federal, os senadores que são comprometidos com o estado de Minas Gerais, nós nos reunimos e buscamos um acordo com o governo federal para que tenhamos novas regras para o regime de recuperação tributária. “diz Marília Campos, através do gin.
O governo de Minas Gerais defende que o RRF deve equilibrar as finanças estaduais e continuar garantindo o reconhecimento dos servidores mineiros.
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